Cânceres comuns em pacientes com infecção pelo HIV

PorEdward R. Cachay, MD, MAS, University of California, San Diego School of Medicine
Revisado/Corrigido: mai. 2024
Visão Educação para o paciente

    Os cânceres definidores da aids em pacientes infectados pelo HIV são

    Outros tipos de câncer cuja incidência ou gravidade parecem aumentar drasticamente são

    Liomiossarcoma é uma complicação rara de infecção pelo HIV em crianças. Além disso, as taxas dos outros tumores comuns (p. ex., pulmão, cabeça e pescoço e carcinomas cervicais; hepatomas) são muitas vezes mais elevadas nos pacientes infectados pelo HIV do que na população em geral. Esse achado pode refletir, pelo menos em parte, a maior exposição aos vírus ou às toxinas que causam esses tipos de câncer; hepatite B e C para hepatoma, papilomavírus humano para os carcinomas de colo do útero, anal, peniano e orofaríngeo, e álcool e tabaco para os carcinomas de pulmão e de cabeça e pescoço.

    (Ver também Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana HIV].)

    Linfoma não Hodgkin

    A incidência do linfoma não Hodgkin é 50 a 200 vezes mais alta em pacientes infectados pelo HIV. A maioria é constituída por linfomas de células B agressivos, de subtipo histológico de alto grau. Ao diagnóstico, locais extranodais estão geralmente envolvidos, como a medula óssea, o trato gastrointestinal e outros locais não comuns em linfoma não Hodgkin não associado ao HIV como sistema nervoso central e cavidades corporais (p. ex., pleura, pericárdio, peritônio).

    Apresentações comuns incluem rápido aumento de linfonodos ou massas extranodais e sintomas sistêmicos (p. ex., perda ponderal, sudorese noturna, febres).

    FAz-se o diagnóstico por biópsia com análise histopatológica e imunoquímica das células tumorais. Linfócitos anormais circulantes ou citopenias inesperadas sugerem envolvimento de medula óssea, demandando biópsias de medula. O estadiamento tumoral pode requerer exames de líquido cefalorraquidiano e TC ou RM de tórax, abdome e outras áreas suspeitas de tumor.

    Fatores de mau prognóstico são os seguintes:

    • Contagem de CD4 < 100/mcL

    • Idade > 35 anos

    • Estado funcional precário

    • Envolvimento de medula óssea

    • História de infecções oportunistas

    • Subtipo histológico de alto grau

    O tratamento do linfoma não Hodgkin é com vários esquemas de quimioterapia sistêmica multifármaco contendo ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina, prednisona e etoposídeo. Esses fármacos são combinados com rituximabe IV e um anticorpo monoclonal anti-CD20 e suplementadas com terapia antirretroviral (TARV), antibióticos e antifúngicos profiláticos, e fatores de crescimento hematológicos. A terapêutica pode ser limitada por mielossupressão profunda, em particular quando se utiliza a combinação de fármacos mielossupressoros antitumorais ou antirretrovirais. Radioterapia pode diminuir tumores grandes e controlar dor e sangramento.

    Linfoma primário do sistema nervoso central

    A incidência do linfoma primário do sistema nervoso central aumenta acentuadamente em pacientes infectados pelo HIV com contagem de CD4 muito baixa.

    Linfomas primários do sistema nervoso central consistem em células B malignas de grau intermediário ou alto, originárias no tecido do sistema nervoso central. Os linfomas não têm disseminação sistêmica, mas seu prognóstico é reservado; a taxa média de sobrevida é < 6 meses.

    Os sintomas característicos incluem cefaleia, convulsões, alterações neurológicas (p. ex., paralisia de pares cranianos) e alteração do nível de consciência.

    O tratamento agudo dos linfomas primários do sistema nervoso central requer controle do edema cerebral com uso de corticoides. Embora radioterapia de todo o cérebro e quimioterapia antitumoral com dose alta de metotrexato isolados ou combinados com outros fármacos ou rituximabe sejam comumente utilizados, nenhum desses esquemas foi rigorosamente avaliado. Em estudos observacionais da TARV e em um único ensaio clínico do rituximabe, a sobrevida pareceu melhorar.

    Câncer do colo do útero

    Em mulheres infectadas pelo HIV, a prevalência das infecções por papilomavírus humano (HPV) é maior, os subtipos oncogênicos (tipos 16, 18, 31, 33, 35 e 39) persistem, a incidência de displasia intraepitelial cervical (DIC) é de até 60% e a incidência do câncer do colo do útero é maior (1). Contudo, cânceres cervicais, se ocorrerem, são mais extensos, mais dificilmente curados e apresentam maiores taxas de recorrência após o tratamento.

    O risco de câncer de colo do útero em mulheres com HIV aumenta com doença mal controlada, incluindo alta carga viral, baixa contagem de CD4 ou resposta insuficiente à TARV.

    Os métodos de tratamento da DIC ou câncer de colo do útero não é alterado pela infecção por HIV. Testes frequentes de Papanicolau são importantes para monitorar a progressão da DIC. A TRA pode resultar no desaparecimento da infecção por HPV e regressão da NIC, mas não tem nenhum efeito claro sobre o câncer.

    Carcinoma de células escamosas do ânus ou vulva

    Carcinoma de células escamosas do ânus e carcinoma de células escamosas da vulva são causados pelos mesmos tipos oncogênicos do HPV que as neoplasias cervicais, e são mais frequentes nas pacientes com sorologia positiva para o HIV. A maior incidência da neoplasia intraepitelial anal e cânceres nesses pacientes parece ser causada tanto por comportamentos de alto risco (p. ex., intercurso anal receptivo) como imunossupressão pelo HIV; a TARV pode diminuir o risco de progressão.

    A displasia anal é comum e os cânceres de células escamosas podem ser muito agressivos.

    Os tratamentos incluem extirpação cirúrgica, radioterapia e quimioterapia combinada à mitomicina ou cisplatina e 5-fluoruracila.

    Referência

    1. 1. Stelzle D, Tanaka LF, Lee KK, et al: Estimates of the global burden of cervical cancer associated with HIV [published correction appears in Lancet Glob Health 9(2):e119, 2021]. Lancet Glob Health 9(2):e161-e169, 2021. doi:10.1016/S2214-109X(20)30459-9

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