Psoríase

PorShinjita Das, MD MPH, Massachusetts General Hospital
Revisado/Corrigido: set. 2023
Visão Educação para o paciente

É uma doença inflamatória cuja manifestação mais comum são as pápulas ou placas eritematosas bem delimitadas, recobertas por escamas prateadas. Vários fatores contribuem, incluindo a genética. Provocadores comuns incluem trauma, infecção e certos medicamentos. Os sintomas geralmente são mínimos, mas pode ocorrer prurido leve a grave. Implicações estéticas podem ser importantes. Algumas pessoas também desenvolvem artrite psoriásica. O diagnóstico é realizado pela aparência clínica e distribuição das lesões. O tratamento pode ser com terapias tópicas (p. ex., corticosteroides, análogos da vitamina D3, inibidores da calcineurina, tazaroteno, roflumilaste, tapinarof, emolientes, ácido salicílico, alcatrão de carvão, antralina), fototerapia e, em casos graves, medicamentos sistêmicos (p. ex., metotrexato, retinoides orais, ciclosporina, outros imunossupressores [biológicos ou pequenas moléculas]).

Psoríase é a hiperproliferação dos queratinócitos epidérmicos, combinada com inflamação da epiderme e derme.

As estimativas da prevalência da psoríase variam amplamente entre as diferentes populações; é provável que a psoríase seja subnotificada entre pessoas com pele escura em comparação com aqueles de pele clara (1). Um estudo relatou taxas que variam de 0 a 1,4% em crianças e 0,5 a 11,4% em adultos (2). O pico de início é bimodal, mais frequente entre 16 e 22 anos e entre 57 e 60 anos, mas a doença pode ocorrer em qualquer idade.

Referências

  1. 1. Kaufman BP, Alexis AF: Psoriasis in Skin of Color: Insights into the Epidemiology, Clinical Presentation, Genetics, Quality-of-Life Impact, and Treatment of Psoriasis in Non-White Racial/Ethnic Groups. Am J Clin Dermatol 19(3):405-423, 2018. doi: 10.1007/s40257-017-0332-7

  2. 2. Michalek IM, Loring B, John SM: A systematic review of worldwide epidemiology of psoriasis. J Eur Acad Dermatol Venereol 31(2):205–212, 2017. doi: 10.1111/jdv.13854

Etiologia da psoríase

A causa da psoríase é desconhecida, mas envolve imunoestimulação dos queratinócitos da epiderme, tendo as células T importância central no processo. A história familiar é comum, e determinados genes e antígenos leucocitários humanos (Cw6, B13, B17) estão associados à psoríase. Análise da ligação por todo o genoma identificou inúmeros locais de susceptibilidade à psoríase; o local do PSORS1 no cromossomo 6p21 desempenha o papel mais importante para determinar a suscetibilidade de um paciente ao desenvolvimento de psoríase. Considera-se que fatores ambientais provocam uma resposta inflamatória e subsequente hiperproliferação dos queratinócitos (1).

Os fatores desencadeantes bem identificados são

  • Trauma (fenômeno de Kobner)

  • Queimadura solar

  • Infecção pelo HIV

  • Infecção por estreptococo beta-hemolítico (levando à psoríase gutata)

  • Medicamentos (especialmente betabloqueadores, cloroquina, lítio, indometacina, inibidores da enzima conversora da angiotensina, terbinafina e alfainterferona)

  • Estresse emocional

  • Consumo de álcool

  • Tabagismo

  • Obesidade

Referência sobre etiologia

  1. 1. Zhou X, Chen Y, Cui L, et al: Advances in the pathogenesis of psoriasis: From keratinocyte perspective. Cell Death Dis 13(1):81, 2022. doi: 10.1038/s41419-022-04523-3

Sinais e sintomas da psoríase

As lesões são assintomáticas ou pruriginosas e, com mais frequência, localizadas no couro cabeludo, nas superfícies extensoras dos cotovelos e joelhos, na região sacral, nos glúteos (comumente no suco glúteo) e nos genitais. Também acometem as unhas, sobrancelhas, axilas, umbigo e/ou região perineal.

As placas podem parecer violáceas em pacientes com pele escura, e rosa ou vermelha em pacientes com pele clara, mas características-chave como descamação e a distribuição das placas (p. ex., região extensora dos cotovelos, tronco, pernas e área periumbilical) são consistentes entre os diferentes tons de pele.

Pode ser disseminada, acometendo áreas confluentes de pele, estendendo-se entre essas regiões.

A aparência das lesões difere, dependendo do tipo.

Manifestações da psoríase
Placa de psoríase
Placa de psoríase

A psoríase costuma se manifestar como placas recobertas de escamas espessas, prateadas e brilhantes. Placas de psoríase são lesões elevadas e palpáveis com diâmetro > 10 mm.

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Foto fornecida por Thomas Habif, MD.

Psoríase (placas)
Psoríase (placas)

Essa imagem mostra placas psoriáticas. As placas podem parecer violáceas em pacientes com tons de pele mais escuros, mas características-chave como descamação e a distribuição das placas (p. ex., região extensora dos cotovelos, tronco, pernas e área periumbilical) são consistentes entre os diferentes tons de pele.

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Imagem cedida por cortesia de Karen McKoy, MD.

Psoríase (cotovelos)
Psoríase (cotovelos)

Esta foto mostra placas eritematosas cobertas com escamas branco-prateadas na superfície extensora dos cotovelos. Essa aparência é típica da psoríase em placas.

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SCIENCE PHOTO LIBRARY

Psoríase (dedos)
Psoríase (dedos)

Esta foto mostra manchas de pele escamosa, eritematosa e espessa, e unhas descoloridas e quebradiças.

DR. HAROUT TANIELIAN/SCIENCE PHOTO LIBRARY

Psoríase (couro cabeludo)
Psoríase (couro cabeludo)

Esta foto mostra pele avermelhada, escamosa e espessada no couro cabeludo de um paciente com psoríase.

DR P. MARAZZI/SCIENCE PHOTO LIBRARY

Psoríase ungueal com corrosão e pigmentação
Psoríase ungueal com corrosão e pigmentação

Esta foto mostra depressões irregulares e áreas de pigmentação marrom-amarelada (manchas de óleo) em um paciente com psoríase.

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© Springer Science+Business Media

Psoríase ungueal com espessamento e descamação da placa ungueal
Psoríase ungueal com espessamento e descamação da placa ungueal

A foto à esquerda mostra espessamento e onicólise da unha do hálux. Onicose puntuada e onicólise são visíveis na mão (à direita), sugerindo psoríase ungueal como diagnóstico.

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Psoríase pustulosa (Pés)
Psoríase pustulosa (Pés)

Essa imagem mostra pústulas disseminadas nas plantas dos pés de um paciente com psoríase pustulosa eritrodérmica.

Imagem cedida por cortesia de Karen McKoy, MD.

Acrodermatite contínua de Hallopeau
Acrodermatite contínua de Hallopeau

Esta foto mostra lesões pustulares na ponta de um dígito em um paciente com acrodermatite contínua de Hallopeau (uma forma localizada de psoríase pustulosa).

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Psoríase invertida
Psoríase invertida

Na psoríase invertida, manchas eritematosas brilhantes (às vezes sem escamas) se formamnas áreas intertriginosas como a prega inframamária.

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Psoríase gutata
Psoríase gutata

Esta foto mostra múltiplas placas no tronco de um homem de 22 anos com psoríase gutata.

DR P. MARAZZI/SCIENCE PHOTO LIBRARY

Psoríase eritrodérmica
Psoríase eritrodérmica

Esta foto mostra exantema eritematoso difuso no tronco de um paciente com psoríase eritrodérmica.

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Psoríase palmoplantar (palmas das mãos)
Psoríase palmoplantar (palmas das mãos)

Esta foto mostra placas esparsas hiperceratóticas na palma da mão de um paciente com psoríase palmoplantar.

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Psoríase palmoplantar (sola)
Psoríase palmoplantar (sola)

Esta foto mostra placas hiperceratóticas discretas na planta do pé de um paciente com psoríase palmoplantar.

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Pustulose palmoplantar
Pustulose palmoplantar

Esta foto mostra máculas e pústulas eritematosas no pé de um paciente com psoríase pustular.

Imagem cedida por cortesia de Karen McKoy, MD.

Entre os diversos subtipos de psoríase (ver tabela Subtipos de osoríase), psoríase em placas (psoríase vulgar ou psoríase crônica em placas) é responsável por 90% dos casos; as lesões são pápulas eritematosas discretas, ou placas recobertas por escamas espessas, prateadas e brilhantes. As lesões surgem gradualmente, regredindo e recidivando de forma espontânea e dependente dos fatores desencadeantes.

A artrite se desenvolve em 5 a 30% dos pacientes e pode ser incapacitante (artrite psoriática); finalmente pode ocorrer a destruição da articulação.

A psoríase raramente ameaça a vida, mas afeta a imagem do paciente. Além da aparência do paciente, o tratamento das lesões extensas na pele e couro cabeludo demanda tempo, e a preocupação com as roupas normais e de cama pode afetar a qualidade de vida.

Tabela
Tabela

Diagnóstico da psoríase

  • Avaliação clínica

  • Raramente biópsia

O diagnóstico da psoríase geralmente é feito pelo aspecto clínico e distribuição das lesões.

O diagnóstico diferencial inclui

Biópsia raramente é necessária e pode não ser diagnóstica; entretanto, pode-se considerá-la nos casos em que os achados clínicos não são clássicos.

A doença é classificada como leve, moderada ou grave, tendo por base a superfície corporal afetada e o efeito das lesões na qualidade de vida do paciente. Para ser considerada leve, geralmente < 10% da superfície da pele deve estar envolvida. Há vários outros sistemas complexos de classificação para a gravidade da doença (p. ex., Psoriasis Area and Severity Index PASI]), mas esses sistemas são principalmente úteis em protocolos de pesquisa.

Tratamento da psoríase

  • Tratamentos tópicos

  • Fototerapia pela luz ultravioleta

  • Terapias sistêmicas

Há inúmeras opções de tratamento que vão de tratamentos tópicos (p. ex., corticoides, análogos de vitamina D3, inibidores de calcineurina, tazaroteno, roflumilaste, tapinarof, emolientes, ácido salicílico, alcatrão de carvão, antralina), passando por fototerapia UV e até tratamentos sistêmicos (p. ex., metotrexato, retinoides orais, ciclosporina, produtos biológicos, pequenas moléculas).

Tratamentos tópicos

Corticoides são normalmente utilizados de forma tópica, mas podem ser injetados em lesões pequenas ou recalcitrantes. (ATENÇÃO: corticoides sistêmicos podem desencadear exacerbações ou desenvolvimento de psoríase pustulosa e não devem ser utilizados para tratar psoríase.) Deve-se utilizar corticoides tópicos duas vezes ao dia. Os corticoides são mais eficazes quando utilizados à noite em coberturas oclusivas com polietileno ou incorporados a uma fita adesiva; em creme são utilizados sem oclusão durante o dia. A potência do corticoide é selecionada de acordo com a extensão da doença.

Quando há melhora, devem ser aplicados com menos frequência ou de menor potência, para minimizar a atrofia local, a formação de estrias e as telangiectasias. Idealmente, após 2 a 3 semanas, hidratante, análogo da vitamina D3 ou inibidor da calcineurina deve ser substituído pelo corticoide por 1 a 2 semanas (como um intervalo de descanso); essa substituição limita a dosagem de corticoide, reduz o risco de efeitos adversos do corticoide tópico (p. ex., atrofia da pele, telangiectasias, hematoma fácil e estrias) e previne a taquifilaxia (diminuição da resposta a um agente depois de dosagem sucessiva). O uso de corticoides tópicos é dispendioso, pois uma grande quantidade (cerca de 30 g) é necessária para cobrir o corpo todo. Aplicados por longo período em grandes áreas do corpo, podem causar efeitos sistêmicos e exacerbar a psoríase. Em pequenas lesões espessas, localizadas ou recalcitrantes, corticoides de alta potência são utilizados com curativos oclusivos ou flurandrenolida em fita adesiva, permanecendo durante a noite e trocados de manhã, são eficazes. A recidiva após suspensão da terapia com corticoide tópico é geralmente mais rápida do que com outros agentes.

Os análogos da vitamina D3 (p. ex., calcipotriol [calcipotriene], calcitriol) são medicamentos tópicos que induzem a proliferação e diferenciação de queratinócitos normais; eles podem ser utilizados isoladamente ou em combinação com corticoides tópicos. Alguns dermatologistas recomendam aplicar calcipotriol durante a semana e corticoides no fim de semana.

Inibidores da calcineurina (p. ex., tacrolimo e pimecrolimo) disponíveis na apresentação tópica e são geralmente bem tolerados. Não são tão efetivos como os corticoides, mas podem evitar as complicações destes ao tratar lesões localizadas na face e áreas intertriginosas. Não está claro se eles aumentam o risco de linfoma e câncer de pele.

O tazaroteno é um retinoide tópico. É menos efetivo que os corticoides como monoterapia, mas é útil como adjuvante devido ao seu efeito queratolítico. Em geral, é utilizado em placas de psoríase mais espessas que podem aparecer no tronco e nas extremidades, mas também pode ser utilizado na face.

O roflumilaste é um inibidor tópico da fosfodiesterase-4 (PDE-4). É particularmente útil como tratamento poupador de corticoides para áreas faciais e intertriginosas (p. ex., região glútea, região inguinal, axila).

Tapinarof é um agonista do receptor de hidrocarboneto de arila (AhR) tópico. Também é útil como terapia poupadora de corticoides em áreas faciais e intertriginosas.

Outros tratamentos tópicos adjuvantes incluem emolientes, ácido salicílico, coaltar e antralina:

  • Os emolientes incluem cremes, pomadas, vaselina, parafina e até óleos vegetais hidrogenados (óleos de cozinha). Reduzem a descamação e são mais eficazes quando aplicados duas vezes ao dia e imediatamente após o banho. As lesões podem parecer avermelhadas quando a descamação diminui ou se tornam mais transparentes. Os emolientes são seguros e geralmente devem ser utilizados como adjuvantes para psoríase em placas leve a moderada.

  • Ácido salicílico é um queratolítico que amolece as escamas, facilita sua remoção e aumenta a absorção de outros agentes tópicos. É especialmente indicado no tratamento do couro cabeludo, pois nessa região as escamas são mais espessas.

  • Pomadas, soluções ou preparações de coaltar são anti-inflamatórios e diminuem a hiperproliferação de queratinócitos por um mecanismo desconhecido. Pomadas ou soluções são tipicamente aplicadas à noite e removidos pela manhã. Produtos de coaltar podem se utilizados em combinação com corticoides tópicos ou com exposição à luz UVB natural ou artificial de espectro amplo (280 a 320 nm) em incrementos lentamente progressivos (regime de Goeckerman). Xampus devem ser deixados agir por 5 a 10 minutos e em seguida enxaguados.

  • A antralina é um agente antiproliferativo e anti-inflamatório tópico. Seu mecanismo de ação é desconhecido. A dose eficaz é creme ou pomada a 0,1%, aumentando para 1%, dependendo da tolerância. A antralina é irritante e deve ser utilizada com cautela em áreas intertriginosas; ela também causa manchas. Para evitar irritação ou tingimento, deve-se remover a antralina após 20 a 30 minutos da aplicação. Evita-se qualquer desvantagem da antralina utilizando-se uma preparação encapsulada com lipossomos.

Dada a disponibilidade e conveniência de outros agentes, o coaltar e a antralina são utilizados com menos frequência.

Fototerapia

A foterapia UV é utilizada em pacientes com psoríase extensa; contudo, seu uso está em declínio devido à disponibilidade de várias terapias sistêmicas eficazes. O mecanismo de ação é desconhecido, embora a UVB reduza a síntese do DNA e possa induzir discreta imunossupressão sistêmica. No psoraleno mais ultravioleta A (PUVA), o metoxipsoraleno oral, um fotossensibilizante, é seguido por exposição à luz UVA de onda longa (330 a 360 nm). O PUVA tem efeito antiproliferativo além de auxiliar na normalização da diferenciação do queratinócito. As doses da luz são baixas no início e aumentam conforme tolerado. Queimaduras graves podem ocorrer se a dose do medicamento ou de UVA for muito alta.

Embora o tratamento provoque menos sujeira que os tratamentos tópicos e possa produzir remissões que duram diversos meses, os tratamentos repetidos aumentam a incidência de câncer de pele e melanoma induzidos por UV. Utiliza-se menos UV quando em conjunto com retinoides orais (o chamado regime re-PUVA). Luz UVB de banda estreita (311 a 312 nm), que é utilizada sem psoralenos tem uma eficácia similar ao PUVA. Terapia com excimer laser é um tipo de fototerapia utilizando um laser de 308 nm direcionado para placas psoriáticas focais.

Terapias sistêmicas

O tratamento com metotrexato por via oral é eficaz nos casos de psoríase incapacitante grave, especialmente artrite psoriática grave, eritrodermia psoriática ou psoríase pustulosa disseminada não responsiva a agentes tópicos, fototerapia com UV (UVB de banda estreita) ou ao tratamento com PUVA. O metotrexato parece interferir na rápida proliferação das células epidérmicas. É necessário monitorar as funções hepáticas, renais e hematológicas. Os regimes de dosagens são variáveis, dessa forma somente médicos com experiência em seu manejo devem indicar a terapia com metotrexato.

Pode-se utilizar ciclosporina para psoríase grave. Deve ser limitada a tratamentos por alguns meses (raramente até 1 ano) e alternada com outros tratamentos. Seus efeitos a longo prazo nos rins e sistema imunitário limitam seu uso.

Micofenolato de mofetil pode ser uma alternativa para pacientes que não respondem ao metotrexato ou à ciclosporina ou aqueles que desenvolvem toxicidade pelos medicamentos acima.

Retinoides sistêmicos (p. ex., acitretina, isotretinoína) são eficazes em casos graves e recalcitrantes de psoríase vulgar, psoríase pustulosa (na qual a isotretinoína é preferida) e psoríase palmoplantar hiperqueratótica. Pelo potencial teratogênico e tempo prolongado em que a acitretina permanece no corpo, a mulher não pode engravidar e deve ser orientada para evitar a gestação nos e anos subsequentes ao término do tratamento. A restrição à gestação também se aplica à isotretinoína, mas o agente não permanece no corpo além de 1 mês. O tratamento por longo período pode causar hiperostose óssea idiopática difusa (HOID).

Várias classes de agentes biológicos (anticorpos monoclonais terapêuticos) mostraram eficácia no tratamento da psoríase em placas moderada a grave (1, 2):

  • Inibidores de TNF: etanercepte, adalimumabe, infliximabe e certolizumabe pegol (não atravessa a placenta)

  • Inibidores da interleucina (IL)-23: tildacizumabe, risancizumabe, guselkumabe e ustekinumabe (tem como alvo tanto a IL-12 como a IL-23)

  • Inibidores de IL-17: secuquinumabe, ixequizumabe e brodalumabe

O apremilast, um inibidor de PDE-4, é um medicamento oral de moléculas pequenas para a psoríase em placas; no entanto, os dados pós-comercialização sugerem que é menos eficaz do que os biológicos (3).

Deucravacitinibe é um agente oral de pequenas moléculas que inibe a tirosina quinase 2 (parte da família Janus quinase) e mostrou eficácia no tratamento da psoríase (4, 5). O tofacitinibe, um inibidor da Janus quinase que às vezes é utilizado para tratar a artrite psoriática, também parece ser eficaz para a psoríase limitada à pele (6); entretanto, são necessários mais estudos antes de sua utilização rotineira para essa indicação.

Spesolimabe é um inibidor da IL-36 que pode ser utilizado para tratar a psoríase pustular generalizada.

Medicamentos biossimilares estão sendo desenvolvidos e utilizados no lugar de vários anticorpos monoclonais terapêuticos à medida que suas patentes expiram (7). Esses medicamentos têm eficácia e toxicidade muito semelhantes aos produtos de referência; as pequenas diferenças nos componentes não são clinicamente significativas.

Outros imunossupressores (p. ex., hidroxiureia, 6-tioguanina) têm estreita margem de segurança e são reservados para psoríase grave e recalcitrante. Efalizumabe não mais está disponível nos Estados Unidos devido ao maior risco de leucoencefalopatia multifocal progressiva.

Escolha do tratamento

A escolha de agentes específicos e combinações requer estreita cooperação do paciente, sempre pensando nos efeitos inconvenientes dos tratamentos. Não há uma única combinação ideal ou sequência de agentes, mas o tratamento deverá ser o mais simples possível. A monoterapia é preferida, mas geralmente a terapia combinada é usual. O tratamento de primeira linha para psoríase é feito com corticoides e análogos da vitamina D3, ambos tópicos (em monoterapia ou associados).

A terapêutica rotatória se refere à substituição de um tipo de tratamento por outro após 1 a 2 anos, com finalidade de reduzir efeitos adversos pelo uso crônico e evitar a resistência da doença. A terapia sequencial refere-se à utilização inicial de agentes potentes (p. ex., ciclosporina) para ganhar controle rapidamente, seguidos pelo uso de agentes com melhor perfil de segurança. Imunossupressores alcançam mais frequentemente a depuração total ou quase total das lesões em relação ao metotrexato ou UVB de banda estreita.

A psoríase leve em placas pode ser tratada com emolientes, queratolíticos, alcatrão, corticoides tópicos, agentes tópicos poupadores de corticosteroides (p. ex., inibidores de calcineurina, inibidores de PDE-4, tapinarofe), análogos de vitamina D3, somente antralina ou combinados. Exposição moderada à luz solar é benéfica, mas queimaduras solares podem causar exacerbações.

A psoríase moderada a grave em placas é tratada com agentes tópicos, fototerapia ou fármacos sistêmicas. Agentes imunossupressores são utilizados em casos moderados ou graves que não respondem a outros tratamentos.

As placas do couro cabeludo são notoriamente difíceis de tratar devido à resistência ao tratamento sistêmico e porque os cabelos impedem a aplicação de agentes tópicos e a remoção de escamas, protegendo a pele em relação à luz UV. Uma suspensão de ácido salicílico a 10% em óleo mineral pode ser friccionada no couro cabeludo, à noite, manualmente ou com escova de dentes, recobrindo-se com uma touca de banho (para aumentar a penetração e evitar sujeira); pela manhã, recomenda-se uma boa lavagem com xampu de alcatrão ou outro tipo de xampu. Mais aceitáveis cosmeticamente são as soluções de corticoides, que podem ser aplicadas durante o dia. Esses tratamentos são contínuos até se obter o efeito desejado.

Nos casos de placas resistentes na pele ou no couro cabeludo, são indicadas infiltrações intralesionais de suspensão de acetonida de triancinolona diluída em soro fisiológico a 2,5 ou 5 mg/mL, dependendo do tamanho e da gravidade da lesão. Essas aplicações podem causar atrofia local da pele, que regride com o tempo.

Casos graves de psoríase do couro cabeludo podem precisar ser tratados com imunossupressores sistêmicos (p. ex., agentes biológicos, pequenas moléculas).

Tratamentos especiais para os subtipos da psoríase são descritos acima.

Na artrite psoriática, o tratamento sistêmico é importante para prevenir a destruição das articulações; metotrexato ou outros imunossupressores (p. ex., inibidores de TNF) podem ser eficazes.

(Ver também a diretriz clínica para psoríase da American Academy of Dermatology.)

Referências sobre tratamento

  1. 1. Sbidian E, Chaimani A, Garcia-Doval I, et al: Systemic pharmacological treatments for chronic plaque psoriasis: A network meta-analysis. Cochrane Database Syst Rev 12(12):CD011535, 2017. doi: 10.1002/14651858.CD011535.pub2

  2. 2. Armstrong AW, Read C: Pathophysiology, clinical presentation, and treatment of psoriasis: A review. JAMA 323(19):1945–1960, 2020. doi: 10.1001/jama.2020.4006

  3. 3. Armstrong AW, Puig L, Joshi A, et al: Comparison of Biologics and Oral Treatments for Plaque Psoriasis: A Meta-analysis. JAMA Dermatol 156(3):258–269, 2020. doi: 10.1001/jamadermatol.2019.4029

  4. 4. Armstrong AW, Gooderham M, Warren RB, et al: Deucravacitinib versus placebo and apremilast in moderate to severe plaque psoriasis: Efficacy and safety results from the 52-week, randomized, double-blinded, placebo-controlled phase 3 POETYK PSO-1 trial. J Am Acad Dermatol 88(1):29–39, 2023. doi: 10.1016/j.jaad.2022.07.002

  5. 5. Strober B, Thaçi D, Sofen H, et al: Deucravacitinib versus placebo and apremilast in moderate to severe plaque psoriasis: Efficacy and safety results from the 52-week, randomized, double-blinded, phase 3 Program fOr Evaluation of TYK2 inhibitor psoriasis second trial. J Am Acad Dermatol 88(1):40–51, 2023. doi: 10.1016/j.jaad.2022.08.061

  6. 6. Bachelez H, van de Kerkhof PC, Strohal R, et al: Tofacitinib versus etanercept or placebo in moderate-to-severe chronic plaque psoriasis: A phase 3 randomised non-inferiority trial. Lancet 386(9993):552-561, 2015. doi: 10.1016/S0140-6736(14)62113-9

  7. 7. Ruda RC, Kelly KA, Feldman SR: Real-world outcomes following switching from anti-TNF reference products to biosimilars for the treatment of psoriasis. J Dermatolog Treat 34(1):2140569, 2023. doi: 10.1080/09546634.2022.2140569

Pontos-chave

  • A psoríase é uma doença inflamatória comum que afeta a pele e tem um componente genético e vários gatilhos (p. ex., trauma, infecção, certos medicamentos).

  • Os achados cutâneos mais comuns geralmente são pápulas e placas eritematosas bem circunscritas e cobertas por escamas prateadas na psoríase em placas, mas as lesões diferem entre os outros subtipos menos comuns de psoríase.

  • A artrite psoríatica se desenvolve em 5 a 30% dos pacientes e pode causar destruição das articulações e ser incapacitante.

  • Diagnóstico com base na aparência e distribuição das lesões.

  • Considere utilizar tratamentos tópicos (p. ex., emolientes, ácido salicílico, preparações de coaltar, antralina, corticoides, análogos da vitamina D3, inibidores da calcineurina, PDE-4 inibidores, tapinarof, tazaroteno), particularmente para a doença leve.

  • Na psoríase moderada a grave, considerar tratamentos sistêmicos como retinoides, metotrexato, ciclosporina, agentes biológicos (p. ex., inibidores de TNF) e pequenas moléculas (p. ex., deucravacitinibe).

  • A fototerapia ultravioleta (UV) pode ser uma alternativa para pacientes que resistem à imunossupressão sistêmica.

Informações adicionais

Os recursos em inglês a seguir podem ser úteis. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo desses recursos.

  1. Psoriasis Area and Severity Index (PASI): An online calculator to determine a patient's PASI score

  2. American Academy of Dermatology: Psoriasis Clinical Guidelines: Joint guidelines from the American Academy of Dermatology and the National Psoriasis Foundation

  3. National Psoriasis Foundation: A resource providing information about treatments and community support

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