A coreia é caracterizada por movimentos involuntários aleatórios, fluidos e não suprimíveis, principalmente dos músculos distais e da face; os movimentos podem ser incorporados em ações aparentemente intencionais, o que acaba mascarando sua natureza involuntária. Atetose (coreia lenta) é o movimento não rítmico, lento, de contorção, predominantemente em músculos distais; em geral, alternado com posturas dos membros proximais. Hemibalismo é movimento unilateral rápido não rítmico, não suprimível descontroladamente arremessador do membro superior e/ou perna proximal; raramente, esse movimento ocorre bilateralmente (balismo). Hemibalismo pode ser considerado uma forma grave da coreia.
(Ver também Visão geral dos transtornos de movimento e cerebelares.)
Coreia e atetose resultam da inibição prejudicada dos neurônios talamocorticais pelos gânglios da base. O excesso de atividade dopaminérgica pode ser o mecanismo.
Os médicos devem procurar e tratar a causa da coreia sempre que possível.
A doença de Huntington é o distúrbio degenerativo mais comum que causa coreia. Na doença de Huntington, medicamentos que suprimem a atividade dopaminérgica, como antipsicóticos (p. ex., risperidona, olanzapina), e medicamentos depletores de dopamina [p. ex., deutetrabenazina, reserpina (não mais disponível nos Estados Unidos), tetrabenazina] podem ser utilizados para tratar a coreia. Antipsicóticos também podem ajudar diminuindo os sintomas neuropsiquiátricos comumente associados à doença de Huntington (p. ex., impulsividade, ansiedade, comportamento psicótico). Entretanto, a melhora pode ser limitada e transitória. Todos esses medicamentos podem ser criteriosamente utilizados para tratar coreias sem uma causa definível.
Outras causas da coreia são
Lúpus eritematoso sistêmico (LES) que afeta o SNC
Medicamentos e substâncias (p. ex., levodopa em pacientes com doença de Parkinson, fenitoína, cocaína, antidepressivos tricíclicos, contraceptivos orais)
Discinesia tardia (devido ao uso de antipsicóticos típicos e atípicos ou outros fármacos que bloqueiam os receptores de dopamina no encéfalo), que pode se manifestar como coreia ou distonia independente de outras síndromes tardias, como tiques, estereotipias (movimentos estereotípicos) e acatisia (inquietação motora)
Gestação
Coreia de Sydenham pode ocorrer na febre reumática e pode ser o primeiro sintoma da coreia. Um tumor ou infarto no estriado (caudado ou putamen) pode causar coreia unilateral aguda (hemicoreia) no lado oposto do corpo. A coreia de Sydenham e coreia decorrente de infarto do núcleo caudado geralmente diminuem com o tempo sem tratamento.
A coreia decorrente de hipertireoidismo ou outra causa metabólica (p. ex., hiperglicemia) geralmente diminui ao longo do tempo quando a função da tireoide ou o nível sérico de glicose volta ao normal. Se a coreia não desaparecer após várias semanas de controle metabólico, os médicos devem procurar outra causa, como um acidente vascular encefálico.
A coreia em pacientes > 60 anos não deve ser automaticamente considerada coreia senil, mas deve ser avaliada minuciosamente para identificar sua causa (p. ex., tóxica, metabólica, autoimune, paraneoplásica, induzida por fármacos).
Coreia gravídica é a coreia que ocorre durante a gestação. Embora a coreia gravídica tenha várias causas, ela frequentemente ocorre em gestantes que tiveram febre reumática. Costuma iniciar-se no 1º trimestre e tem resolução espontânea na ocasião no parto ou logo após. Deve-se tentar identificar a causa da coreia se isso tiver relevância clínica. Uma doença semelhante pode ocorrer em mulheres que utilizam anticoncepcionais orais.
O hemibalismo é causado por lesão, geralmente um infarto, no ou ao redor do núcleo subtalâmico contralateral. Apesar de incapacitante, o hemibalismo costuma ser autolimitado, com duração de 6 a 8 semanas. Se grave, pode ser tratado com um antipsicótico por 1 a 2 meses ou, se os antipsicóticos são forem ineficazes, com estimulação cerebral profunda.