Nos Estados Unidos, a incidência geral de câncer em crianças e adolescentes aumentou ao longo do tempo. De 1975 a 2022, as taxas aumentaram cerca de 0,8 por 100.000 a cada ano. Entretanto, de 1970 a 2020, as taxas de mortalidade caíram 70% em crianças (de 6,3 para 1,9 por 100.000) e 64% em adolescentes (de 7,2 para 2,6 por 100.000) (1). Em 2024, estima-se que aproximadamente 10.000 casos de câncer sejam diagnosticados em crianças desde o nascimento até 14 anos e aproximadamente 5.300 casos de câncer devem ser diagnosticados em adolescentes de 15 a 19 anos (1).
O câncer é uma das principais causas de mortalidade pediátrica. Nos Estados Unidos, o câncer é a segunda causa mais comum de morte entre crianças de 1 a 14 anos (superada apenas por acidentes) e é a quarta causa mais comum de morte em adolescentes de 15 a 19 anos (1).
Muitos dos cânceres mais comuns que ocorrem em crianças ou adolescentes (do nascimento aos 14 anos de idade) também podem ocorrer em adultos. Esses incluem (1)
Leucemia, o câncer pediátrico mais comum (representando cerca de 28% dos casos de câncer na infância)
Tumores cerebrais e do sistema nervoso central (25% dos casos)
Linfomas (12% dos casos)
Osteossarcoma e sarcoma de Ewing (4% dos casos)
Cânceres que ocorrem exclusivamente em crianças (do nascimento aos 14 anos) incluem
Rabdomiossarcoma
Aproximadamente 85% das crianças e adolescentes com câncer sobrevivem por pelo menos 5 anos (2). Nos Estados Unidos, em 2020, estimava-se que havia 496.000 adultos sobreviventes de câncer infantil (isto é, inicialmente diagnosticado antes dos 20 anos) (3). Crianças que sobrevivem ao câncer levam mais tempo que os adultos para desenvolver, a longo prazo, as consequências da quimioterapia, cirurgia e radioterapia, que pode incluir
Deficit de crescimento
Puberdade atrasada ou ausente
Infertilidade
Lesão cardíaca
Efeitos psicossociais
Déficits de desenvolvimento e/ou neurológicos
Desenvolvimento de cânceres secundários (em 3 a 12% dos sobreviventes, variando de acordo com o câncer inicial e o tipo de tratamento)
Consenso de instruções sobre triagens e condutas para consequências a longo prazo está disponível, pelo Children's Oncology Group.
Devido às graves consequências e complexidade de tratamento, crianças com câncer são mais bem tratadas em centros com especialistas em câncer pediátrico.
O tratamento do câncer infantil depende do tipo, estágio e/ou classificação de risco do câncer. Os tratamentos comuns incluem quimioterapia, cirurgia, radioterapia e transplante de células-tronco.
A imunoterapia é um tipo de tratamento que ajuda o sistema imunitário do indivíduo a atacar o câncer e pode ser útil para certos cânceres pediátricos. Diferentes tipos de imunoterapia incluem anticorpos monoclonais, terapia com vírus oncolíticos, vacinas contra câncer, terapia com células T do receptor de antígeno quimérico (terapia CAR com células T) e acopladores biespecíficos de células T. Utiliza-se a terapia com células CAR-T anti-CD19 na leucemia linfoblástica aguda pré-célula B pediátrica.
Além disso, a terapia alvo é outra abordagem de tratamento que foi desenvolvida de modo a ter como alvo proteínas que controlam como as células cancerosas se proliferam e metastatizam. Em geral, o alvo dessas terapias é uma mutação genética específica e elas são a base da medicina de precisão. Utilizam-se diversos tipos diferentes de terapia alvo em cânceres pediátricos com mutações específicas. Alguns exemplos da terapia alvo incluem imatinibe para tratamento da leucemia mieloide crônica, larotrectinibe para tratamento de tumores sólidos com fusões dos genes NTRK, e dabrafenibe trametinibe para gliomas de baixo grau com mutações BRAFV600E.
Uma equipe de genética oncológica deve avaliar crianças recém-diagnosticadas com câncer à procura de uma síndrome de predisposição ao câncer. Uma síndrome de predisposição a câncer é uma mutação genética na linha germinativa que aumenta as chances de desenvolver câncer em uma idade mais precoce em comparação com o risco para a população em geral.
O impacto psicossocial do diagnóstico de câncer e a intensidade do tratamento podem ser avassaladores para a criança e a família. Manter um sentido de normalidade para a criança é difícil, especialmente pela necessidade de frequentes hospitalizações, visitas médicas e procedimentos potencialmente dolorosos. O violento estresse é típico, como pais esforçando-se para continuar a trabalhar, dar atenção aos irmãos e atender as necessidades da criança enfermo. A situação é ainda mais dificil quando o tratamento da criança é feito longe de casa.
Referências gerais
1. Siegel RL, Giaquinto AN, Jemal A. Cancer statistics, 2024 [published correction appears in CA Cancer J Clin. 2024 Mar-Apr;74(2):203]. CA Cancer J Clin. 2024;74(1):12-49. doi:10.3322/caac.21820
2. American Cancer Society: Key Statistics for Childhood Cancers. Acessado em 14 de maio de 2024.
3. SEER*Explorer: An interactive website for SEER cancer statistics [Internet]. Surveillance Research Program, National Cancer Institute; 2024 Apr 17. [cited 2024 May 31]. Disponível em: https://seer.cancer.gov/statistics-network/explorer/. Fonte(s) de dados: SEER Incidence Data, November 2023 Submission (1975-2021), SEER 22 registries (excluding Illinois and Massachusetts). Expected Survival Life Tables by Socio-Economic Standards. Acessado em 8 de maio de 2024.
Informações adicionais
O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.
Children's Oncology Group: Consensus guidelines on screening for and management of long-term consequences of pediatric cancer