- Como fazer um bloqueio nervoso infraorbital, percutâneo
- Como fazer bloqueio do nervo oftálmico
- Como fazer bloqueio do nervo ulnar
- Como fazer bloqueio do nervo mediano
- Como fazer bloqueio do nervo radial
- Come fazer um bloqueio nervosa digital
- Como fazer infiltração local na ferida
- Administrar sedação e analgesia
Um bloqueio do nervo ulnar anestesia as superfícies palmar e dorsal da metade hipotenar da mão (do dedo mínimo à metade ulnar do dedo anelar).
Recursos do assunto
Pode-se realizar bloqueio do nervo ulnar utilizando marcos anatômicos ou orientação ultrassonográfica. A orientação ultrassonográfica aumenta a probabilidade de sucesso do bloqueio de nervos periféricos e reduz o risco de complicações, mas requer equipamento e pessoal treinado.
(Ver também Anestesia local para tratamento de laceração.)
Indicações
Laceração ou outra lesão tratada cirurgicamente da superfície palmar ou dorsal da metade ulnar (medial) da mão, incluindo o dedo mínimo e a metade ulnar do dedo anelar*
Remoção de anel do dedo mínimo ou anelar
Um bloqueio nervoso tem vantagens em relação à infiltração anestésica local porque pode causar menos dor (p. ex., no reparo cutâneo palmar) e não distorce o tecido
* Para anestesiar toda a palma da mão, realizar também o bloqueio do nervo mediano.
Contraindicações
Contraindicações absolutas
História de alergia ao agente anestésico ou veículo de entrega (escolher um anestésico diferente)
Ausência dos marcos anatômicos necessários para orientar a inserção da agulha (p. ex., decorrente de trauma)
Contraindicações relativas
Infecção na via de inserção da agulha: utilizar procedimento de sedação ou outra anestesia.
Coagulopatia*: quando viável, corrigir antes do procedimento ou utilizar um meio diferente de analgesia.
* Anticoagulação terapêutica (p. ex., para embolia pulmonar) aumenta o risco de sangramento com bloqueios nervosos, mas isso deve ser ponderado em relação ao maior risco de trombose (p. ex., acidente vascular encefálico) se a anticoagulação é revertida. Discutir qualquer reversão prevista com o médico responsável pela anticoagulação do paciente e então com o paciente.
Complicações
Reação adversa ao anestésico ou ao veículo de entrega [p. ex., reação alérgica ao anestésico (rara) ou ao metilparabeno (um conservante)]
Toxicidade decorrente de superdosagem de anestésico (p. ex., convulsões, arritmias cardíacas) ou efeitos simpatomiméticos decorrentes da adrenalina (se for utilizada uma mistura de anestésico-adrenalina)
Injeção intravascular de anestésico ou adrenalina
Hematoma
Neurite
Disseminação da infecção, passando a agulha por uma área infectada
A maioria das complicações resulta de inserção imprecisa da agulha.
Equipamento
Luvas não estéreis
Precauções de barreiras como indicado (p. ex., máscara, óculos de segurança ou protetor facial, gorro e avental)
Solução antisséptica (p. ex., iodopovidona, álcool)
Anestésico* local injetável, como lidocaína a 2% com adrenalina* 1:100.000 ou, para anestesia de maior duração, bupivacaína a 0,5% com o adrenalina† 1:200.000
Seringa (p. ex., 10 mL) e agulha (p. ex., calibre 25 ou 27, 3,5 cm de comprimento).
Para ultrassonografia: aparelho de ultrassom com sonda de matriz linear (transdutor) de alta frequência (p. ex., 7,5MHz ou superior); cobertura de sonda (p. ex., cobertura estéril transparente, cobertura de sonda descartável); lubrificante estéril à base de água, pacote de uso único (preferível ao frasco de gel de ultrassom multiuso)
* Anestésicos locais são discutidos em Lacerações.
† Dose máxima dos anestésicos locais: lidocaína sem adrenalina, 5 mg/kg; lidocaína com adrenalina, 7 mg/kg; bupivacaína, 1,5 mg/kg. NOTA: solução a 1% (de qualquer substância) representa 10 mg/mL (1 g/100 mL). A adrenalina causa vasoconstrição, que prolonga o efeito anestésico. Pacientes com doença cardíaca devem receber somente quantidades limitadas de adrenalina (máximo de 3,5 mL de solução contendo adrenalina a 1:100.000); alternativamente, utilizar anestésico local sem adrenalina.
Considerações adicionais
Documentar quaisquer deficits de nervo preexistentes antes de fazer um bloqueio nervoso.
Interromper o procedimento de bloqueio do nervo se não tiver certeza de onde está a agulha ou se o paciente não cooperar. Considerar sedação para pacientes que não conseguem cooperar.
Anatomia relevante
O nervo ulnar localiza-se ao longo da face ulnar do punho, medialmente (ulnar) à artéria ulnar.
A artéria e o nervo são profundos em relação ao tendão do flexor ulnar do carpo, que se insere no pisiforme.
Os ramos cutâneos dorsais do nervo envolvem a ulna para inervar o dorso do aspecto ulnar da mão.
Posicionamento
Colocar o paciente com o braço em repouso, com a palma da mão virada para cima.
Descrição passo a passo do procedimento
Verificar a sensibilidade e função motora do nervo ulnar.
Utilizar luvas e precauções de barreira apropriadas.
Localizar o tendão do flexor ulnar do carpo palpando imediatamente proximal ao osso pisiforme enquanto o paciente flexiona o punho contra resistência.
O local de entrada da agulha: insere-se a agulha horizontalmente no aspecto ulnar do punho, na prega flexora proximal, sob o tendão do flexor do carpo ulnar e distalmente ao processo estiloide da ulna.
Limpar o local com solução antisséptica.
Criando uma pápula na pele, aplicar o anestésico (se estiver sendo utilizado) no local de entrada da agulha.
Inserir a agulha horizontalmente, sob o tendão flexor ulnar do carpo, e avançá-la cerca de 1 a 1,5 cm lateralmente (radialmente) em direção ao nervo ulnar. Se ocorrer parestesia durante a inserção, retirar a agulha 1 a 2 mm.
Aspirar para excluir inserção intravascular e então injetar lentamente (isto é, ao longo de 30 a 60 segundos) 3 a 5 mL do anestésico.
Em seguida, anestesiar os ramos dorsais do nervo ulnar: retirar a agulha, então reinseri-la dorsalmente e infiltrar lentamente 5 a 6 mL adicionais de anestésico por via subcutânea da borda lateral do tendão do flexor ulnar do carpo à linha média dorsal.
Esperar 5 a 10 minutos para o anestésico ter efeito.
Bloqueio do nervo ulnar, orientado por ultrassonografia
Configurar o aparelho de ultrassonografia no modo 2-D ou modo B. Ajustar as configurações do monitor e a posição da sonda, se necessário, para alcançar uma orientação esquerda-direita precisa. Isso quase sempre significa orientar a marca lateral na sonda ao lado esquerdo do operador (que corresponde ao ponto/símbolo do marcador do lado esquerdo no monitor de ultrassom).
Limpar as laterais e a superfície palmar do punho com solução antisséptica.
Aplicar uma camada de gel à ponta da sonda e cobri-la firmemente com um curativo estéril transparente (para eliminar bolhas de ar sob o curativo). Aplicar lubrificante estéril à ponta coberta.
Inserir a ponta da sonda transversalmente (incidência transversal de eixo curto) na prega proximal do punho.
Ajustar o ganho no console de modo que os vasos sanguíneos permaneçam hipoecoicos (pareçam escuros no monitor de ultrassom) e os tecidos circundantes tenham tons de cinza. Os nervos têm um formato triangular ecogênico (branco) alveolado, muitas vezes adjacente a uma artéria.
Ajustar a profundidade máxima em aproximadamente duas vezes a distância entre a superfície e a artéria ulnar.
Deslizar a sonda transversalmente conforme necessário para centralizar a artéria no monitor de ultrassom. Identificar o nervo ulnar medialmente adjacente à artéria.
Deslizar lentamente a sonda subindo pelo punho para visualizar mais claramente o nervo e a artéria, com algum espaço entre eles. Mover a sonda proximalmente ao terço distal do antebraço para assegurar a colocação do bloqueio proximal aos ramos nervosos cutâneos superficiais. Não mover a sonda desse local.
Inserir a agulha e inclinar/girar ligeiramente a sonda para ver a agulha no monitor de ultrassom (uma imagem longitudinal, no mesmo plano).
Mantendo a imagem longitudinal de toda a agulha no monitor, avançar a agulha até sua ponta estar próxima ao nervo.
Injetar uma pequena dose de teste do anestésico (cerca de 0,25 mL) para verificar se ele se distribui ao redor do nervo. Do contrário, aproximar a agulha do nervo e injetar outra dose de teste.
Quando a ponta da agulha estiver corretamente posicionada, injetar 1 a 2 mL de solução anestésica de modo a circundar ainda mais o nervo. Se necessário, reposicionar a ponta da agulha e injetar pequenas quantidades adicionais; entretanto, o sinal de anel — nervo completamente circundado pelo anestésico — não é exigido.
Cuidados posteriores
Assegurar que há hemostasia no local da injeção.
Instruir o paciente sobre o tempo previsto para a resolução da anestesia.
Alertas e erros comuns
Para minimizar o risco de quebra da agulha, não curvá-la, não inseri-la na profundidade total (isto é, até o canhão) nem tentar alterar a direção da agulha enquanto a insere.
Para ajudar a prevenir uma lesão nervosa ou injeção intraneural, instruir os pacientes a notificar parestesias ou dor durante o procedimento de bloqueio do nervo.
Para ajudar a prevenir injeções intravasculares, aspirar antes de injetar.
Sempre manter a visualização por ultrassom da ponta da agulha durante a inserção.
Se utilizar ultrassonografia, sempre manter a visualização por ultrassom da ponta da agulha durante a inserção.
Dicas e truques
Minimizar a dor da injeção injetando lentamente (p. ex., 30 a 60 segundos), aquecendo a solução anestésica até a temperatura corporal e tamponando o anestésico.
Alguns médicos preferem utilizar uma seringa de insulina e uma abordagem palmar para um bloqueio do nervo ulnar baseado em pontos de referência, inserindo a agulha imediatamente lateral (radial) ao tendão do flexor ulnar do carpo, entre as pregas flexoras proximal e distal do punho; entretanto, essa técnica pode aumentar o risco de injeção na artéria ulnar.