Ácido é secretado pelas células parietais nos dois terços proximais (corpo) do estômago. O ácido gástrico facilita a digestão criando um pH ideal para a pepsina e a lipase gástrica e estimulando a secreção de bicarbonato pelo pâncreas. A secreção ácida se inicia pela alimentação: pensar, cheirar ou saborear o alimento estimula uma via vagal, estimulando as células G localizadas no terço distal (antro) do estômago. A chegada de proteína ao estômago estimula mais ainda a liberação de gastrina. A gastrina circulante causa a liberação de histamina pelas células semelhantes a enterocromafim no corpo gástrico. A histamina estimula as células parietais por meio de receptores H2. As células parietais secretam ácido, o que causa queda do pH, estimulando células D antrais a liberarem somatostatina, a qual inibe a liberação de gastrina (feedback negativo).
A secreção ácida está presente desde o nascimento e atinge níveis de adulto (com base no peso) aos 2 anos de idade. Existe queda na produção de ácido clorídrico nos idosos com gastrite crônica, mas, exceto nesse casos, a acidez se mantém durante toda a vida.
Normalmente, a mucosa gastrointestinal é protegida por vários mecanismos distintos:
A produção de muco e HCO3 pela mucosa cria um gradiente de pH do lúmen gástrico (baixo pH) para a mucosa (pH neutro). O muco funciona como uma barreira contra a difusão de ácido e pepsina.
Células epiteliais removem o excesso de íons de hidrogênio (H+) via sistemas de transporte de membrana e têm junções apertadas, que impedem a difusão reversa dos íons de H+.
O fluxo sanguíneo na mucosa remove o excesso de ácido que se difundiu pela camada epitelial.
Vários fatores de crescimento (p. ex., fator de crescimento epidermoide, fator 1 de crescimento semelhante à insulina) e as prostaglandinas têm sido ligados à reparação da mucosa e à manutenção de sua integridade.
Fatores que interferem na defesa (em particular, AINEs e infecção por Helicobacter pylori) predispõem a gastrite e doença ulcerosa péptica.
AINEs promovem inflamação da mucosa e formação de úlcera (algumas vezes com sangramento gastrointestinal), tanto tópico como sistêmico. Inibindo a produção de prostaglandinas mediante bloqueio da enzima COX, os AINEs reduzem o fluxo sanguíneo gástrico, a secreção de muco e HCO3 e a reparação e replicação celular. Além disso, pelo fato dos AINEs serem ácidos fracos e não ionizados no pH gástrico, podem se difundir livremente pela barreira mucosa para dentro das células epiteliais do estômago, onde os íons H+ são liberados, causando dano celular. Como a produção das prostaglandinas gástricas envolve COX1 isoforme, AINEs seletivos que são inibidores de COX2 têm menos efeitos adversos gástricos do que outros AINEs.