Homeopatia

PorDenise Millstine, MD, Mayo Clinic
Revisado/Corrigido: dez. 2023
Visão Educação para o paciente

Desenvolvida na Alemanha no final do século XVIII, a homeopatia é um sistema médico baseado no princípio de que o "semelhante cura semelhante". Acredita-se que uma substância administrada em grandes doses cause um conjunto de sintomas, podendo curar os mesmos sintomas quando administrada em doses diminutas a inexistentes. Acredita-se que as doses pequenas estimulem os mecanismos de cura do corpo.

Tratamentos são baseados em características únicas dos pacientes, incluindo estilo de vida, assim como sintomas e saúde em geral. A homeopatia visa reequilibrar o fluxo de energia do corpo; ela não se baseia em princípios químicos ou fisiológicos.

Os remédios utilizados na homeopatia são derivados de substâncias que ocorrem naturalmente, como extratos de plantas e minerais. Concentrações extremamente baixas são preparadas de uma maneira específica. Quanto mais diluído o fármaco homeopático, mais forte é considerado. Vários fármacos são tão diluídos que não contêm moléculas identificáveis do princípio ativo. Por exemplo, a dose de 30 C é diluída 1 para 100 em 30 diluições seriadas, o que resulta em uma diluição final de 1 x 1060.

O remédios homeopáticos estão disponíveis sem prescrição ou de fornecedores de produtos homeopáticos.

(Ver também Visão geral da medicina integrativa, complementar e alternativa.)

Regulamentação da homeopatia

Diferentemente dos suplementos nutricionais e fitoterápicos, os fármacos homeopáticos são regulados pela FDA. Somente os fármacos homeopáticos aprovados pela FDA podem ser produzidos. Por haver muito pouco componente ativo após a diluição, os ingredientes ativos são testados antes da diluição.

A FDA isenta os medicamentos homeopáticos de várias exigências que existem para outros medicamentos:

  • A identidade e força de cada ingrediente ativo não precisam ser confirmadas por algum laboratório antes de o remédio ser distribuído.

  • Os fabricantes de produtos homeopáticos não necessitam fornecer evidências de eficácia.

  • Os fármacos homeopáticos são temporariamente isentos dos limites pela quantidade de álcool (o diluente habitual) que possam conter.

Entretanto, é necessário que no rótulo esteja listado o seguinte:

  • Fabricante

  • O termo “homeopático”

  • Pelo menos uma indicação

  • Instruções para utilização segura

  • A menos que especificamente isento, o ingrediente ativo e grau de diluição

Evidências da homeopatia

Os dois paradigmas da homeopatia são "o semelhante cura o semelhante" (Similia Similibus Curantur) e a diluição reforça o fármaco. A diluição do fármaco a ponto de não ter nenhum princípio ativo que promova efeitos fisiológicos (além dos de um placebo) é uma implausibilidade fisiológica e química. Mas algumas preparações homeopáticas proclamadas contêm ingredientes ativos em concentração suficiente para exercer efeitos fisiológicos (p. ex., Zicam, que contém uma quantidade mensurável de zinco).

A eficácia dos fármacos homeopáticos para várias doenças foi amplamente estudada. Uma análise feita em 2010 com revisões sistemáticas concluiu que a homeopatia não é mais eficaz do que placebo para nenhuma indicação, conclusão compartilhada com o House of Commons Science and Technology Committee do Reino Unido após uma revisão exaustiva das avaliações sistemáticas e metanálises sobre a homeopatia (2010) (1,2). A revisão exaustiva feita pelo governo australiano das evidências clínicas da homeopatia (2013) descobriu que, para 61 indicações havia evidências da falta de eficácia da homeopatia e, para outras 7 indicações, as evidências não eram de boa qualidade (3). Revisões subsequentes chegaram a conclusões semelhantes em relação à falta de eficácia comprovada e à baixa qualidade dos dados (4).

A homeopatia continua a ser explorada dado seu efeito brando e sua baixa probabilidade de toxicidade. Para alguns quadros clínicos que carecem de estratégias de medicina convencional claramente benéficas, como a fibromialgia, pode-se considerar o uso da homeopatia levando em conta os dados provenientes de pequenos estudos sobre o potencial alívio dos sintomas e ausência de desvantagens (5, 6).

Usos da homeopatia

A homeopatia é comumente utilizada na Europa e na Índia, predominantemente por causa de um longo história de uso; como resultado, a prática tornou-se parte da cultura.

A homeopatia tem sido utilizada para tratar várias doenças como alergias, rinites, sintomas respiratórios, problemas digestivos, dores musculoesqueléticas e vertigens.

Possíveis efeitos adversos

A homeopatia é bem tolerada e tem poucos riscos, raramente ocorre uma reação tóxica ou alérgica.

Estudos adicionais tentaram comparar os efeitos adversos da homeopatia e da medicina convencional, mas são necessárias mais pesquisas de alta qualidade para padronizar a notificação e a avaliação de risco (7). Os médicos convencionais não devem considerar que um fármaco homeopático tomado pelo paciente seja biologicamente inativo e, portanto, não apresentaria efeitos adversos. Além disso, alguns remédios homeopáticos contêm outros ingredientes ativos que podem ter efeitos fisiológicos. Pode ser incerto afirmar se os pacientes estão tomando fármacos homeopáticos porque eles frequentemente utilizam o termo homeopático erroneamente ao referirem-se a suplementos alimentares que estão utilizando. Além disso, a FDA permite que muitos produtos medicinais fitoterápicos sejam registrados e classificados como homeopáticos se forem submetidas a um determinado tipo de processo farmacêutico.

Dicas e conselhos

  • Não supor que remédios homeopáticos são biologicamente inativos; embora os ingredientes nos remédios homeopáticos geralmente sejam tão diluídos que não têm potencial de causar danos, alguns remédios proclamados como homeopáticos contêm ingredientes em quantidades que podem ter efeitos fisiológicos.

Referências

  1. 1. Ernst E: Homeopathy: what does the "best" evidence tell us? Med J Aust192(8):458–60, 2010. doi:10.5694/j.1326-5377.2010.tb03585.x

  2. 2. United Kingdom's House of Commons Science and Technology Committee: Homeopathy, 2010. Acessado em outubro de 2023.

  3. 3. National Health and Medical Research Council: Effectiveness of homeopathy for clinical conditions: evaluation of the evidence. Acessado em outubro de 2023.

  4. 4. Mathie RT, Fok YYY, Viksveen P, et al: Systematic review and meta-analysis of randomised, other-than-placebo controlled, trials of non-individualised homeopathic treatment. Homeopathy 108(2):88-101, 2019. doi: 10.1055/s-0038-1677481

  5. 5. Boehm K, Raak C, Cramer H, et al: Homeopathy in the treatment of fibromyalgia—a comprehensive literature-review and meta-analysis. Complement Ther Med 22(4):731-42, 2014. doi: 10.1016/j.ctim.2014.06.005

  6. 6. Bell IR, Lewis DA 2nd, Brooks AJ, et al: Improved clinical status in fibromyalgia patients treated with individualized homeopathic remedies versus placebo.Rheumatology (Oxford) 43(5):577–582, 2004. doi: 10.1093/rheumatology/keh111

  7. 7. Stub T, Kristoffersen AE, Overvåg G, et al: Adverse effects in homeopathy. A systematic review and meta-analysis of observational studies. Explore (NY) 18(1):114-128, 2022. doi:10.1016/j.explore.2020.11.008

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