A síndrome de polipose de MUTYH é uma doença autossômica recessiva rara responsável por < 1% dos casos de câncer colorretal. As manifestações são semelhantes a outras formas de pólipos ou câncer colorretal. O diagnóstico é feito por exame genético. Os pacientes devem fazer colonoscopia de vigilância e rastreamento de outros tipos de câncer, particularmente gastroduodenal, tireoide, bexiga, ovário e pele. O tratamento é feito por remoção endoscópica ou, algumas vezes, cirúrgica.
A polipose associada ao gene MUTYH é causada por mutações germinativas desse gene de reparo por excisão de base. As variantes mais comuns são Y179C e G396D (1). Os pacientes acometidos são homozigotos ou heterozigotos compostos. Cerca de 1% da população é portadora de uma das mutações (2).
Os pacientes atingidos geralmente apresentam inúmeros pólipos do colo entre 60 e 70 anos de idade, e mais da metade tem câncer colorretal. A doença está presente em 7% a 40% dos pacientes com > 10 adenomas (1).
Além do câncer de colo, as pessoas atingidas têm maior risco de adenomas gastroduodenais, osteomas, tumores desmoides, fenótipo Muir-Torre com tumores da glândula sebácea e hipertrofia congênita do epitélio pigmentar da retina (característica que também está presente nospacientes com polipose adenomatosa familiar). As pessoas acometidas também correm o risco de ter câncer de ovário, bexiga, tireoide e pele.
A síndrome de polipose de MUTYH causa sinais e sintomas semelhantes aos dos pólipos colorretais ou do câncer colorretal, e a avaliação e o tratamento dos tumores são os mesmos.
Referências gerais
1. Sieber OM, Lipton L, Crabtree M, et al: Multiple colorectal adenomas, classic adenomatous polyposis, and germ-line mutations in MYH. N Engl J Med 348:791–799, 2003. doi: 10.1056/NEJMoa025283
2. Cleary SP, Cotterchio M, Jenkins MA, et al: Germline MutY human homologue mutations and colorectal cancer: A multisite case-control study. Gastroenterology 136(4):1251-1260, 2009. doi: 10.1053/j.gastro.2008.12.050
Diagnóstico da síndrome de polipose de MUTYH
Exame genético
É necessário fazer testes genéticos para fechar o diagnóstico.
Testar o gene MUTYH do cônjuge de um paciente atingido pode ser eficaz em termos de custos; se o cônjuge for heterozigoto, seus filhos devem então fazer os testes genéticos dessa doença.
Rastreamento
Os pacientes atingidos devem fazer colonoscopia de vigilância a cada 1 a 2 anos a partir dos 25 a 30 anos. Devem fazer endoscopia digestiva alta a partir dos 30 aos 35 anos. A frequência desse teste depende da existência de pólipos gastroduodenais. Deve-se fazer biopsia dos pólipos de glândula fúndica para avaliar displasia.
Também recomenda-se o rastreamento anual da tireoide por exame físico e ultrassonografia. Costuma-se também monitorar os pacientes para câncer de ovário, bexiga e pele; mas não há consenso sobre a periodicidade.
Os portadores com um alelo fazem o rastreamento do câncer colorretal por colonoscopia a cada 5 anos a partir dos 40 anos (semelhante a alguém que tenha algum parente de primeiro grau com câncer colorretal).
Tratamento da síndrome de polipose de MUTYH
Remoção endoscópica
Ocasionalmente, ressecção cirúrgica
O tratamento endoscópico (p. ex., polipectomia, ressecção da mucosa) é o principal tratamento da síndrome da polipose de MUTYH.
Se houver câncer ou a quantidade de pólipos for muito grande, é necessária a ressecção cirúrgica. Colectomia parcial, subtotal ou total são as opções cirúrgicas, dependendo da extensão e do estado da doença.
Informações adicionais
O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.
American Gastroenterological Association: Guidelines for genetic testing and management of hereditary gastrointestinal cancer syndromes (2015)