Considerações gerais sobre reações alérgicas

PorJames Fernandez, MD, PhD, Cleveland Clinic Lerner College of Medicine at Case Western Reserve University
Revisado/Corrigido: out. 2022
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Fatos rápidos

As reações alérgicas (reações de hipersensibilidade) são respostas inadequadas do sistema imunológico a uma substância que normalmente é inofensiva.

  • Geralmente, as alergias causam espirros, olhos lacrimejantes e pruriginosos, coriza, coceira na pele e erupção cutânea.

  • Algumas reações alérgicas, denominadas reações anafiláticas, podem ser fatais.

  • Os sintomas sugerem o diagnóstico, e testes cutâneos podem ajudar a identificar a substância que desencadeia a alergia, mas não prevê a gravidade de uma reação futura.

  • O melhor é evitar o que desencadeia a alergia, mas se isso não for possível, às vezes, injeções para alergias, administradas bastante tempo antes da exposição, podem dessensibilizar a pessoa.

  • As pessoas que já apresentaram ou correm o risco de apresentar reações alérgicas graves devem trazer sempre consigo uma seringa autoinjetável de epinefrina e comprimidos de anti-histamínicos.

  • Reações graves requerem tratamento de emergência em uma unidade de pronto-socorro.

Em geral, o sistema imunológico – que inclui anticorpos, leucócitos, mastócitos, proteínas do complemento e outras substâncias – defende o corpo de substâncias estranhas (denominadas antígenos). No entanto, nas pessoas sensíveis, o sistema imunológico pode reagir de forma exagerada quando exposto a certas substâncias (alérgenos) no ambiente, alimentos ou fármacos, que são inócuos para a maioria das pessoas. O resultado é uma reação alérgica. (Alérgenos são moléculas que o sistema imunológico é capaz de identificar e que podem estimular uma resposta do sistema imunológico.) Algumas pessoas são alérgicas a uma só substância. Outras são alérgicas a várias. Aproximadamente um terço das pessoas sofre de alguma alergia nos Estados Unidos.

Os alérgenos podem causar uma reação alérgica quando caem sobre a pele ou os olhos ou quando são inalados, ingeridos ou injetados. Uma reação alérgica pode ocorrer de diversas formas:

Em muitas reações alérgicas, o sistema imunológico, quando exposto pela primeira vez a um alérgeno, produz um tipo de anticorpo denominado imunoglobulina E (IgE). A IgE fixa-se a um tipo de glóbulo branco denominado basófilo na corrente sanguínea e a um tipo semelhante de célula, denominada mastócito, nos tecidos. A primeira exposição pode fazer com que uma pessoa se torne sensível ao alérgeno (chamado sensibilização), mas não causa sintomas. Quando a pessoa sensibilizada tem um novo contato com o alérgeno, os basófilos e mastócitos com IgE na sua superfície liberam substâncias (como histamina, prostaglandinas e leucotrienos) que produzem edema ou inflamação nos tecidos circundantes. Essas substâncias iniciam uma cascata de reações que continua a irritar e lesionar os tecidos. Essas reações variam de leve a grave.

Algumas pessoas têm uma tendência hereditária para produzir uma grande quantidade de IgE (um quadro clínico chamado atopia) e podem reagir de forma exagerada a alguns antígenos que causam febre do feno, asma, problemas de pele ou alergia alimentar.

Sensibilidade ao látex

O látex é um fluido obtido da seringueira. É usado para fabricar produtos de borracha, inclusive luvas, preservativos e equipamentos médicos como cateteres, tubos respiratórios, pontas de aplicador de clister e diques de borracha.

O látex pode fazer com que o sistema imunológico produza anticorpos à IgE, o que pode causar reações alérgicas, incluindo urticária, erupções cutâneas e até mesmo reações alérgicas graves e potencialmente fatais, chamadas reações anafiláticas. No entanto, a pele seca e irritada que muitas pessoas têm após o uso de luvas de látex geralmente resulta de uma irritação, não de uma reação alérgica ao látex.

Na década de 1980, profissionais de saúde foram estimulados a usar luvas de látex sempre que tocassem um paciente, para evitar a disseminação de infecções. Desde então, a sensibilidade ao látex tornou-se cada vez mais comum entre os profissionais de saúde.

Além disso, as pessoas podem correr o risco de se tornarem sensíveis ao látex se

  • Tiverem passado por vários procedimentos cirúrgicos

  • Precisarem usar um cateter para ajudar a urinar

  • Trabalharem em fábricas que fabricam ou distribuem produtos de látex

Por motivos desconhecidos, as pessoas sensíveis ao látex frequentemente são alérgicas a banana e às vezes a outros alimentos como kiwi, papaia, abacate, castanha, batata, tomate e damasco.

O médico pode suspeitar de sensibilidade ao látex com base nos sintomas e na descrição que a pessoa faz da ocorrência dos sintomas, especialmente se ela for um profissional de saúde. Às vezes são realizadas análises de sangue ou testes cutâneos para confirmar o diagnóstico.

As pessoas sensíveis ao látex devem evitá-lo. Por exemplo, os profissionais de saúde podem usar luvas e outros produtos que não contêm látex. A maioria das instituições de saúde fornece estes produtos.

Causas de reações alérgicas

Fatores genéticos e ambientais trabalham juntos para contribuir para o desenvolvimento de alergias.

Acredita-se que haja o envolvimento de genes porque mutações específicas são comuns em pessoas com alergias e porque as alergias tendem a ser hereditárias.

Fatores ambientais também aumentam o risco de desenvolver alergias. Esses fatores de risco incluem os seguintes:

  • Exposição repetida a substâncias estranhas (alérgenos)

  • Dieta

  • Poluentes (como fumaça de tabaco e fumaça de descarga)

Por outro lado, a exposição a antígenos variados, como bactérias e vírus e alimentos (incluindo amendoim) durante a infância, pode fortalecer o sistema imunológico. Tal exposição pode ajudar o sistema imunológico a aprender como responder a alérgenos de maneira não nociva ajudando, assim, a prevenir o desenvolvimento de alergias. Um ambiente que limita a exposição de uma criança a bactérias e vírus, comumente considerado uma coisa boa, pode aumentar o risco de desenvolvimento de alergias. A exposição a micro-organismos é limitada em famílias com menos filhos e um ambiente doméstico mais limpo e pelo uso precoce de antibióticos.

Micro-organismos vivem no trato digestivo, no trato respiratório e na pele, mas quais os micro-organismos presentes varia de pessoa para pessoa. Os micro-organismos presentes parecem afetar se e que alergias irão se desenvolver.

Os alérgenos que desencadeiam reações alérgicas com uma maior frequência incluem

  • Excrementos de ácaros do pó

  • Pelo de animais

  • Pólen (de árvores, gramíneos e ervas daninhas)

  • Mofo

  • Alimentos

  • Veneno de inseto

  • Medicamentos

  • Látex

  • Químicos de uso doméstico, como produtos de limpeza e perfumes

Os ácaros vivem na poeira que se acumula em tapetes, roupa de cama, móveis estofados e brinquedos moles.

Sintomas de reações alérgicas

A maioria das reações alérgicas é leve e manifesta-se com olhos lacrimejantes e pruriginosos, corrimento nasal, prurido na pele e alguns espirros. As erupções (incluindo pápulas) são frequentes e muitas vezes produzem prurido.

As pápulas, também denominadas urticária, são pequenas áreas vermelhas, levemente elevadas com o inchaço, geralmente com um centro pálido. O inchaço pode ocorrer em áreas mais extensas sob a pele (denominado angioedema). O inchaço é causado pelo extravasamento de líquido dos vasos sanguíneos. Dependendo das áreas afetadas do corpo, o angioedema pode ser grave, especialmente quando ocorre na garganta ou nas vias aéreas.

As alergias também podem desencadear crises de asma.

Certas reações alérgicas, denominadas reações anafiláticas, podem ser fatais. As vias aéreas podem se estreitar (contrair), provocando sibilos, e o revestimento da garganta e das vias aéreas pode inchar, interferindo na respiração. Os vasos sanguíneos podem se alargar (dilatar), provocando uma queda perigosa da pressão arterial.

Diagnóstico de reações alérgicas

  • Avaliação médica

  • Às vezes, exames de sangue

  • Frequentemente, testes cutâneos e o teste para IgE sérico específico para o alérgeno

Em primeiro lugar, o médico determina se a reação é alérgica. Ele pode perguntar

  • Se pessoa tem parentes próximos com alergias, já que nestes casos é mais provável que a reação seja de tipo alérgico.

  • Com que frequência as reações ocorrem, e quanto tempo duram

  • Qual a idade da pessoa quando as reações começaram

  • Se algo (como exercícios ou a exposição a pólen, animais ou poeira) desencadeia a reação

  • Se algum tratamento já foi tentado e, em caso afirmativo, como a pessoa respondeu a esse tratamento

Para ajudar a determinar se uma reação é alérgica, os médicos às vezes fazem exames de sangue para detectar um tipo de glóbulo branco chamado eosinófilo. Embora todas as pessoas tenham eosinófilos, eles são produzidos em maiores quantidades quando ocorre uma reação alérgica. No entanto, a utilidade desse exame é limitada porque outros distúrbios eosinofílicos podem causar o aumento do número de eosinófilos e um número normal não exclui a presença de uma alergia.

Se parecer provável que os sintomas de uma pessoa sejam causados por uma alergia, o principal objetivo é identificar o alérgeno específico. Muitas vezes, a pessoa e o médico conseguem identificar o alérgeno ou, pelo menos, o tipo de alérgeno, com base no momento em que se iniciou a alergia e com que frequência ocorre a reação (por exemplo, em certas estações do ano ou depois de ingerir determinados alimentos).

Testes cutâneos e um exame de sangue chamado teste de IgE sérico específico para o alérgeno também podem ajudar os médicos a detectar o alérgeno específico. No entanto, esses testes podem não detectar todas as alergias, e às vezes indicam que as pessoas são alérgicas a um alérgeno quando de fato não são (resultado falso-positivo).

Testes cutâneos

Os testes cutâneos são o método mais útil para identificar alérgenos específicos. Um alérgeno aplicado ou injetado na pele deve causar uma reação cutânea em pessoas alérgicas a ele. Existem dois tipos de testes cutâneos:

  • Teste cutâneo de alergias

  • Teste intradérmico

Para ajudar a garantir que os resultados desses testes cutâneos sejam confiáveis, os médicos administram duas soluções controle além da solução de teste (que contém o alérgeno suspeito). As substâncias controle são

  • Uma gota de uma solução de histamina, que deve desencadear uma reação alérgica em qualquer pessoa, é administrada. Se não houver reação cutânea, pode ser porque o sistema imunológico não esteja funcionando normalmente ou porque as pessoas têm medicamentos para alergia em seu sistema. Pessoas que não reagem à histamina provavelmente não reagirão à solução de teste que contém o alérgeno. Assim, as pessoas podem parecer não serem alérgicas ao alérgeno quando na verdade são (um resultado falso-negativo).

  • É administrada uma gota de solução diluente que não contém alérgenos e, portanto, não deve desencadear uma reação alérgica. Se as pessoas reagirem à solução diluente, elas provavelmente terão pele sensível e provavelmente também reagirão à solução de teste que contém o alérgeno, mesmo que não sejam alérgicas a ela (um resultado falso‑positivo).

Geralmente, os médicos administram várias soluções de teste. Essas são soluções diluídas, cada uma com um antígeno específico. Os antígenos comumente usados incluem pólens (de árvores, gramas ou ervas), mofos, ácaros, pelos de animais, veneno de insetos, alimentos ou alguns antibióticos. Os médicos escolhem os antígenos para esse teste com base nas substâncias que suspeitam ser a causa.

Geralmente, realiza-se primeiramente um teste cutâneo (prick test). Uma gota de cada uma das soluções controle e de teste é colocada na pele da pessoa, que é então picada com uma agulha atravessando a gota. O teste cutâneo (prick test) permite identificar a maioria dos alérgenos.

Se nenhum alérgeno for identificado, um teste intradérmico poderá ser feito. Para este teste, uma pequena quantidade de cada solução controle e de teste é injetada na pele da pessoa usando uma agulha. Esse tipo de teste cutâneo é mais sensível e tem uma probabilidade maior de detectar uma reação a um alérgeno.

Se a pessoa for alérgica a um ou mais dos alérgenos na solução de teste, a pele reage com uma pápula e vermelhidão à sua volta, indicada pelas seguintes características:

  • Uma proeminência levemente elevada e pálida - a pápula - aparece onde se picou a pele, dentro de 15 a 20 minutos.

  • A pápula resultante tem um diâmetro cerca de 0,3 a 0,5 centímetros (cerca de 1/8 a 2/10 de polegada) maior do que a pápula causada pela solução diluente.

  • A pápula está rodeada por uma zona bem definida de pele avermelhada.

Antes que os testes cutâneos sejam feitos, as pessoas são solicitadas a parar de tomar medicamentos que podem suprimir uma reação em uma pessoa que realmente tem alergia a alérgenos na solução de teste. Esses medicamentos incluem

  • Anti-histamínicos

  • Alguns antidepressivos chamados antidepressivos tricíclicos (como amitriptilina)

  • Omalizumabe (um anticorpo monoclonal fabricado para bloquear a IgE)

  • Inibidores da monoaminoxidase (como a selegilina)

Alguns médicos também não realizam os testes em pessoas que estão tomando betabloqueadores, pois se estas pessoas tiverem uma reação alérgica em resposta ao teste, é mais provável que as consequências sejam graves. Além disso, os betabloqueadores podem interferir com os fármacos usados para tratar reações alérgicas sérias.

Testes de IgE sérico específicos para o alérgeno

O teste de IgE sérico específico para o alérgeno, um exame de sangue, é usado quando testes cutâneos não podem ser realizados - por exemplo, quando a erupção cutânea for generalizada. Este teste determina se a IgE no sangue da pessoa se liga ao alérgeno específico usado no teste. Se a ligação ocorrer, a pessoa tem alergia àquele alérgeno.

Teste provocativo

Para testes provocativos, as pessoas são expostas diretamente a uma pequena quantidade do alérgeno suspeito. Esse teste é geralmente realizado quando as pessoas precisam documentar sua reação alérgica; por exemplo, para uma alegação de incapacidade. Às vezes, ela é usada para diagnosticar uma alergia alimentar. Se os médicos suspeitarem de uma alergia induzida por exercícios, eles podem pedir que a pessoa se exercite. Se os médicos suspeitarem de uma alergia desencadeada pelo frio, eles podem colocar um cubo de gelo na pele da pessoa para ver se ocorre erupção cutânea.

Prevenção de reações alérgicas

Medidas ambientais

Evitar ou remover um alérgeno, se possível, é a melhor abordagem. Evitar um alérgeno pode envolver o seguinte:

  • Suspensão de um fármaco

  • Manter animais de estimação fora da casa ou limitados a certos cômodos

  • Usar aspiradores e filtros de partículas de ar de alta eficiência (HEPA)

  • Deixar de consumir um determinado alimento

  • Pessoas com alergias sazonais graves podem considerar a possibilidade de se deslocar para uma zona onde não exista o alérgeno

  • Retirar ou substituir os objetos que acumulam pó, como móveis estofados, carpetes e bibelôs

  • Os colchões e almofadas podem ser cobertos por tecidos finos que não permitem a entrada de ácaros do pó e partículas de alérgenos

  • Usar travesseiros de fibras sintéticas

  • Lavar os lençóis, fronhas e cobertores frequentemente com água quente

  • Limpar a casa, tirando o pó, aspirando e passando pano úmido, com frequência

  • Usar ar condicionado e umidificador de ar em porões e outros ambientes úmidos

  • Higienizar a casa com vapor quente

  • Exterminar as baratas

As pessoas com alergias devem evitar ou minimizar a exposição a certos outros irritantes capazes de piorar os sintomas de alergia ou causar problemas respiratórios. Esses agentes irritantes incluem:

  • Fumaça de cigarro

  • Odores fortes

  • Vapores irritantes

  • Poluição do ar

  • Temperaturas baixas

  • Umidade alta

Imunoterapia com alérgenos (dessensibilização)

Imunoterapia com alérgenos, geralmente injeções de alérgenos, pode ser administrada para dessensibilizar a pessoa ao alérgeno quando não for possível evitar certos alérgenos, especialmente alérgenos transportados pelo ar, e os medicamentos usados para tratar a reação alérgica forem ineficientes.

Com a imunoterapia alergênica, as reações alérgicas podem ser evitadas ou reduzidas em número e/ou intensidade. No entanto, a imunoterapia alergênica nem sempre é eficaz. Algumas pessoas e determinadas alergias tendem a responder melhor do que outras.

A imunoterapia é utilizada com maior frequência nas alergias a

  • Pólen

  • Ácaros da poeira

  • Mofo

  • Veneno de insetos

Quando as pessoas são alérgicas a alérgenos inevitáveis, como picadas de insetos, a imunoterapia ajuda a prevenir reações anafiláticas. Às vezes a imunoterapia alergênica é usada para alergia a pelos de animais, mas é improvável que esse tratamento seja útil. Imunoterapia para alergia a amendoim está disponível e imunoterapia para outras alergias alimentares está sendo estudada.

A imunoterapia não é utilizada quando o alérgeno, como a penicilina e outros fármacos, pode ser evitado. No entanto, as pessoas que necessitam tomar um fármaco ao qual são alérgicas podem ser dessensibilizadas sob cuidadosa vigilância médica.

Na imunoterapia, pequenas quantidades do alérgeno são injetadas sob a pele ou administradas por via oral, dependendo do alérgeno específico. A primeira dose é tão pequena que mesmo uma pessoa alérgica não reage a ela. No entanto, essa pequena dose começa a acostumar o sistema imunológico da pessoa com o alérgeno. Em seguida, a dose é aumentada gradualmente. Cada aumento é tão pequeno que o sistema imunológico ainda assim não reage. A dose é aumentada até que a pessoa não esteja reagindo à mesma quantidade de alérgeno que antes causava sintomas. Essa dose é a dose de manutenção. Um aumento gradual é necessário porque a exposição a muito alérgeno muito cedo pode causar uma reação alérgica. É frequente aplicar-se injeções uma ou duas vezes por semana até atingir a dose de manutenção. As injeções geralmente são aplicadas a cada 2 ou 4 semanas. O procedimento é mais eficaz quando continuam a aplicar-se as injeções de manutenção durante todo o ano, mesmo para alergias sazonais.

Visto que as injeções de imunoterapia, às vezes, causam reações alérgicas perigosas, a pessoa deve permanecer no consultório do médico por, pelo menos, 30 minutos depois da injeção. Se a pessoa apresentar reações leves à imunoterapia (como espirros, tosse, vermelhidão, sensação de formigamento, prurido, aperto no peito, sibilos e urticária), um fármaco – normalmente, um anti‑histamínico, como difenidramina ou loratadina – pode ajudar. Nas reações mais graves, injeta-se epinefrina (adrenalina).

Alternativamente, doses do alérgeno são colocadas sob a língua (sublingual) e mantidas ali por alguns minutos antes de serem engolidas. A dose é aumentada gradualmente, como ocorre com as injeções. A técnica sublingual é relativamente nova e ainda não se estabeleceu com que frequência a dose deve ser administrada. Varia de dose diária a doses três vezes por semana. Os extratos de pólen de gramíneos, tasneira ou ácaros de poeira doméstica, colocados sob a língua, podem ser usados para ajudar a prevenir a rinite alérgica.

Imunoterapia para alergia a amendoim também pode ser administrada por via oral. A pessoa recebe a primeira de várias doses do alérgeno no decorrer de um único dia em uma clínica ou consultório médico. A pessoa então toma o alérgeno em casa. De cada vez que a dose é aumentada, a primeira dose da dosagem maior é administrada sob a supervisão de um médico.

A imunoterapia alergênica pode demorar até 3 anos para ser concluída. As pessoas que voltam a desenvolver alergias podem precisar de outro curso de imunoterapia de maior duração (às vezes, 5 anos ou mais).

Tratamento de reações alérgicas

  • Evitar o alérgeno

  • Anti-histamínicos

  • Estabilizadores de mastócitos

  • Corticosteroides

  • Imunoterapia com alérgenos

  • Para reações alérgicas graves, tratamento de emergência, incluindo injeções de epinefrina

Evitar o alérgeno é a melhor maneira de tratar e evitar alergias.

Caso ocorram sintomas leves, os anti-histamínicos podem resolvê-los. Se forem ineficazes, outros fármacos, como estabilizadores de mastócitos e corticosteroides, podem ajudar. Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) não são úteis, exceto em colírios usados no tratamento da conjuntivite alérgica.

Sintomas graves, como os que envolvem as vias aéreas (inclusive reações anafiláticas) exigem tratamento de emergência.

Anti-histamínicos

Os fármacos que são utilizados com maior frequência para aliviar os sintomas das alergias são os anti-histamínicos. Os anti-histamínicos bloqueiam os efeitos da histamina (que desencadeia os sintomas). Eles não interrompem a produção de histamina pelo corpo.

A administração de anti-histamínicos alivia parcialmente o corrimento nasal, os olhos lacrimejantes e pruriginosos e reduz o inchaço causado pela urticária ou pelo angioedema leve. Entretanto, os anti-histamínicos não facilitam a respiração quando as vias aéreas estão contraídas. Alguns anti-histamínicos (como azelastina) também são estabilizadores de mastócitos.

Anti-histamínicos estão disponíveis como

  • Comprimidos, cápsulas ou soluções líquidas administradas pela boca

  • Sprays nasais

  • Colírio

  • Loções ou cremes

O tipo de reação alérgica determina a forma a ser utilizada. Alguns anti-histamínicos estão disponíveis sem prescrição médica (venda livre) e outros precisam ser prescritos. Alguns que exigiam uma prescrição agora estão disponíveis sem a prescrição.

Produtos contendo anti-histamínicos e um descongestionante (como pseudoefedrina) também estão disponíveis sem receita médica. Eles podem ser tomados por adultos e crianças a partir de 12 anos de idade. Descongestionantes e anti-histamínicos não devem ser administrados a crianças com menos de 12 anos de idade. Estes produtos são particularmente úteis quando existe a necessidade de um anti-histamínico e um descongestionante nasal. Contudo, algumas pessoas como aquelas tomando inibidores da monoaminoxidase (um tipo de antidepressivo) não podem tomar estes produtos. Além disso, pessoas com hipertensão arterial não devem tomar descongestionantes, a menos que o médico recomende e monitore seu uso.

Os anti-histamínicos difenidramina e doxepina, disponíveis nas formas de loção, creme, gel e spray, podem ser aplicados na pele para aliviar a coceira. Os anti-histamínicos não devem ser tomados por via oral nem aplicados na pele ao mesmo tempo em crianças porque esses medicamentos podem causar sonolência extrema.

Os efeitos colaterais dos anti-histamínicos incluem efeitos anticolinérgicos, como sonolência, boca seca, visão turva, constipação, dificuldade na micção, confusão e tonturas (em especial, após se levantar), bem como sonolência. Em geral, os anti-histamínicos que requerem prescrição têm menos efeitos anticolinérgicos.

Alguns anti-histamínicos têm maior probabilidade de causar sonolência (sedação) do que outros. Os anti-histamínicos que causam sonolência estão disponíveis livremente sem prescrição. As pessoas não devem tomar esses anti-histamínicos se forem conduzir, operar equipamentos pesados ou realizar outras atividades que exijam atenção. Anti-histamínicos que causam sonolência não devem ser administrados a crianças menores de 2 anos de idade porque podem causar efeitos colaterais sérios ou fatais. Esses anti-histamínicos também representam um problema específico para idosos e para pessoas com glaucoma, hiperplasia prostática benigna, constipação ou demência devido aos efeitos anticolinérgicos dos fármacos. Em geral, os médicos usam cautelosamente anti-histamínicos para pessoas com doença cardiovascular.

Nem todas as pessoas reagem da mesma maneira aos anti-histamínicos. Por exemplo, pessoas de origem asiática parecem ser menos suscetíveis aos efeitos sedativos da difenidramina do que os europeus ocidentais. Também deve-se levar em conta que, em algumas pessoas, os anti-histamínicos causam uma reação oposta (paradoxal), fazendo com que a pessoa sinta nervosismo, inquietação e agitação.

Tabela
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Estabilizadores de mastócitos

Os estabilizadores de mastócitos bloqueiam a liberação de histaminas e de outras substâncias que causam inchaço e inflamação dos mastócitos.

Os estabilizadores de mastócitos são tomados quando os anti-histamínicos e outros fármacos não são eficazes ou têm efeitos incômodos. Esses fármacos podem ajudar a controlar os sintomas de alergia.

Esses fármacos incluem azelastina, cromolina, lodoxamida, cetotifeno, nedocromil, olopatadina e pemirolaste. Azelastina, cetotifeno, olopatadina e pemirolaste também são anti-histamínicos.

Cromolina está disponível mediante prescrição nas seguintes apresentações:

  • Para uso com inalador ou nebulizador (que entrega o fármaco aos pulmões em aerossol)

  • Como colírio

  • Como um líquido para ser tomado por via oral

Cromolina está disponível sem prescrição médica como spray nasal para o tratamento de rinite alérgica. A cromolina geralmente só atua nas zonas onde é aplicada, como a parte posterior da garganta, pulmões, olhos ou nariz. Quando administrada por via oral, a cromolina pode aliviar os sintomas digestivos da mastocitose, mas não é prontamente absorvida para a corrente sanguínea e, portanto, tem pouco efeito sobre outros sintomas alérgicos no corpo.

Tabela
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Corticosteroides

Quando os anti-histamínicos e os estabilizadores de mastócitos não conseguem controlar os sintomas alérgicos, um corticosteroide pode ser útil.

Os corticosteroides podem ser administrados sob a forma de spray nasal para os sintomas nasais ou com um inalador, habitualmente para tratar a asma.

O médico receita um corticosteroide (como a prednisona) para administração por via oral somente quando os sintomas são muito graves ou disseminados e todos os outros tratamentos são ineficazes. Se administrados por via oral em doses altas e por um longo período de tempo (por exemplo, por mais de 3 a 4 semanas), os corticosteroides podem ter muitos efeitos colaterais, alguns sérios. Portanto, os corticosteroides administrados por via oral são usados pelo menor tempo possível.

Cremes e pomadas que contêm corticosteroides podem ajudar a aliviar o prurido associado a erupções cutâneas alérgicas. Um corticosteroide, a hidrocortisona, está disponível sem prescrição médica.

Outros medicamentos

Inibidores de leucotrienos, como montelucaste, são anti-inflamatórios usados no tratamento de:

Eles inibem os leucotrienos, que são liberados por alguns glóbulos brancos e mastócitos quando expostos a um alérgeno. Os leucotrienos contribuem para a inflamação e causam a contração das vias aéreas. Montelucaste é usado apenas quando outros tratamentos são ineficazes.

Omalizumabe é um anticorpo monoclonal (um anticorpo sintético projetado para interagir com uma substância específica). Omalizumabe se liga à imunoglobulina E (IgE), um anticorpo que é produzido em grandes quantidades durante uma reação alérgica, e impede que a IgE se ligue aos mastócitos e basófilos e desencadeie uma reação alérgica. Omalizumabe pode ser utilizado para tratar asma persistente ou grave quando outros tratamentos forem ineficazes. No caso de recorrência da urticária e da ineficácia de outros tratamentos, ele pode ser útil. Quando utilizado, a dose do corticosteroide pode ser reduzida. É administrado por meio de injeção sob a pele (via subcutânea).

Tratamento de emergência

Reações alérgicas graves, como uma reação anafilática, requerem um tratamento rápido de emergência.

As pessoas que apresentaram ou apresentam risco de reações alérgicas graves devem trazer sempre consigo uma seringa autoinjetável de epinefrina que deve ser usada o mais rapidamente possível na ocorrência de uma reação grave. Comprimidos de anti-histamínicos também podem ajudar, mas a epinefrina deve ser injetada antes de se tomar comprimidos de anti-histamínicos. Em geral, a epinefrina interrompe a reação, pelo menos temporariamente. Não obstante, pessoas que tiveram uma reação alérgica grave devem ser transportadas para uma unidade de pronto-socorro. Lá, elas podem ser atentamente monitoradas e o tratamento pode ser repetido ou ajustado conforme necessário.

Se ocorrer uma reação anafilática, as vias aéreas podem ficar inchadas e estreitadas, dificultando a respiração. O médico pode precisar inserir um tubo pelo nariz ou pela boca até a traqueia para ajudar na respiração. Às vezes, a traqueia fica inchada e estreitada demais para permitir a passagem do tubo para a traqueia. Nesses casos, o médico pode ter que inserir um tubo diretamente na traqueia através de uma incisão na frente do pescoço (traqueostomia) para tornar a respiração possível.

Tratamento de alergias durante a gestação e amamentação

Sempre que possível, gestantes com alergias devem controlar seus sintomas evitando alérgenos. Se os sintomas forem graves, a gestante deve usar um spray nasal anti-histamínico. Ela só deve tomar anti-histamínicos pela boca (anti-histamínicos orais) se o spray nasal anti-histamínico não oferecer o alívio adequado.

As mulheres que estão amamentando também devem tentar evitar os anti-histamínicos. Mas se anti-histamínicos forem necessários, os médicos preferem usar anti-histamínicos que são menos propensos a causar sonolência, e preferem o spray nasal com anti-histamínicos a anti-histamínicos orais. Caso os anti-histamínicos orais sejam essenciais para o controle dos sintomas, devem ser tomados imediatamente após o aleitamento.

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