Transtorno de referência olfativa

(Jikoshu-kyofu)

PorKatharine Anne Phillips, MD, Weill Cornell Medical College;
Dan J. Stein, MD, PhD, University of Cape Town
Revisado/Corrigido: jun. 2023
Visão Educação para o paciente

A síndrome de referência olfativa é caracterizada por uma convicção angustiante ou comprometedora de que as pessoas emitem um odor corporal fétido ou ofensivo; o odor quase não é percebido ou é imperceptível pelos outros.

A síndrome de referência olfativa (frequentemente chamada de síndrome de bromidrofobia) é um exemplo de "outro transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos relacionados especificado" no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5th ed, Text Revision (DSM-5-TR) (1).

Referência geral

  1. 1. Phillips KA, Menard W: Olfactory reference syndrome: Demographic and clinical features of imagined body odor. Gen Hosp Psychiatry 33(4):398-406, 2011. doi: 10.1016/j.genhosppsych.2011.04.004

Sinais e sintomas do transtorno de referência olfatório

Pacientes com síndrome de referência olfativa geralmente se preocupam, durante várias horas por dia, com uma convicção angustiante ou comprometedora de que eles emitem um ou mais odores corporais fétidos ou ofensivos, que não são percebidos por outras pessoas ou, na verdade, são só ligeiramente perceptíveis. Podem acreditar, por exemplo, que têm mau hálito ou emitem suor fétido pelas axilas ou outras áreas da pele. Outras preocupações incluem emissão de cheiro de urina, flatulência ou odores desagradáveis da área genital. Às vezes, os pacientes acreditam que emitem odores fétidos como lixo ou alimentos podres.

Em geral, a preocupação com o odor corporal é acompanhada de comportamentos repetitivos (p. ex., cheirar a si mesmos, tomar banhos em excesso, trocar de roupa, buscar reafirmação); esses comportamentos tentam aliviar o desconforto substancial causado pela preocupação com o odor corporal. A maioria das pessoas com a síndrome de referência olfativa também se esforça para camuflar o odor percebido (p. ex., com perfume, desodorante, enxaguatório bucal, chicletes).

A percepção é geralmente ruim ou ausente (isto é, a maioria das pessoas acha que provavelmente ou definitivamente emite um odor corporal ruim que, na verdade, não existe). Muito poucos reconhecem que sua convicção sobre o odor corporal é imprecisa, possivelmente porque muitas pessoas com síndrome de referência olfativa relatam que elas próprias realmente sentem o odor. Deve-se considerar e descartar um distúrbio convulsivo, como epilepsia do lobo temporal, se os sintomas presentes sugerem a presença desse distúrbio.

O pensamento referencial é comum; por exemplo, os pacientes podem acreditar erroneamente que seu odor corporal é a razão pela qual as pessoas sentam-se longe, abrem uma janela ou cobrem o nariz.

A síndrome de referência olfativa geralmente compromete significativamente a funcionalidade e os pacientes costumam evitar situações sociais, frequentemente porque se sentem muito constrangidos e envergonhados em relação a cheirar mal. Muitos também evitam o trabalho ou outras atividades cotidianas importantes. Alguns pacientes permanecem completamente confinados em casa porque se sentem muito angustiados, constrangidos e envergonhados acerca do odor percebido para estar perto de outras pessoas, ou porque temem que seu odor corporal seja ofensivo aos outros. Em casos muito graves, a síndrome de referência olfativa é incapacitante.

Embora os dados sejam limitados, as taxas de suicídio parecem altas (1).

Como a autocrítica costuma ser pequena ou ausente, muitos pacientes procuram tratamento (p. ex., tonsilectomia para a percepção de halitose, proctectomia [remoção do ânus] para a percepção de odor anal/flatulência) com outros médicos que não os psiquiatras, o que não parece ajudá-los.

Referência sobre sinais e sintomas

  1. 1. Phillips KA, Menard W: Olfactory reference syndrome: Demographic and clinical features of imagined body odor. Gen Hosp Psychiatry 33(4):398-406, 2011. doi: 10.1016/j.genhosppsych.2011.04.004

Diagnóstico do transtorno de referência olfatório

  • Critérios do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5th ed, Text Revision (DSM-5-TR)

Em geral, os principais sintomas da síndrome de referência olfativa são:

  • Preocupação do paciente com a emissão de odor corporal fétido ou desagradável que não é percebido pelos outros ou é considerado apenas leve

  • A preocupação causa sofrimento significativo ou comprometimento do funcionamento social, ocupacional ou de outras áreas

  • Comportamentos repetitivos (p. ex., cheirar-se para verificar o odor corporal, tomar banhos em excesso, trocar de roupa) em resposta às preocupações com odores e/ou tentativas de camuflar o odor percebido

Tratamento do transtorno de referência olfatório

  • Inibidores seletivos de recaptação de serotonina ou clomipramina

  • Agente antipsicótico (geralmente atípico)

  • Terapia cognitivo-comportamental

Estudos de tratamento da síndrome de referência olfatória são limitados principalmente a relatos de casos e pequenas séries de casos. Entretanto, a experiência clínica e as evidências disponíveis sugerem que ISRSs ou clomipramina, isoladamente ou utilizados com um antipsicótico (um atípico é preferido), se necessário, e terapia cognitivo-comportamental semelhante à terapia para transtorno dismórfico corporal pode ser útil (1–3).

Referências sobre o tratamento

  1. 1. Begum M, McKenna PJ: Olfactory reference syndrome: a systematic review of the world literature. Psychol Med 41(3):453-461, 2011. doi: 10.1017/S0033291710001091

  2. 2. Teraishi T, Takahashi T, Suda T, et al: Successful treatment of olfactory reference syndrome with paroxetine. J Neuropsychiatry Clin Neurosci 24(1):E24, 2012. doi: 10.1176/appi.neuropsych.11020033

  3. 3. Michael S,  Boulton M, Andrews G: Two cases of olfactory reference syndrome responding to an atypical antipsychotic and SSRI. Aust N Z J Psychiatry48(9):878-879, 2014. doi: 10.1177/0004867414526791.

Pontos-chave

  • Os pacientes estão preocupados em emitir 1 odor corporal que não é percebido ou só é ligeiramente percebido por outras pessoas.

  • Os pacientes respondem à preocupação com os odores corporais realizando comportamentos repetitivos (p. ex., tomar banhos em excesso, escovar de dentes, lavar roupas) e/ou tentativas de camuflar o odor percebido (p. ex., utilizar perfume ou desodorante em excesso).

  • Em geral, os pacientes têm uma má percepção ou mesmo nenhuma.

  • Tratar com terapia cognitivo-comportamental similar àquela para transtorno dismórfico e/ou tratamento farmacológico com um ISRS ou clomipramina, mais um antipsicótico atípico se necessário.

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