Transtornos de saúde mental são comuns em adolescentes. Considera-se a triagem para transtornos mentais uma parte rotineira dos cuidados de saúde dos adolescentes.
Depressão e ansiedade são comuns e devem ser rastreados rotineiramente. Muitos adolescentes podem ter sentimentos de tristeza e preocupação. Esses sentimentos são normais e os médicos podem tranquilizar adolescentes e famílias sobre a importância de lidar com esses sentimentos.
Quando os sentimentos de ansiedade e depressão são generalizados e interferem no funcionamento (p. ex., na escola, nos relacionamentos, em casa), os médicos podem diagnosticar ansiedade ou transtorno depressivo. Após avaliação e diagnóstico, os médicos podem sugerir tratamento comportamental, farmacoterapia ou ambos. A pandemia de covid-19 e a resposta global a ela, incluindo transtornos nas rotinas domiciliar e escolar, foram associados a maiores taxas de depressão e ansiedade entre adolescentes.
A ideação suicida também é comum nessa população de pacientes e o suicídio é a terceira principal causa de morte entre 14 e 18 anos de idade nos Estados Unidos (1). Há medidas que os médicos podem adotar para mitigar o risco de suicídio, incluindo a triagem apropriada para transtornos de saúde mental, reconhecendo os fatores de risco e facilitando o acesso aos recursos comunitários (2).
Transtornos do humor e transtornos comportamentais disruptivos (p. ex., transtorno desafiador opositivo, transtorno de conduta) muitas vezes se manifestam durante a adolescência. Esses distúrbios são normalmente tratados com psicoterapia, aconselhamento e suporte para os pais. O excesso de diagnóstico de transtornos comportamentais disruptivos é comum em razão dos vieses (3).
São comuns os transtornos alimentares, especialmente em meninas. Os transtornos alimentares são mais bem tratados por uma equipe especializada que inclui profissionais de saúde mental.
Transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é o transtorno de saúde mental mais comum na infância e muitas vezes persiste até a adolescência e idade adulta. Pesquisas mostraram resultados funcionais ruins a longo prazo em crianças diagnosticadas com TDAH que não são tratadas ou são inadequadamente tratadas em comparação com seus pares (4). Terapia comportamental e medicamentos podem melhorar os desfechos.
Os médicos são aconselhados a fazer o diagnóstico de transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) com cuidado antes de iniciar o tratamento porque outros transtornos, como depressão, ansiedade, e dificuldades de aprendizagem, podem se manifestar principalmente com sintomas de desatenção e mimetizar o TDAH. Por causa do potencial de uso abusivo, os estimulantes só devem ser prescritos depois de o diagnóstico de transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) ser confirmado.
Os médicos devem continuar a tratar e monitorar adolescentes diagnosticados com transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) na infância. Embora os transtornos por uso abusivo de substâncias sejam mais comuns em pessoas com transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH), o tratamento com estimulantes não parece aumentar o risco de desenvolver um transtorno por uso de substâncias e pode até mesmo diminuir o risco (5).
Pessoas com transtornos do pensamento (psicose), muitas vezes apresentam um "surto psicótico" durante a adolescência. O tratamento inclui uma combinação de medicação, psicoterapia e suporte social.
O médico que estabelece um relacionamento aberto e de confiança com um adolescente muitas vezes é capaz de identificar esses problemas, desenvolver um relacionamento terapêutico, oferecer conselhos práticos e, quando apropriado, incentivar o adolescente a aceitar o encaminhamento para atendimento especializado.
Impacto das redes sociais na saúde mental
O surgimento das mídias sociais mudou a maneira como os adolescentes se comunicam e acessam as informações. Adolescentes relatam sentir-se mais criativos e conectados nas redes sociais (6). Para adolescentes que se identificam como LGBTQIA, a internet e as redes sociais podem fornecer um espaço seguro para o apoio dos colegas e a conexão social (7). No entanto, há uma forte e crescente associação entre saúde mental precária e uso de mídia social entre adolescentes (8, 9).
Referências
1. Centers for Disease Control and Prevention. Youth Risk Behavior Surveillance—United States, 2021. MMWR Suppl. 2023:72(1):1–99.
2. Hua LL, Lee J, Rahmandar MH, Sigel EJ; COMMITTEE ON ADOLESCENCE; COUNCIL ON INJURY, VIOLENCE, AND POISON PREVENTION. Suicide and Suicide Risk in Adolescents. Pediatrics. 2024;153(1):e2023064800. doi:10.1542/peds.2023-064800
3. Fadus MC, Ginsburg KR, Sobowale K, et al. Unconscious Bias and the Diagnosis of Disruptive Behavior Disorders and ADHD in African American and Hispanic Youth. Acad Psychiatry. 2020;44(1):95-102. doi:10.1007/s40596-019-01127-6
4. Shaw M, Hodgkins P, Caci H, et al. A systematic review and analysis of long-term outcomes in attention deficit hyperactivity disorder: effects of treatment and non-treatment. BMC Med. 2012;10:99. Publicado em 4 de setembro de 2012. doi:10.1186/1741-7015-10-99
5. Wilens TE, Adamson J, Monuteaux MC, et al. Effect of prior stimulant treatment for attention-deficit/hyperactivity disorder on subsequent risk for cigarette smoking and alcohol and drug use disorders in adolescents. Arch Pediatr Adolesc Med. 2008;162(10):916-921. doi:10.1001/archpedi.162.10.916
6. Vogels EA, Gelles-Watnick R. Teens and social media: Key findings from Pew Research Center surveys. Pew Research Center. 2024.
7 Berger MN, Taba M, Marino JL, Lim MSC, Skinner SR. Social Media Use and Health and Well-being of Lesbian, Gay, Bisexual, Transgender, and Queer Youth: Systematic Review. J Med Internet Res. 2022;24(9):e38449. Published 2022 Sep 21. doi:10.2196/38449
8. Riehm KE, Feder KA, Tormohlen KN, et al. Associations Between Time Spent Using Social Media and Internalizing and Externalizing Problems Among US Youth. JAMA Psychiatry. 2019;76(12):1266-1273. doi:10.1001/jamapsychiatry.2019.2325
9. U.S. Department of Health and Human Services. Social Media and Youth Mental Health. Accessed July 31, 2024.