Quando a amputação for eletiva, algumas medidas preparatórias podem ajudar a otimizar a recuperação. É importante orientar o paciente e seus familiares o mais cedo possível sobre a necessidade de amputação e revisar todo o processo, desde a preparação pré-operatória até o ajuste protético e o convívio com uma prótese. Esses esclarecimentos ajudam a aumentar o comprometimento do paciente com o processo, o que é essencial para um desfecho bem-sucedido, e também maximiza o apoio da família. Reunir-se com um conselheiro que já passou por um processo de amputação pode ser útil para o paciente.
Tratamento pré-operatório
O tratamento pré-operatório envolve
Avaliação funcional
Planejamento
Programa de exercícios
Uma avaliação funcional determina as capacidades atuais do paciente juntamente com seus objetivos. Utilizando a avaliação funcional, o cirurgião, o protético e o fisioterapeuta estabelecem um plano para o pré e o pós-operatório.
Independentemente da idade e do estado físico atuais, os pacientes devem iniciar um programa de exercícios geral e específico o mais rápido possível no pré-operatório e continuar exercitando-se no pós-operatório. Exercícios para manter ou aumentar a força muscular, flexibilidade e amplitude de movimento são ensinados pelo fisioterapeuta. Quanto mais fortes e flexíveis são os pacientes, mais coisas eles conseguem fazer com ou sem suas próteses. Pode-se implementar um programa de terapia ocupacional quando preveem-se dificuldades nas atividades diárias.
Considerações pós-operatórias e pré-protéticas
Os objetivos do tratamento pós-operatório são:
Proteger o membro residual de trauma acidental (p. ex., choques, quedas)
Controlar edemas
Promover a cicatrização
Manter a força muscular, o condicionamento cardiovascular e a amplitude de movimento
Há muitas opções de curativos para proteger o membro residual e controlar o edema. O tratamento eficaz do edema melhora a circulação, promove a cicatrização e reduz a gravidade da dor pós-operatória e a dor do membro fantasma.
Um fisioterapeuta irá trabalhar com o paciente antes e após a alta hospitalar conforme necessário com base nas habilidades do paciente e na amputação específica. O treinamento pode incluir o treino de equilíbrio em pé, marcha nas barras paralelas, uso de andador, muletas e/ou cadeira de rodas e habilidades de autocuidado, incluindo transferências e higiene pessoal.
O protético avaliará o paciente semanalmente para monitorar o progresso e a prontidão dos membro residual para o ajuste de uma prótese preparatória, o que é feito quando o volume de líquido do membro residual estiver razoavelmente estável.
Prótese preparatória
Quando o membro residual cicatriza e o volume de líquido alcança um nível inicial de estabilidade — geralmente 6 a 10 semanas depois do pós-operatório, embora esse período possa ser maior se houver complicações — pode-se ajustar uma prótese preparatória. Uma prótese preparatória é uma prótese temporária que possibilita a descarga de peso progressiva e a troca dos componentes para atender aos requisitos funcionais em transformação do paciente à medida que ele se acostuma a deambular e a realizar outras atividades. O soquete da prótese preparatória pode precisar ser reajustado várias vezes durante esse período.
Além de melhorar a mobilidade e a independência, as vantagens da colocação precoce da prótese incluem alcançar melhor aceitação da amputação, restaurar a imagem corporal, reduzir a dor do membro fantasma, aumentar a propriocepção e a sensação do membro fantasma e acelerar a maturação do membro residual.
O membro residual de adultos continua passando por alterações consideráveis no volume e na forma nos 12 a 18 meses após a amputação. Nesse momento, a prótese preparatória pode ser trocada por uma prótese permanente ou definitiva, que geralmente utiliza os mesmos componentes de articulação e apêndice que foram identificados como ideais durante a fase preparatória. Entretanto, mesmo depois que um membro residual é considerado maduro (> 18 meses após a amputação), o volume de líquido do membro residual continuará flutuando ao longo do dia e a longo prazo. A magnitude da alteração varia entre os indivíduos e pode ser problemática.
Aprendendo a utilizar uma prótese de membro
O paciente aprende inicialmente como viver com uma prótese durante o processo de ajuste. O processo envolve várias consultas para alcançar níveis aceitáveis de conforto e de estabilidade.
Para pacientes com prótese de membro superior, depois que o conforto e a estabilidade são alcançados, o protético trabalha para fornecer a máxima capacidade funcional possível, com o posicionamento espacial apropriado das articulações e apêndices. Um terapeuta ocupacional trabalha então com o paciente para otimizar a função nas atividades diárias específicas do paciente.
Para pacientes com prótese de membro inferior, depois que se alcançam o conforto e a estabilidade dos membros residuais, introduz-se uma prótese de quadril, joelho, tornozelo e/ou pé para obter equilíbrio e postura (ver também Reabilitação de amputação das pernas). O paciente inicia a deambulação entre barras paralelas. O protético assegura que eficiência biomecânica suficiente é alcançada antes de o paciente passar pelo fisioterapeuta para receber treinamento da marcha. À medida que o paciente aprende a deambular de maneira eficaz, o protético modifica o soquete de modo a compensar as alterações morfológicas nos tecidos e no alinhamento biomecânico das articulações e apêndices. Além disso, à medida que o paciente se acostuma e é capaz de deambular mais, a prótese de quadril, joelho, tornozelo e/ou pé pode exigir alterações para fornecer deambulação e função ideais e eficientes.
Aconselhamento ou psicoterapia pode ser útil quando os pacientes apresentam dificuldade prolongada de adaptação à perda do membro e ao uso da prótese.