Massas ovarianas benignas consistem em cistos funcionais (p. ex., cistos do corpo lúteo) e neoplasias (p. ex., teratomas benignos). A maioria é assintomática; algumas causam dor pélvica. A avaliação inclui exame ginecológico, ultrassonografia transvaginal e, às vezes, mensuração de marcadores tumorais. O tratamento varia de acordo com o tipo de massa; realizam-se cirurgias de cistectomia ou ooforectomia se a massa for sintomática ou houver suspeita de câncer.
Cistos ovarianos ou outras massas ovarianas são um problema ginecológico comum. Cistos funcionais, que se desenvolvem como parte do ciclo menstrual, são comuns e, em geral, desaparecem sem tratamento. Talvez seja necessário remover massas sintomáticas ou que não desaparecem cirurgicamente para serem tratadas e verificadas quanto à presença de câncer de ovário.
Cistos ovarianos funcionais
Há 2 tipos de cistos funcionais:
Cistos foliculares: esses cistos se desenvolvem dos folículos de Graaf (sacos cheios de líquido que contêm ovos e estão localizados nos ovários).
Cistos do corpo lúteo: esses cistos se desenvolvem do corpo lúteo (que se forma a partir do folículo dominante depois da ovulação). Podem sangrar para o interior da cavidade cística, distendendo a cápsula ovariana ou se rompendo no peritônio.
A maioria dos cistos funcionais tem < 1,5 cm de diâmetro; poucos excedem 5 cm. Os cistos funcionais geralmente regridem espontaneamente após dias ou semanas.
A síndrome do ovário policístico costuma ser definida como uma síndrome clínica, não pela presença de cistos ovarianos. Mas os ovários tipicamente contêm vários cistos foliculares de 2 a 6 mm e, às vezes, grandes cistos contendo células atrésicas.
Tumores ovarianos benignos
Os tumores ovarianos benignos geralmente crescem de modo lento e raramente se transformam em malignos. Eles incluem:
Teratomas benignos (maduros): e sses tumores são tumores de células germinativas; também são chamados dermoides também chamados de cistos dermoides porque, apesar de derivarem das 3 camadas de células germinativas, consistem principalmente em tecido ectodérmico.
Miomas: esses tumores do tecido conjuntivo de crescimento lento geralmente têm < 7 cm de diâmetro.
Cistadenomas: esses tumores, na maioria das vezes, são serosos ou mucinosos.
Sinais e sintomas das massas ovarianas benignas
A maioria dos cistos funcionais e tumores benignos é assintomática, mas alguns causam dor pélvica intermitente, indistinta ou aguda, ou, raramente, dispareunia profunda.
Os cistos de corpo lúteo hemorrágicos podem causar dor ou sinais de peritonite, especialmente à ruptura. Às vezes, dor abdominal intensa resulta de torção anexial de um cisto ou massa, geralmente > 4 cm.
Em casos raros, ascite e derrame pleural acompanham fibromas ovarianos; essa tríade de achados é chamada de síndrome de Meigs.
Diagnóstico das massas ovarianas benignas
Ultrassonografia transvaginal
Às vezes, testes para marcadores tumorais
Em geral, as massas são detectadas casualmente durante exame pélvico ou exames de imagem, mas podem ser sugeridas por sinais e sintomas.
Realiza-se teste de gravidez para excluir gestação ectópica ou ameaça de aborto em uma paciente com dor pélvica ou sangramento uterino anormal.
Em geral, ultrassonografia transvaginal é o exame de primeira linha para confirmar o diagnóstico.
Massas com características radiográficas de câncer (p. ex., componentes císticos e sólidos mistos, excrescências na superfície, aparência multilocular, septações espessas, forma irregular) ou acompanhadas de ascite exigem consulta com um especialista e excisão.
Realizam-se testes para marcadores tumorais se houver suspeita de câncer de ovário. Em geral, dosa-se a proteína CA 125 em mulheres na pós-menopausa com massa ovariana, mas seu uso em mulheres na pré-menopausa requer julgamento clínico. Esse e outros marcadores tumorais não são confiáveis para o diagnóstico porque não têm sensibilidade, especificidade e valores preditivos adequados. Por exemplo, os valores dos marcadores tumorais podem ser falsamente elevados em mulheres com endometriose, miomas uterinos, peritonite, colecistite, pancreatite, doença inflamatória do intestino ou vários cânceres. Marcadores tumorais são mais bem utilizados para monitorar a resposta ao tratamento nas pacientes com câncer ovariano conhecido
Tratamento das massas ovarianas benignas
Monitoramento com ultrassonografia transvaginal seriada para acompanhar cistos específicos
Às vezes, cirurgia (cistectomia ou ooforectomia)
Muitos cistos funcionais < 5 cm desaparecem sem tratamento; faz-se ultrassonografia seriada para documentar seu desaparecimento. Se as mulheres assintomáticas em idade reprodutiva têm massas anexiais císticas simples na parede fina de 5 a 8 cm (em geral, foliculares) sem características de imagem de câncer, o tratamento expectante com ultrassonografia repetida (p. ex., a cada 6 a 8 semanas) é apropriado.
Tumores benignos exigem tratamento. Massas com características radiográficas de câncer exigem laparoscopia exploratória ou laparotomia e excisão.
Se tecnicamente viável, os cirurgiões visam preservar os ovários (p. ex., por cistectomia).
A ooforectomia é realizada nos casos a seguir:
Fibromas que não podem ser removidos por cistectomia
Cistadenomas
Teratomas císticos > 10 cm
Outros tipos de cistos que não podem ser removidos separadamente dos ovários
Em mulheres na pós-menopausa, a maioria dos cistos ou massas, especialmente se tiverem > 5 cm
Pontos-chave
Cistos ovarianos e tumores ovarianos benignos são problemas ginecológicos comuns.
Cistos funcionais, que se desenvolvem como parte do ciclo menstrual, tendem a ser pequenos (geralmente < 1,5 cm de diâmetro), a ocorrer em mulheres na pré-menopausa e a desaparecer espontaneamente.
Cistos funcionais e tumores benignos costumam ser assintomáticos, mas, às vezes, causam dor pélvica maçante ou aguda.
Excisar massas com características radiográficas de câncer (p. ex., componente sólidos e císticos, excrescências na superfície, aparência multilocular, forma irregular) ou que são acompanhadas de ascite.
Excisar certos cistos e tumores benignos, incluindo cistos que não desaparecem espontaneamente.