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Transtornos de ansiedade da separação

PorJosephine Elia, MD, Sidney Kimmel Medical College of Thomas Jefferson University
Reviewed ByAlicia R. Pekarsky, MD, State University of New York Upstate Medical University, Upstate Golisano Children's Hospital
Revisado/Corrigido: modificado mai. 2023
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Visão Educação para o paciente
É o medo, intenso, persistente, inapropriado, de separação da figura à qual está mais ligada (geralmente materna). As crianças afetadas tentam desesperadamente evitar estas separações. Quando a separação é forçada, elas tornam-se preocupadas, de maneira angustiante, com a reunificação. O diagnóstico é por critérios clínicos. O tratamento é com terapia comportamental para crianças e familiares, e nos casos graves são utilizados os ISRS.

(Ver também Visão geral dos transtornos de ansiedade em crianças e adolescentes.)

A ansiedade por separação é uma emoção normal em crianças de 8 a 24 meses; ela costuma desaparecer assim que as crianças entendem o conceito da permanência do objeto e percebem que seus pais irão retornar. Em algumas crianças esta ansiedade persiste além do tempo normal, ou retorna mais tarde, e pode ser suficientemente grave para ser considerada um distúrbio. Este tipo de ansiedade geralmente ocorre em crianças pequenas e é raro após a puberdade.

Estresses da vida (p. ex., morte de um parente, amigo ou animal de estimação; mudança geográfica, mudança para uma nova escola) podem desencadear o transtorno de ansiedade de separação. Além disso, algumas pessoas têm uma predisposição genética para ansiedade.

Sinais e sintomas do transtorno de ansiedade de separação

Da mesma maneira como acontece com o transtorno de ansiedade social, aqui também está presente a rejeição escolar (ou pré-escolar).

Cenas dramáticas ocorrem no momento da separação. As cenas de separação são dolorosas para ambas: a criança e a figura à qual ela está ligada (geralmente os pais ou atendente). A criança pede e implora com tal desespero que os pais são incapazes de sair, resultando em cenas prolongadas que se tornam cada vez mais difíceis de interromper. Quando estão separadas, a criança fixa-se na figura à que está mais ligada (geralmente a figura materna) e fica muito preocupada de que possa ocorrer algum dano (p. ex., acidente de carro ou uma doença grave). A criança também se recusa a dormir sozinha e insiste em ficar no mesmo quarto da pessoa à qual se sente mais ligada.

As crianças geralmente somatizam suas queixas (p. ex., cefaleia, dor de estômago).

O comportamento da criança geralmente é normal quando a pessoa a quem se liga está presente. Este comportamento pode, às vezes, dar a falsa impressão de que o problema é menor. Entretanto, algumas crianças têm preocupação persistente e excessiva sobre a perda da figura de apego (p. ex., doença, sequestro ou morte).

A ansiedade de separação tem um certo componente da própria ansiedade dos pais, o que exacerba a ansiedade da criança, levando a um círculo vicioso que apenas pode ser interrompido por tratamentos apropriados, para os pais e o filho ao mesmo tempo.

Diagnóstico do transtorno de ansiedade de separação

  • Avaliação psiquiátrica

  • Critérios do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5-TR)

Pode-se confirmar o diagnóstico do transtorno de ansiedade de separação pela história e observação dos cenários de separação. As manifestações devem estar presentes 4 semanas e causar sofrimento significativo ou prejudicar o funcionamento (p. ex., as crianças são incapazes de participar de atividades sociais ou escolares adequadas à idade).

Tratamento do transtorno de ansiedade de separação

  • Terapia comportamental

  • Raramente ansiolíticos

O tratamento do transtorno de ansiedade de separação é com terapia comportamental em que separações regulares são sistematicamente reforçadas. Cenas de despedida devem ser breves, e a mãe deve ser treinada para reagir aos protestos habituais. Auxiliar a criança a ligar-se a um adulto no ambiente escolar pode ajudar.

Em casos extremos, as crianças podem se beneficiar de um ansiolítico como um inibidor seletivo da recaptação de serotonina (ISRS — ver tabela Medicamentos para o tratamento de longo prazo da ansiedade e de transtornos relacionados). Entretanto, o distúrbio da ansiedade de separação frequentemente afeta crianças pequenas com menos de 3 anos, e nesta faixa de idade a experiência com o uso destes medicamentos é muito limitada.

Crianças tratadas com sucesso estão sujeitas a recaídas após feriados e intervalos escolares. Por este motivo, é prudente planejar separações regulares durante este período, o que ajudaria a criança a acostumar-se a ficar longe dos pais.

Pontos-chave

  • A ansiedade de separação é uma emoção normal entre 8 meses a 24 meses de idade; se persistir além do tempo normal, ou retornar mais tarde, pode ser grave o suficiente para ser considerada um transtorno.

  • Cenas dramáticas e penosas, com lamentos e súplicas, costumam ocorrer no momento da separação.

  • Uma atitude normal quando a pessoa à qual se apega está presente não significa que o problema é menor.

  • O tratamento envolve planejar separações regulares (inclusive durante feriados) e orientar a pessoa à qual se apega a reagir aos protestos da criança com naturalidade.

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