Distúrbios da glândula salivar

PorAlan G. Cheng, MD, Stanford University
Revisado/Corrigido: fev. 2024
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As glândulas salivares produzem saliva, que umedece os alimentos para torná-los mais fáceis de engolir e contém enzimas (proteínas) que ajudam a decompor os alimentos para facilitar a digestão.

  • As glândulas salivares podem funcionar mal, serem infectadas ou bloqueadas por cálculos que se formam em seus dutos.

  • Glândulas salivares com mal funcionamento produzem menos saliva, causando boca seca e cáries dentárias.

  • As glândulas salivares infectadas ou bloqueadas causam dor.

  • O fluxo de saliva pode ser medido ou os médicos podem fazer biópsia do tecido da glândula salivar.

  • Algumas vezes, bloqueios de ductos vindo de glândulas salivares podem ser removidos, mas algumas pessoas precisam usar substitutos da saliva.

(Ver também Boca seca.)

Existem três pares principais de glândulas salivares na boca:

  • As glândulas parótidas, o maior par de glândulas salivares, ficam logo atrás da mandíbula, abaixo e à frente dos ouvidos.

  • As glândulas sublinguais ficam sob a lateral da língua

  • As glândulas submandibulares ficam sob a lateral da mandíbula

Além dessas glândulas principais, há muitas glândulas salivares pequenas distribuídas por toda a boca. Todas as glândulas produzem saliva, ajudando a decompor os alimentos, como parte do processo digestivo.

Localizando as glândulas salivares principais

Vários tipos de desordem afetam as glândulas salivares:

  • Disfunção da glândula salivar

  • Cálculos nas glândulas salivares

  • Infecção das glândulas salivares

  • Edema de glândula salivar

Disfunção da glândula salivar

A disfunção das glândulas salivares é mais comum dentre os adultos e geralmente envolve muito pouca produção de saliva. Quando o fluxo de saliva é insuficiente ou quase inexistente, sente-se a boca seca. Esta condição é chamada xerostomia (boca seca).

Determinadas condições podem diminuir a produção de saliva:

  • Doenças, tais como síndrome de Sjögren, artrite reumatoide e lúpus(lúpus eritematoso sistêmico)

  • Infecções, como a infecção pelo vírus de imunodeficiência humana (HIV)

  • Medicamentos, como determinados antidepressivos, anti-histamínicos, antipsicóticos, anti-Parkinson, sedativos, metildopa, diuréticos e metanfetamina

  • Quimioterapia ou radioterapia de cabeça ou pescoço para o tratamento de câncer, ou iodo radioativo para o tratamento de câncer da tireoide.

A secura na boca provocada por uma radiação costuma ser permanente, especialmente se a dose de radiação for elevada. A secura da boca devido à quimioterapia geralmente é temporária.

No entanto, nem todos os casos de secura da boca são causados por uma disfunção das glândulas salivares. Por exemplo, boca seca pode ser causada por

  • Beber muito pouco líquido

  • Respirar pela boca

  • Ansiedade ou estresse

A boca também pode secar um pouco à medida que a pessoa envelhece, embora, em tais casos, a secura provavelmente se deva mais à ingestão de um medicamento que provoque secura da boca, do que ao processo de envelhecimento em si.

Uma vez que a saliva oferece proteção natural considerável contra cáries dentárias, uma quantidade inadequada de saliva leva a mais cáries, especialmente nas raízes dos dentes. Se a secura da boca for intensa, pode provocar dificuldade para falar e engolir.

Em casos raros, as glândulas salivares produzem saliva demais. A produção aumentada de saliva é geralmente muito breve e ocorre em resposta à ingestão de certos alimentos, como os alimentos ácidos. Algumas vezes, basta pensar em comer esses alimentos para aumentar a produção de saliva.

Cálculos nas glândulas salivares

Um cálculo é formado a partir dos sais contidos na saliva. É provável que os cálculos se formem quando as pessoas estão desidratadas ou quando tomam fármacos que diminuem a produção de saliva. As pessoas com gota também têm maior probabilidade de formar cálculos. Os cálculos das glândulas salivares são mais comuns nos adultos. Muitas pessoas com cálculos nas glândulas salivares têm mais de um.

Cálculos salivares causam problemas quando bloqueiam o tubo (duto) que leva a saliva da glândula para a boca. A obstrução faz com que a saliva retroceda no duto, provocando uma inflamação dolorosa das glândulas salivares. Um duto obstruído e uma glândula cheia de saliva estagnada podem ser infectados por bactérias.

Sintomas típicos de um duto salivar bloqueado são inchaço e dor na glândula afetada. A dor e o inchaço pioram após as refeições, particularmente quando as pessoas comem coisas que estimulam o fluxo salivar (como picles e suco de limão), porque quando o duto está bloqueado a saliva não tem para onde ir e a glândula incha. O inchaço pode diminuir após algumas horas e o duto pode liberar um esguicho de saliva. Alguns cálculos não produzem sintomas.

Infecção das glândulas salivares

A infecção das glândulas salivares também é chamada sialoadenite. A maior parte das infecções das glândulas salivares ocorre em pessoas que têm algo que bloqueie o fluxo da saliva (como um cálculo) ou que têm um fluxo muito pequeno de saliva. Infecções são mais comuns na glândula parótida e normalmente ocorrem em pessoas que

  • Estão em seus 50 e 60 anos

  • Apresentam uma doença crônica e boca seca

  • Apresentam síndrome de Sjögren

  • São adolescentes ou adultos jovens com anorexia

  • Têm entre 1 e 18 anos de idade, com infecção recorrente da glândula parótida sem uma causa identificada

  • Tenham passado por uma radioterapia na área da boca ou terapia com iodo radiativo para câncer da tireoide.

Caxumba é uma infecção viral que causa o aumento doloroso das glândulas salivares, geralmente da glândula parótida. Ela também afeta outras partes do corpo. A caxumba ocorre principalmente em pessoas que não receberam a vacina contra caxumba.

Em adolescentes e adultos jovens com anorexia, o organismo infectante habitual é a bactéria Staphylococcus aureus.

Algumas infecções das glândulas salivares são causadas por infecção por HIV ou doença do arranhão de gato.

Pessoas com infecção bacteriana de uma glândula salivar geralmente apresentam febre, calafrios e dor e inchaço no lado da face com a glândula infectada. A pele sobre a glândula infectada se torna avermelhada e inchada. Algumas vezes uma coleção de pus (abscesso) se forma na glândula e uma pequena quantidade de pus sai do duto da glândula.

Edema de glândula salivar

A caxumba infantil, certas infecções bacterianas (por exemplo, das amígdalas ou dentes) e outras doenças geralmente mais comuns em adultos (como AIDS, síndrome de Sjögren, diabetes mellitus, sarcoidose e bulimia), geralmente causam inchaço das glândulas salivares principais.

O inchaço também pode ser consequência de um câncer (malignidade) ou tumores não cancerosos (benignos) nas glândulas salivares. O inchaço resultante de um tumor costuma ser mais consistente do que o causado por uma infecção. Se o tumor for canceroso, a glândula pode se tornar dura como uma pedra e pode estar firmemente fixada nos tecidos circundantes (consulte Tipos de câncer oral). A maioria dos tumores não cancerosos é móvel.

Uma ferida no lábio inferior - por exemplo, causada por uma mordedura acidental - pode lesionar uma das glândulas salivares menores que aí se encontram, obstruindo o fluxo de saliva. Por conseguinte, a glândula afetada pode inchar e formar uma tumoração pequena e mole (mucocele) de cor azulada. O caroço geralmente desaparece por ele mesmo dentro de poucas semanas a meses.

Destaque para Idosos: Boca seca

Muitas pessoas mais idosas têm a boca seca. O envelhecimento em si afeta apenas levemente a umidade da boca. No entanto, esse efeito torna as pessoas mais suscetíveis a quadros clínicos que ressecam a boca. Além disso, pessoas mais velhas são mais propensas a tomar medicamentos que podem deixar a boca seca.

Para muitas pessoas, uma boca seca é apenas uma contrariedade ocasional. Para outras, é um problema persistente que interfere na gustação, mastigação, deglutição, fala e uso de dentaduras. A secura persistente da boca aumenta o risco de cáries dentárias e doença periodontal. A persistência de secura da boca usualmente é um sintoma de um distúrbio, ou efeito colateral de um medicamento.

Diagnóstico de distúrbios das glândulas salivares

  • Biópsia

  • Endoscopia

  • Exames de diagnóstico por imagem

  • Para infecção, cultura de pus do duto da glândula salivar

Não existem bons testes para medir a produção de saliva. Contudo, às vezes as glândulas podem ser espremidas (ordenhadas) e pode-se observar o fluxo de saliva nos dutos.

O inchaço devido à obstrução de um canal salivar é diagnosticado pela relação de dor com comer ou beber algo que estimule o fluxo de saliva. Além disso, a pessoa pode receber algo que desencadeie o fluxo de saliva, como suco de limão ou balas duras. Se essa técnica reduzir os sintomas, a presença de cálculos é provável. Para diagnosticar outras causas de inchaço, um dentista ou médico podem realizar uma biópsia para obter tecido da glândula salivar e examiná-lo ao microscópio. Outras causas de bloqueio podem ser identificadas por técnicas mais modernas, que usam tubos de visualização bem pequenos (endoscópios) e que podem ser inseridos nos ductos de glândulas salivares.

Se os médicos não forem capazes de fazer o diagnóstico durante o exame físico, eles podem solicitar certos exames de imagem, como tomografia computadorizada (TC) ou ultrassonografia.

Em caso de suspeita de infecção, os médicos procuram por inflamação em exames de imagem, como na TC, ultrassonografia ou ressonância magnética (RM). Se o médico puder espremer pus do duto da glândula afetada, ele é cultivado (enviado para o laboratório para ver se ocorre o crescimento de bactérias).

Tratamento de distúrbios das glândulas salivares

  • Para boca seca, uma boa higiene dental e, às vezes, medicamentos

  • Para cálculos, analgésicos, líquidos, medidas físicas ou, algumas vezes, remoção

  • Para infecção, antibióticos e medidas físicas

  • Para edema, vários tratamentos, possivelmente incluindo cirurgia

Para boca seca, as pessoas devem

  • Evitar medicamentos que diminuam a produção de saliva

  • Sorver líquidos durante todo o dia

  • Utilizar escova e fio dental regularmente

  • Utilizar enxaguantes com flúor

  • Visitar seu dentista para avaliação e limpeza a cada 3 a 4 meses

  • Às vezes, usar um substituto da saliva contendo carboximetilcelulose como enxaguante bucal

  • Às vezes, mascar chiclete sem açúcar ou chupar pastilhas de xilitol

Alguns dentistas receitam o uso de coberturas plásticas para os dentes contendo gel de fluoreto para serem usadas à noite nos dentes na prevenção de cáries dentárias devido a boca seca. Às vezes, medicamentos que aumentam a produção de saliva, como cevimelina e pilocarpina, ajudam a aliviar os sintomas. Tais medicamentos podem não ajudar quando as glândulas salivares tiverem sido lesionadas por radiação.

No caso dos cálculos das glândulas salivares, as pessoas podem tomar analgésicos, beber mais líquidos, massagear as glândulas, aplicar compressas mornas e estimular o fluxo com suco de limão ou chicletes, balas azedinhas, ou uma combinação deles. Se o cálculo não sair por ele mesmo, por vezes, o dentista pode empurrar a pedra para fora, pressionando ambos os lados do duto. Se esta manobra não funcionar, um instrumento filiforme pode ser usado para puxar o cálculo para fora. Como último recurso, o cálculo pode ser extraído cirurgicamente através de um endoscópio.

Infecções das glândulas salivares são tratadas com antibióticos, e pede-se às pessoas que massageiem as glândulas e apliquem compressas quentes. Um abscesso salivar precisa ser seccionado e drenado. Manter-se hidratado, estimular a produção de saliva com suco de limão e balas duras e ter uma boa higiene oral também são fatores importantes.

O tratamento do inchamento das glândulas salivares varia de acordo com a causa. Uma mucocele, que não desaparece por si só, pode ser extraída através de uma cirurgia, caso se torne incômoda. Da mesma forma, tanto os tumores não cancerosos quanto os cancerosos das glândulas salivares podem ser extraídos cirurgicamente.

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