Coqueluche

(Coqueluche)

PorLarry M. Bush, MD, FACP, Charles E. Schmidt College of Medicine, Florida Atlantic University
Revisado/Corrigido: jun. 2024
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A coqueluche é uma infecção altamente contagiosa causada pela bactéria Gram-negativa Bordetella pertussis que resulta em ataques de tosse que, em geral, terminam em uma inspiração prolongada, aguda e profunda (o chiado).

  • A coqueluche geralmente afeta crianças e adolescentes.

  • Sintomas brandos semelhantes aos do resfriado são seguidos por intensas crises de tosse e recuperação gradual.

  • O diagnóstico se baseia na tosse característica da coqueluche e no exame do muco do nariz e da garganta.

  • Crianças muito doentes são hospitalizadas e recebem antibióticos para eliminar a infecção.

  • A maioria das crianças com coqueluche se recupera lenta, mas completamente.

  • Vacinação pode ajudar a prevenir essa infecção.

(Consulte também Considerações gerais sobre bactérias).

A coqueluche, outrora descontrolada nos Estados Unidos, agora está mais bem controlada, mas não foi erradicada. Em 2022, houve 2.388 casos de coqueluche e três mortes. Epidemias locais entre pessoas não imunizadas ocorrem a cada três a cinco anos.

A coqueluche continua a ser um problema importante em áreas do mundo onde a cobertura vacinal é baixa.

A coqueluche está se tornando mais comum, mesmo que possa ser prevenida por uma vacina. Este aumento pode resultar de

Antes do uso disseminado das vacinas, a coqueluche era uma doença de crianças pequenas. Atualmente, ela pode acometer pessoas de qualquer idade. Mais da metade dos casos ocorre em pessoas com mais de 20 anos de idade. Entretanto, a coqueluche é mais séria em crianças com menos de 2 anos, e quase todas as mortes ocorrem em crianças com menos de 1 ano. A maioria das mortes é causada por pneumonia e complicações que afetam o cérebro. A coqueluche também é séria em idosos.

Uma infecção de coqueluche nem sempre proporciona imunidade plena por toda a vida, mas uma segunda infecção, caso ocorra, é geralmente leve e nem sempre é reconhecida como coqueluche. De fato, alguns adultos com “pneumonia ambulante” na verdade estão com coqueluche.

Uma pessoa infectada dissemina bactérias de coqueluche no ar em gotículas produzidas na tosse. Qualquer pessoa ao redor pode inalar essas gotículas e se infectar. A coqueluche em geral não é contagiosa após a terceira semana de infecção.

Sintomas de coqueluche

A doença começa cerca de 7 a 10 dias após a exposição. Se não surgirem complicações, a coqueluche persiste por aproximadamente 6 a 10 semanas, avançando por três estágios:

  • Sintomas leves semelhantes aos do resfriado

  • Intensos ataques de tosse

  • Recuperação gradual

Os sintomas semelhantes aos do resfriado incluem espirros, corrimento nasal, perda de apetite, apatia, tosse seca à noite e uma sensação geral de indisposição (mal-estar). As pessoas podem ficar roucas, mas raramente têm febre.

As crises de tosse se desenvolvem após dez ou catorze dias. Essas crises normalmente consistem em cinco ou mais tosses intensas consecutivas, frequentemente seguidas pelo chiado (uma inspiração comprida, profunda e de tom agudo). Apenas metade das pessoas com coqueluche apresentam o chiado típico. Crianças vacinadas têm uma probabilidade menor de apresentar o chiado. Após um ataque, a respiração fica normal, mas outro ataque de tosse se segue logo depois.

A tosse com frequência produz grandes quantidades de muco espesso (em geral engolido pelos bebês e crianças ou visto como grandes bolhas no nariz).

Em crianças menores, o vômito com frequência segue um longo ataque de tosse. Nos bebês, ataques de sufocação e pausas na respiração (apneia), que possivelmente fazem a pele ficar azul, podem ser mais comuns do que os chiados.

Cerca de um quarto das crianças desenvolve pneumonia, o que resulta em dificuldade para respirar. Infecções de ouvido (otite média) também se desenvolvem com frequência. Em casos raros, a coqueluche afeta o cérebro dos bebês. Sangramento, inchaço e/ou inflamação do cérebro podem causar convulsões, confusão, danos cerebrais e incapacidade intelectual. As convulsões são comuns em bebês, mas são raras em crianças mais velhas.

Após cerca de quatro semanas, as crises de tosse diminuem gradualmente, mas por muitas semanas ou até meses as crianças podem continuar a apresentar crises de tosse.

A maioria das crianças com coqueluche se recupera completamente, ainda que de maneira lenta. Mas a infecção é fatal em algumas crianças com menos de um ano de idade.

Diagnóstico de coqueluche

  • Cultura de uma amostra de muco

  • Às vezes, outros testes em uma amostra de muco

Os médicos suspeitam de coqueluche devido à tosse com o chiado típico ou outros sintomas, como vomitar depois de tossir. Eles confirmam o diagnóstico cultivando uma amostra de muco do interior do nariz ou da garganta. Em pessoas com coqueluche, os resultados da cultura são geralmente positivos durante as primeiras duas etapas da doença, mas muitas vezes negativos depois de várias semanas de doença. Os resultados das culturas podem demorar até sete dias.

O teste de reação em cadeia da polimerase (PCR), realizado em amostras do nariz ou da garganta, constitui-se no teste mais útil. Ele aumenta a quantidade de DNA das bactérias para que estas possam ser detectadas mais rapidamente e identificadas mais facilmente.

Tratamento da coqueluche

  • Para bebês seriamente enfermos, hospitalização e isolamento

  • Antibióticos

Bebês seriamente enfermos são geralmente hospitalizados porque sua respiração pode se tornar tão difícil que eles precisam de ventilação mecânica através de um tubo colocado na traqueia. Em alguns pode ser necessário fazer a sucção do muco de sua garganta. Outros podem precisar de oxigênio extra e líquidos administrados por via intravenosa. Bebês seriamente enfermos são geralmente mantidos em isolamento (para evitar que outras pessoas sejam expostas a gotículas infectadas no ar – chamado isolamento respiratório) até que os antibióticos tenham sido administrados por cinco dias. Uma vez que qualquer distúrbio pode desencadear um ataque de tosse, esses bebês são mantidos em um quarto escurecido, tranquilo, e perturbados o mínimo possível.

Crianças mais velhas com uma forma leve da doença são tratadas com antibióticos em casa. As crianças tratadas em casa devem ser isoladas durante pelo menos quatro semanas depois que os sintomas começaram até que eles cessem.

Medicamentos para tosse não devem ser usados. Eles não oferecem nenhum benefício importante e podem causar efeitos colaterais problemáticos.

Os antibióticos tomados por via oral, como eritromicina e azitromicina, são mais úteis quando administrados durante a primeira fase da doença. No entanto, a coqueluche muitas vezes começa com sintomas semelhantes aos de outras infecções virais, de modo que o diagnóstico geralmente não é feito até as fases posteriores.

Antibióticos também são usados para tratar infecções que acompanham a coqueluche, como pneumonia e infecções do ouvido.

Prevenção da coqueluche

Vacinação

Todos os bebês, crianças, adolescentes e adultos, incluindo gestantes, devem receber a vacina contra coqueluche.

Consulte Vacina contra difteria-tétano-coqueluche para crianças com menos de 7 anos de idade e Vacina contra difteria-tétano para pessoas com mais de 7 anos de idade.

A imunidade da vacina tende a diminuir 5 a 10 anos após a última dose ser administrada; portanto, uma dose de reforço de Tdap (tétano-difteria-coqueluche) é recomendada aos 11 a 12 anos de idade (consulte Vacina contra difteria-tétano-coqueluche).

Após exposição à coqueluche

Certos grupos de pessoas, independentemente de terem sido vacinadas ou não, recebem antibióticos após terem sido expostas a uma pessoa com coqueluche. Esses antibióticos (chamados antibióticos pós‑exposição) são administrados a contatos domésticos (pessoas que vivem na mesma unidade habitacional) de uma pessoa que tem coqueluche, no prazo de 21 dias após a pessoa com coqueluche ter desenvolvido tosse pela primeira vez.

Antibióticos pós‑exposição também são administrados a determinadas pessoas com alto risco de apresentar infecção grave em até 21 dias após a exposição a uma pessoa com coqueluche:

  • Bebês com menos de 12 meses de idade

  • Pessoas no terceiro trimestre de gravidez

  • Todas as pessoas em estado de saúde que possa ser agravado por coqueluche (como asma moderada a grave, doença pulmonar crônica ou distúrbios que debilitem o sistema imunológico).

  • Pessoas em contato próximo com bebês de menos de 12 meses de idade, gestantes ou pessoas com quadros que possam resultar em doença grave ou complicações se contraírem a infecção.

  • Todas as pessoas em ambientes onde tenham contato com bebês com menos de 12 meses de idade ou mulheres no terceiro trimestre de gestação (como ocorre em creches, alas de maternidades e unidades de tratamento intensivo neonatal)

O antibiótico eritromicina (ou, às vezes, claritromicina ou azitromicina) é administrado como medida preventiva. Para bebês com menos de 1 mês de idade, é preferível administrar azitromicina.

Mais informações

Os seguintes recursos em inglês podem ser úteis. Vale ressaltar que O MANUAL não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

  1. Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC): Coqueluche : Um recurso que fornece informações sobre coqueluche, incluindo surtos e vacinação

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