O abscesso anorretal é um acúmulo localizado de pus nos espaços perirretais. Em geral, os abscessos têm origem em uma cripta anal. Os sintomas são dor e edema. O diagnóstico é feito por exame físico e TC ou RM para abscessos mais profundos. O tratamento é drenagem cirúrgica.
(Ver também Avaliação dos distúrbios anorretais.)
Um abscesso pode estar localizado nos vários espaços que circundam o reto e pode ser superficial ou profundo.
O abscesso perianal é superficial e emerge para a pele.
Um abscesso isquiorretal é mais profundo, estendendo-se ao longo do esfíncter até o espaço isquiorretal abaixo do levantador do ânus; pode penetrar no lado contralateral, formando um abscesso em “ferradura”. Abscessos acima do levantador do ânus (isto é, abscessos supralevantadores) são bastante profundos e podem se estender ao peritônio ou órgãos abdominais; esse abscesso frequentemente resulta de diverticulite ou doença inflamatória pélvica.
A doença de Crohn (especialmente do colo) às vezes causa abscesso anorretal.
A maioria dos abscessos anorretais consiste em infecções mistas, com predominância de Escherichia coli, Proteus vulgaris, Bacteroides, estreptococos e estafilococos.
Sinais e sintomas do abscesso anorretal
Os abscessos superficiais podem ser muito dolorosos; edema perianal, rubor e sensibilidade são característicos. Febre é rara.
Abscessos profundos podem ser menos dolorosos, mas causam sintomas tóxicos (p. ex., febre, calafrios, mal-estar). Pode não haver achados perianais, mas o toque retal pode revelar edema doloroso à palpação e com flutuaçã na parede do reto. Abscessos pelvirretais altos podem causar dor abdominal e febre sem sintomas retais. Às vezes, a febre é o único sintoma.
Diagnóstico de abscesso anorretal
Avaliação clínica
Às vezes, exame sob anestesia ou, raramente, TC
Pacientes que têm um abscesso que emerge para a pele, um exame de toque retal normal e ausência de sinais de doença sistêmica não necessitam de exames de imagem.
TC é útil quando há suspeita de abscesso profundo ou doença de Crohn. Abscessos mais altos (supralevantadores) exigem uma TC para determinar a fonte intra-abdominal da infecção. A RM pélvica e a ultrassonografia endoscópica são exames de imagem alternativos.
Pacientes com qualquer achado sugestivo de abscesso mais profundo ou doença de Crohn perianal complexa devem ser examinados sob anestesia no momento da drenagem.
Tratamento do abscesso anorretal
Incisão e drenagem
Antibióticos para pacientes de alto risco
(Ver também the American Society of Colon and Rectal Surgeons' 2016 clinical practice guideline for the management of anorectal abscess, fistula-in-ano, and rectovaginal fistula.)
São necessárias incisão imediata e drenagem adequada e não se deve aguardar até que o abscesso se torne visível. Muitos abscessos podem ser drenados como um procedimento ambulatorial; abscessos mais profundos podem exigir drenagem em um centro cirúrgico.
Pacientes febris, imunocomprometidos ou diabéticos e aqueles com celulite importante devem também receber antibióticos (p. ex., ciprofloxacino, 500 mg, IV a cada 12 horas ou metronidazol, 500 mg, IV a cada 8 horas, ampicilina/sulbactam, 1,5 g, IV a cada 8 horas).
Pacientes com neutropenia absoluta [< 1.000/mcL (1 × 109/L)] devem ser tratados apenas com antibióticos.
Os antibióticos não são indicados para indivíduos saudáveis com abscessos superficiais.
Fístulas anorretais podem surgir após a drenagem.
Pontos-chave
Abscessos anorretais podem ser superficiais ou profundos.
Abscessos superficiais podem ser diagnosticados clinicamente e drenados na clínica ou no pronto-socorro.
Abscessos profundos muitas vezes exigem exames de imagem com TC e normalmente devem ser drenados no centro cirúrgico.
Pacientes febris, imunocomprometidos ou diabéticos e aqueles com celulite extensa devem receber antibióticos.
Informações adicionais
O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.
American Society of Colon and Rectal Surgeons: Clinical practice guideline for the management of anorectal abscess, fistula-in-ano, and rectovaginal fistula (2016)