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Como fazer um bloqueio do nervo infraorbital, intraoral

PorPeter J. Heath, DDS, MD, American Board of Oral and Maxillofacial Surgery
Reviewed ByDavid F. Murchison, DDS, MMS, The University of Texas at Dallas
Revisado/Corrigido: jul. 2022 | modificado out. 2022
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Visão Educação para o paciente
Um bloqueio do nervo infraorbital anestesia a pálpebra inferior, bochecha superior, lateral do nariz e lábio superior do lado ipsilateral.

Indicações

  • Laceração ou outra lesão do terço médio da face tratada cirurgicamente

Utiliza-se bloqueio nervoso em vez de infiltração anestésica local quando a aproximação precisa das bordas da ferida é importante (p. ex., reparo da pele), porque um bloqueio nervoso não distorce o tecido da maneira como a infiltração local o faz.

Contraindicações

Contraindicações absolutas

  • Alergia a um agente anestésico ou veículo de entrega (em geral, é possível escolher um anestésico diferente)

  • Ausência dos marcos anatômicos necessários para orientar a inserção da agulha (p. ex., decorrente de trauma)

Contraindicações relativas

  • Infecção no trajeto da inserção da agulha: utilizar sedação procedimental ou outro método de anestesia.

  • Coagulopatia*: quando viável, corrigir antes do procedimento.

  • Gestação: evitar o tratamento no 1º trimestre se possível.

* Anticoagulação terapêutica (p. ex., para embolia pulmonar) aumenta o risco de sangramento com bloqueios nervosos, mas isso deve ser ponderado em relação ao maior risco de trombose (p. ex., acidente vascular encefálico) se a anticoagulação é revertida. Discutir qualquer reversão prevista com o médico responsável pela anticoagulação do paciente e então com o paciente.

Complicações

  • Reação alérgica ao anestésico

  • Toxicidade decorrente de superdosagem de anestésico (p. ex., convulsões, arritmias cardíacas)

  • Injeção intravascular de anestésico/adrenalina

  • Hematoma

  • Neuropatia

  • Disseminação da infecção, passando a agulha por uma área infectada

  • Punção incorreta do plexo venoso infraorbital ou do globo devido à inserção excessiva da agulha.

  • Falha na anestesia

  • Ruptura da agulha (rara)

A maioria das complicações resulta de inserção imprecisa da agulha.

Equipamento

  • Cadeira odontológica, cadeira reta com apoio de cabeça ou maca

  • Fonte de luz para iluminação intraoral

  • Luvas não estéreis

  • Máscara e óculos de segurança ou protetor facial

  • Compressas de gaze

  • Swabs estéreis

  • Espelho dental ou abaixador de língua

  • Sucção

Equipamento para fazer anestesia local:

  • Pomada para anestesia tópica* (p. ex., lidocaína a 5%, benzocaína a 20%)

  • Anestésico local injetável, como lidocaína a 2% com ou sem adrenalina† 1:100.000 ou, para anestesia de maior duração, bupivacaína a 0,5% com ou sem adrenalina† 1:200.000

  • Seringa de aspiração dentária (com corpo estreito e cartuchos de anestesia injetáveis personalizados) ou outra seringa de corpo estreito (p. ex., 3 mL) com eixo de travamento

  • Agulha de calibre 25 ou 27: 3 cm de comprimento para bloqueios de nervo

* ATENÇÃO: todas as preparações anestésicas tópicas são absorvidas das superfícies mucosas e pode ocorrer toxicidade quando os limites de dose são excedidos. Pomadas são mais fáceis de controlar do que líquidos e géis tópicos menos concentrados. Raramente, a benzocaína em excesso pode causar metemoglobinemia.

† Dose máxima dos anestésicos locais: lidocaína sem adrenalina, 5 mg/kg; lidocaína com adrenalina, 7 mg/kg; bupivacaína, 1,5 mg/kg. NOTA: solução a 1% (de qualquer substância) representa 10 mg/mL (1 g/100 mL). A adrenalina causa vasoconstrição, que prolonga o efeito anestésico. Pacientes com doença cardíaca devem receber somente quantidades limitadas de adrenalina (máximo de 3,5 mL de solução contendo adrenalina a 1:100.000); alternativamente, utilizar anestésico local sem adrenalina.

Considerações adicionais

  • Documentar quaisquer deficits de nervo preexistentes antes de fazer um bloqueio nervoso.

  • Pode-se utilizar uma abordagem intraoral ou extraoral ao forame infraorbital. A abordagem intraoral, preferida e discutida aqui, causa menos dor e pode fornecer maior duração da anestesia.

  • O bloqueio do nervo pode falhar se o anestésico não é aplicado suficientemente próximo do nervo.

  • Utilizar agulha nova a cada tentativa (a agulha anterior pode ter sido bloqueada por tecido ou sangue, o que obscureceria uma inserção intravascular inadvertida).

  • Considerar sedação ou um método alternativo de anestesia para pacientes que não conseguem cooperar com o procedimento.

  • Interromper o procedimento de bloqueio nervoso e encontrar um método diferente de anestesia se não tiver certeza de onde está a agulha ou se o paciente não é cooperativo.

Anatomia relevante

  • O nervo infraorbital é a terminação do nervo maxilar, que é o 2º ramo do nervo trigêmeo.

  • O nervo infraorbital emerge via forame infraorbital, localizado imediatamente abaixo da borda inferior da crista infraorbital e, por meio de vários ramos, inerva o terço médio da face, pálpebra inferior, lado do nariz e lábio superior ipsilaterais.

  • O forame infraorbital está diretamente abaixo da pupila quando o paciente olha para a frente e geralmente é palpável.

Posicionamento

  • Posicionar o paciente inclinado, com o occipúcio apoiado e o pescoço estendido a 30 graus, de modo que o local da injeção (prega mucobucal superior) permaneça acessível.

Descrição passo a passo do procedimento

  • Utilizar luvas não estéreis, máscara e óculos de segurança ou protetor facial.

  • Palpar externamente a crista infraorbital, para identificar o forame infraorbital.

  • Colocar e manter o dedo médio sobre o forame infraorbital.

  • Utilizando o dedo indicador e o polegar, segurar e retrair o lábio superior lateralmente.

  • Utilizar gaze para secar minuciosamente a prega mucobucal adjacente ao 2º dente pré-molar superior.

  • Aplicar anestésico tópico com aplicadores com ponta de algodão e esperar 2 a 3 minutos para que a anestesia tenha efeito.

Injetar o anestésico local

  • Instruir o paciente a abrir ligeiramente a boca e relaxar os músculos mandibulares e labiais.

  • Retrair o lábio superior lateralmente, para delinear a prega mucobucal.

  • Inserir a agulha na prega mucobucal acima do 2º dente pré-molar superior e avançar a agulha paralela ao eixo longo do dente em direção ao forame infraorbital.

  • Manter um ângulo de inserção superficial e avançar a agulha cefálica até que o dedo médio possa palpar a ponta da agulha sob a pele próximo ao forame (em geral, a uma profundidade de inserção de cerca de 2,5 cm).

    Um ângulo de inserção mais inclinado atingirá o osso antes de alcançar o forame.

    Um ângulo de inserção muito superficial aumenta o risco de inserir muito adiante e entrar na órbita.

  • Aspirar, para excluir inserção intravascular.

    Se a aspiração revelar inserção intravascular, remover a agulha 2 a 3 mm e aspirar novamente antes de injetar.

  • Injetar lentamente cerca de 2 a 3 mL de anestésico adjacente ao, mas não no, forame infraorbital.

  • Massagear a área externamente por cerca de 10 segundos para acelerar o início da anestesia.

Cuidados posteriores

  • Pedir que o paciente descanse, com a boca relaxada, enquanto espera o início da anestesia (5 a 10 minutos).

Alertas e erros comuns

  • Para minimizar o risco de quebrar a agulha, não curvá-la antes da inserção, não inserir a agulha em sua profundidade total (isto é, até o canhão) e instruir o paciente a permanecer imóvel, com a boca bem aberta e não deixar que ele segure sua mão.

Recomendações e sugestões

  • Técnicas de distração (p. ex., conversar com o paciente ou fazer com que ele segure a mão de outra pessoa) podem ajudar a reduzir a ansiedade do paciente.

  • Injetar a solução anestésica local lentamente (30 a 60 segundos) para reduzir a dor da injeção.

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