Fertilização e desenvolvimento do embrião

PorRaul Artal-Mittelmark, MD, Saint Louis University School of Medicine
Revisado/Corrigido: jul. 2024
Visão Educação para o paciente

    Para a fertilização (concepção), os espermatozoides (gametas haploides masculinos) migram através do canal cervical, passando pela cavidade uterina até as tubas uterinas. No ovário, os folículos se desenvolvem e, durante a ovulação, o folículo dominante libera um oócito (gameta haploide feminino). O oócito entra na tuba uterina através da extremidade fimbriada, viaja através da tuba uterina e então passa para a cavidade uterina. O oócito torna-se um óvulo fertilizado quando um espermatozoide penetra as camadas externas do oócito. A fertilização ocorre geralmente enquanto o oócito está na tuba uterina.

    Gametogênese feminina e masculina

    Gametogênese é o processo de transformação de células germinativas primordiais em gametas maduros: oogênese em mulheres e espermatogênese em homens. Tanto em mulheres como em homens, começa com células germinativas diploides que então passam por mitose, meiose e citodiferenciação e se transformam em gametas haploides.

    Normalmente, 1 espermatozoide fertiliza 1 oócito. Entretanto, 2 oócitos podem ser liberados e então fertilizados por 2 espermatozoides, resultando em uma gestação gemelar dizigótica (fraterna). Gestações múltiplas de ordem mais alta (p. ex., trigêmeos, quadrigêmeos) podem ocorrer se mais de 2 oócitos forem liberados e fertilizados, mas isso é raro. Além disso, mais de 1 espermatozoide pode penetrar em um único oócito, mas isso resulta em um zigoto anormal.

    Em uma mulher com ciclos menstruais de 28 dias, a ovulação ocorre cerca de 14 dias após o primeiro dia do período menstrual. Na ovulação, o muco do colo do útero torna-se menos viscoso, facilitando o movimento rápido dos espermatozoides em direção ao oócito. Os espermatozoides podem permanecer vivos no trato reprodutivo por cerca de 3 dias após a relação sexual.

    O óvulo fertilizado (zigoto) é diploide. Divide-se repetidamente à medida que migra para o local de implantação no endométrio (geralmente perto do fundo ou da parede posterior do útero). No momento da implantação, o zigoto tornou-se um blastocisto, que é uma camada de células em torno de uma cavidade. A parede do blastocisto tem 1 célula de espessura, com exceção do polo embrionário, que tem 3 ou 4 células de espessura. Aproximadamente 6 dias após a fertilização, o blastocisto se implanta no revestimento uterino; o polo embrionário, que se desenvolverá no embrião é o primeiro ponto de implantação.

    Saco amniótico e placenta

    Dentro de 1 ou 2 dias da implantação, uma camada de células (células trofoblásticas) se desenvolve ao redor do blastocisto. O progenitor de células das vilosidades trofoblasto, a célula-tronco da placenta, se desenvolve ao longo de 2 linhas celulares:

    • Células trofoblásticas extravilosas não proliferativas: essas células, por sua vez, penetram o endométrio, reforçando e facilitando a implantação da placenta.

    • Células sinciciotrofoblásticas: essas células que produzem gonadotropina coriônica perto do 10º dia e outros hormônios tróficos logo depois.

    Do troflobasto se desenvolvem uma camada interna (âmnio) e outra externa (cório) de membranas; essas membranas formam o saco amniótico, que contém o concepto (termo utilizado para derivados do zigoto em qualquer estágio — ver figura Placenta e embrião com cerca de 11 4/7 semanas de gestação). Quando o saco é formado e a cavidade do blastocisto se fecha (em 10 dias, aproximadamente), o concepto é considerado embrião. O saco amniótico se enche de líquido e se expande com o crescimento do embrião, preenchendo a cavidade endometrial cerca de 12 semanas após a concepção; então, o saco amniótico se torna a única cavidade que permanece no útero.

    Placenta e embrião com cerca de 11 4/7 semanas de gestação

    O embrião mede 4,2 cm.

    Os trofoblastos transformam-se em células que formam a placenta. O trofoblasto extravilo também forma os vilos, que penetram no útero. Os sinciciotrofoblastos cobrem os vilos. Os sinciotrofoblastos sintetizam hormônios tróficos e provêm a troca arterial e venosa entre a circulação do concepto e a da mãe.

    A placenta se forma por completo ao redor da 18ª à 20ª semana, mas continua a crescer, chegando a pesar cerca de 500 g.

    Embrião

    Por volta do 10º dia após fertilização, 3 camadas germinativas (ectoderma, mesoderma e endoderma) estão bem definidas no embrião. A partir de então, a linha primitiva que forma o tubo neural começa a se desenvolver.

    Ao redor do 16º dia, a porção cefálica do mesoderma espessa-se, formando um canal central que forma o coração e os grandes vasos. O coração começa a bombear plasma ao redor do 20º dia e, no dia seguinte, aparecem os eritrócitos do feto, que são imaturos e nucleados. Os eritrócitos fetais são logo substituídos pelos eritrócitos maduros e os vasos sanguíneos se desenvolvem por todo o embrião. Por fim, desenvolvem-se a artéria e a veia umbilical, que conectam os vasos embrionários à placenta.

    A maioria dos órgãos se forma entre o 21º e o 57º dia após a fecundação (entre a 5ª e a 10ª semana de gestação); entretanto, o sistema nervoso central continua a se desenvolver durante toda a gestação. A suscetibilidade para malformações induzidas por teratógenos é maior durante a formação dos órgãos.

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