Fibrilação ventricular (FV)

PorL. Brent Mitchell, MD, Libin Cardiovascular Institute of Alberta, University of Calgary
Revisado/Corrigido: set. 2024
Visão Educação para o paciente

Fibrilação ventricular causa tremor descoordenado do ventrículo sem contrações úteis. Acarreta síncope imediata e morte em minutos. O tratamento é a reanimação cardiopulmonar, incluindo desfibrilação imediata.

(Ver também Visão geral das arritmias.)

A fibrilação ventricular (FV) decorre da atividade elétrica reentrante de múltiplas ondulações, manifestada no ECG por ondulações ultrarrápidas da linha de base irregulares no tempo e na morfologia.

Embora relatos iniciais tenham observado que a FV era o ritmo de apresentação para cerca de 75% dos pacientes em parada cardíaca (1), a proporção de paradas cardíacas por FV tem diminuído. Mais recentemente, foi relatado que a FV é o ritmo presente em cerca de 40% das paradas cardíacas (2). No entanto, como a FV leva à assistolia com o tempo, essa proporção é subestimada. Portanto, a FV ainda é o evento terminal em muitos distúrbios. Em geral, a maioria dos pacientes com FV tem uma doença cardíaca subjacente (caracteristicamente cardiomiopatia isquêmica, mas também cardiomiopatia hipertrófica ou cardiomiopatia dilatada, ou outras doenças cardiovasculares arritmogênicas). Consideram-se os pacientes nos quais nenhuma doença subjacente é detectada como tendo FV idiopática. O risco de FV em qualquer doença é exacerbado por alterações eletrolíticas, acidose, hipoxemia ou isquemia.

A fibrilação ventricular é muito menos comum entre lactentes e crianças, nos quais a assistolia é a forma de apresentação mais comum da parada cardíaca.

Fibrilação ventricular idiopática

Em geral, avaliam-se os pacientes que passaram por reanimação em decorrência de parada cardíaca por FV à procura de doença cardíaca, particularmente doença coronariana, cardiomiopatias e canalopatias (3). Se os exames eletrocardiográfico, de imagem, e provocativo não identificarem nenhuma dessas doenças, considera-se que o paciente tem fibrilação ventricular idiopática. Acredita-se que alguns desses pacientes provavelmente tenham doença genética não reconhecida ou desconhecida. Como existe a possibilidade de a doença ser familiar, recomenda-se que os familiares sejam submetidos a vigilância atenta para possíveis eventos cardíacos (p. ex., síncope, palpitações) e, se houver algum, sejam submetidos a testes, incluindo ECG, teste de esforço e ecocardiografia. Testes genéticos dos sobreviventes e testes genéticos em cascata dos membros da família são feitos em pacientes selecionados com cardiomiopatia não isquêmica ou com suspeita de canalopatia (3) (ver também Doenças cardíacas arritmogênicas). O tratamento é cardioversor desfibrilador implantável (3).

Referências gerais

  1. 1. Weaver WD, Cobb LA, Hallstrom AP, et al:  Considerations for improving survival from out-of-hospital cardiac arrest. Ann Emerg Med 15:1181–1186, 1986. doi: 10.1016/s0196-0644(86)80862-9

  2. 2. Cobb LA, Fahrenbruch CE, Olsufka M, et al: Changing incidence of out-of-hospital ventricular fibrillation, 1980-2000. JAMA 288(23):3008–3013, 2002. doi: 10.1001/jama.288.23.3008

  3. 3. Al-Khatib SM, Stevenson WG, Ackerman MJ, et al:  2017 AHA/ACC/HRS guideline for management of patients with ventricular arrhythmias and the prevention of sudden cardiac death: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines and the Heart Rhythm Society. J Am Coll Cardiol 72:e91–e220, 2018. doi: 10.1016/j.jacc.2017.10.054

Tratamento da fibrilação ventricular

  • Desfibrilação

  • Cardioversor desfibrilador implantável

O tratamento da fibrilação ventricular é com reanimação cardiopulmonar, como desfibrilação, começando com 120 a 200 joules bifásicos (ou 360 joules monofásicos). A taxa de sucesso da desfibrilação imediata (dentro de segundos, como pode ser alcançado por um cardioversor desfibrilador implantável) é cerca de 99%, desde que não haja falha crítica preexistente da bomba. Depois disso, a taxa de sucesso da primeira desfibrilação diminui em cerca de 10% por minuto (1).

Os pacientes que desenvolvem FV sem causa reversível ou transitória apresentam risco elevado de eventos futuros de FV e morte súbita. A maioria desses pacientes necessita de cardiodesfibrilador implantável e muitos requerem terapêutica concomitante com medicamentos antiarrítmicos para reduzir a frequência de episódios subsequentes de taquicardia ventricular e FV (2).

Referências sobre tratamento

  1. 1. van Alem AP, Chapman FW, Lank P, et al: A prospective, randomised and blinded comparison of first shock success of monophasic and biphasic waveforms in out-of-hospital cardiac arrest. Resuscitation 58(1):17–24, 2023. doi: 10.1016/s0300-9572(03)00106-0

  2. 2. Al-Khatib SM, Stevenson WG, Ackerman MJ, et al:  2017 AHA/ACC/HRS guideline for management of patients with ventricular arrhythmias and the prevention of sudden cardiac death: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines and the Heart Rhythm Society. J Am Coll Cardiol 72:e91–e220, 2018. doi: 10.1016/j.jacc.2017.10.054

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