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Visão geral das próteses de membros

PorJan J. Stokosa, CP, American Prosthetics Institute, Ltd
Reviewed ByBrian F. Mandell, MD, PhD, Cleveland Clinic Lerner College of Medicine at Case Western Reserve University
Revisado/Corrigido: mar. 2024
Visão Educação para o paciente

Uma prótese de membro é um membro artificial que substitui uma parte ausente do corpo.

As causas principais da amputação de membros são

  • Doença vascular (particularmente por diabetes e doença arterial periférica)

  • Câncer

  • Lesão (p. ex., acidente automobilístico, acidente de trabalho, combate militar)

  • Anomalia congênita

Nos Estados Unidos, pouco mais de 0,5% dos indivíduos vive atualmente sem um membro, e cerca de 500 amputações são feitas todos os dias (1). É provável que essa porcentagem aumente por causa do envelhecimento da população e aumento associado da incidência do diabetes mellitus e doença vascular.

Objetivos

Os objetivos do ajuste da prótese são conforto, estabilidade em pé e ao deambular e possibilitar a realização das diversas atividades diárias. As próteses abrangem uma interface personalizada, um soquete e uma grande variedade de outros componentes que atendem a diferentes objetivos, desde a simples mobilidade a atividades de alto impacto. Avanços recentes nos materiais de acolchoamento, nos modelos de soquete da prótese e na tecnologia dos componentes para pés, tornozelos, joelhos, mãos, punhos e cotovelos aumentaram significativamente o conforto e a funcionalidade.

Usuários de próteses motivados e saudáveis podem realizar diversos feitos extraordinários (p. ex., esquiar, escalar montanhas, disputar triatlos, participar ativamente de esportes, realizar trabalhos que demandam esforços ou atuar ativamente no exército). Independentemente de a prótese ser utilizada apenas para mobilidade básica ou para atividades mais exigentes, pode fornecer benefícios psicológicos profundos.

O uso bem-sucedido da prótese depende de:

  • Doenças clínicas subjacentes e capacidades física e cognitiva do paciente

  • Anatomia (p. ex., comprimento e condição do membro residual)

  • Ajuste do soquete da prótese (p. ex., conforto e estabilidade)

  • Função e eficiência biomecânicas dos componentes da prótese

O ajuste da prótese e o ajustamento físico e mental por parte do paciente necessários para a funcionalcom a prótese são um processo demorado e desafiador. Nem todos os pacientes são candidatos a todos os tipos de próteses.

Equipe de reabilitação pós-amputação

A reabilitação precoce facilita a recuperação e o sucesso futuro no uso de uma prótese (2). Quando possível, a reabilitação começa antes da amputação e, nos casos não eletivos, logo no primeiro dia de pós-operatório.

Há maior probabilidade de sucesso quando há envolvimento de uma equipe de saúde interdisciplinar no atendimento ao paciente. A composição da equipe varia de acordo com as necessidades do paciente. Na equipe mínima, os principais profissionais envolvidos são o cirurgião, o protesista e o fisioterapeuta. Os protesistas avaliam o paciente e projetam, ajustam, fabricam e prestam acompanhamento contínuo vitalício para manter a prótese e fornecer aconselhamento e instruções sobre cuidados. Para casos mais complexos, a equipe também pode incluir um fisiatra, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, assistente social, psicólogo e membros da família.

Amputações

Pode-se amputar um membro inteiro ou parte dele. Decisões sobre o nível de amputação baseiam-se primeiro na viabilidade do tecido e na capacidade de manter uma circulação adequada no membro residual. O objetivo é remover os tecidos desvitalizados, isquêmicos ou infectados e preservar o comprimento funcional consistente com a cicatrização, tecnologia protética e reabilitação bem-sucedida. Outras considerações cirúrgicas importantes são o fechamento da medula óssea, o revestimento muscular adequado dos ossos terminais e o fornecimento de inserção para os músculos seccionados. A cobertura muscular adequada melhora a carga, o que, por sua vez, ajuda a prevenir a osteoporose no osso residual, que pode ocorrer muito rapidamente após a amputação. A inserção do músculo possibilita a contração muscular, o que melhora a força do membro, aumenta o fluxo arterial, diminui a estase venosa e reduz o risco de sintomas neurológicos e dor.

A quantidade e a qualidade do osso, músculo, nervo e pele são cruciais para uma protetização bem sucedida. A prótese tecnologicamente mais sofisticada não é capaz de superar as deficiências decorrentes da técnica cirúrgica abaixo do ideal. Por outro lado, um procedimento cirúrgico ideal não terá um bom resultado com uma prótese mal ajustada e ineficiente.

Os níveis de amputação são relativamente padronizados:

As amputações de membros superiores incluem

  • Mão parcial: dígito, metacarpofalângica, carpo-metacarpal

  • Desarticulação do punho

  • Transradial

  • Desarticulação do cotovelo

  • Transumeral

  • Desarticulação do ombro e amputação do quarto anterior

As amputações de membros inferiores incluem

  • Pé parcial: ressecção de Ray, transmetatarsal

  • Tarso-metatarsal (Lisfranc)

  • Transtarsal (Chopart)

  • Transcalcaneal (Boyd)

  • Desarticulação do tornozelo

  • Transtibial

  • Desarticulação do joelho

  • Transfemoral

  • Desarticulação do quadril e hemipelvectomia

Como diferentes modelos de soquete podem se beneficiar de pequenas alterações na técnica cirúrgica, uma conversa pré-operatória entre o cirurgião e o protesista é útil.

Preparando o paciente

Preparação pré-operatória do paciente e da família é importante, principalmente fornecendo orientações em relação à necessidade da amputação, bem como da necessidade de comprometimento e participação ativa do paciente em todo o processo. Uma visita de uma pessoa madura com amputação e características semelhantes pode ser altamente benéfica. Acima de tudo, todas as informações prestadas devem ser realistas. Deve-se informar todo o espectro de eventuais desfechos, em vez de o melhor desfecho possível.

Medidas baseadas no desempenho, como o Amputee Mobility Predictor, podem ajudar a determinar o provável nível de função (3).

Devem-se atenuar o máximo possível as doenças clínicas pré-mórbidas, como nutrição inadequada. Diabetes mal controlado e doença cardiopulmonar podem interferir na cicatrização e/ou reabilitação. Fumar também é prejudicial à cicatrização, de modo que medidas para cessação do tabagismo são importantes.

Tratamento e complicações pós-operatórias

O tratamento pós-operatório imediato inclui medidas para

  • Manter a amplitude do movimento para prevenir contraturas articulares

  • Manter ou aumentar a força muscular e o condicionamento físico geral

  • Tratar edemas (p. ex., por compressão)

Quando a recuperação possibilitar, os pacientes devem começar a dessensibilizar o membro residual terminal, massageando e aplicando percussão, vibração e descarga de peso progressiva. Deve-se incentivar hábitos alimentares saudáveis.

O ajuste da prótese pode começar quando a ferida cirúrgica está suficientemente cicatrizada, o volume de líquido nos membros residuais está estabilizado em um nível aceitável, o paciente tem força muscular e amplitude de movimento articular geral suficientes e recebeu liberação médica — em geral, 7 a 10 semanas após a amputação.

O membro residual sofrerá alterações morfológicas consideráveis nos 6 a 18 meses após a amputação. Próteses preparatórias/temporárias são ajustadas até o membro residual se estabilizar, momento em que uma prótese definitiva é fornecida. Uma prótese temporária possibilita que o paciente se acostume à prótese e, no caso de amputação de membros inferiores, fique em pé e descarregue peso sobre o membro. Pode ser necessário substituir várias vezes o soquete antes que o volume de líquido no membro residual se estabilize e os procedimentos para colocar a prótese definitiva possam ser iniciados.

O treinamento da marcha para o membro inferior amputado visa melhorar a percepção espaço-temporal e a cinemática da articulação do membro inferior e minimizar a quantidade de energia necessária para deambular com a prótese (ver também Reabilitação de amputação das pernas).

Em geral, as complicações são a dor persistente no membro residual, a hipersensibilidade grave (tanto superficialmente quanto nos tecidos mais profundos), insuficiência circulatória, ruptura da pele e edema do membro residual. Isso pode ser decorrente de um problema no membro residual ou na prótese e/ou soquete.

Referências

  1. 1. Ziegler-Graham K, MacKenzie EJ, Ephraim PL, et al: Estimating the prevalence of limb loss in the United States: 2005 to 2050. Arch Phys Med Rehabil 89(3):422-429, 2008. doi:10.1016/j.apmr.2007.11.005

  2. 2. Webster JB, Crunkhorn A, Sall J, et al: Clinical Practice Guidelines for the Rehabilitation of Lower Limb Amputation: An Update from the Department of Veterans Affairs and Department of Defense. Am J Phys Med Rehabil 98(9):820-829, 2019. doi:10.1097/PHM.0000000000001213

  3. 3. Gailey RS, Roach KE, Applegate EB, et al: The Amputee Mobility Predictor: an instrument to assess determinants of the lower-limb amputee's ability to ambulate. Arch Phys Med Rehabil 83(5):613-27, 2002. doi: 10.1053/ampr.2002.32309

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