Encefalite amebiana granulomatosa

PorChelsea Marie, PhD, University of Virginia;
William A. Petri, Jr, MD, PhD, University of Virginia School of Medicine
Revisado/Corrigido: dez. 2022
Visão Educação para o paciente

A encefalite amébica granulomatosa é uma infecção subaguda e geralmente fatal muito rara do sistema nervoso central (SNC), causada por Acanthamoeba spp em hospedeiros imunocomprometidos ou debilitados ou por Balamuthia mandrillaris.

Acanthamoeba spp e Balamuthia mandrillaris estão presentes em todo o mundo na água, solo e poeira. A exposição humana é comum, mas a infecção é rara. A infecção do SNC por Acanthamoeba ocorre quase exclusivamente em pacientes imunocomprometidos ou debilitados, mas B. mandrillaris também pode infectar hospedeiros saudáveis. Sappinia pedata foi o microrganismo implicado em um caso de encefalite amebiana no Texas.

O ciclo de vida da Acanthamoeba, Balamuthia, e Sappinia ocorre em apenas 2 estágios: cistos e trofozoítos (a forma infectante). Os trofozoítos formam cistos com paredes duplas, que resistem à erradicação. Acredita-se que a porta de entrada seja a pele ou o trato respiratório inferior, com disseminação hematogênica subsequente para o sistema nervoso central. Nos pacientes infectados, os cistos e trofozoítos podem ser encontrados nos tecidos.

Sintomas da encefalite amebiana granulomatosa

Em pacientes com encefalite amébica granulomatosa, o início é insidioso, na maioria das vezes com manifestações neurológicas focais. Alteração do estado mental, convulsões e cefaleia são comuns.

Acanthamoeba spp e B. mandrillaris também podem causar lesões cutâneas; os pacientes podem apresentar lesões cutâneas ulcerativas e mais tarde evoluírem com sinais e sintomas neurológicos. Em alguns pacientes com aids, a infecção disseminada por Acanthamoeba só compromete a pele.

A sobrevida é incomum em pacientes com doença disseminada ou do sistema nervoso central; a morte costuma ocorrer entre 7 e 120 dias após o início.

Diagnóstico da encefalite amebiana granulomatosa

  • TC e/ou RM com contraste da cabeça

  • Análise do líquido cefalorraquidiano

  • Biópsia das lesões cutâneas

Normalmente o diagnóstico da encefalite amebiana granulomatosa e feito após a morte.

Diagnóstico de infecções por Acanthamoeba

Nos pacientes com infecções do cérebro por Acanthamoeba, TC por contraste e RM podem mostrar lesões de massa, únicas ou múltiplas, com captação em anel, mais comumente nos lobos temporal e parietal. No líquido cefalorraquidiano, contagem de leucócitos (predominantemente linfócitos), mas raramente trofozoítas são vistos. Esses exames ajudam a excluir outras causas possíveis, mas geralmente não podem confirmar o diagnóstico.

Lesões de pele visíveis com frequência mostram amebas e devem ser submetidas à biopsia; se detectadas, as amebas podem ser cultivadas e testadas quanto à sensibilidade a fármacos. A biópsia cerebral geralmente é positiva e deve-se considerá-la se há suspeita de encefalite amébica granulomatosa.

Ensaios baseados em reação em cadeia de polimerase (PCR [polymerase chain reaction]) estão disponíveis para pesquisa em laboratórios de referência especializados.

Diagnóstico da infecção por B. mandrillaris

Nos pacientes com infecção do cérebro por B. mandrillaris, TC e RM com contraste tipicamente mostram múltiplas lesões nodulares com realce anelar. Hemorragia intralesional é um importante indício radiológico. No líquido cefalorraquidiano a contagem de leucócitos é elevada (predominantemente linfócitos), a glicose é normal e a proteína com frequência é acentuadamente elevada. B. mandrillaris é raramente identificado no líquido cefalorraquidiano. O exame microscópico mais as técnicas imuno-histoquímicas baseadas em PCR podem identificar B. mandrillaris em biópsias de lesões cerebrais ou cutâneas.

Tratamento da encefalite amebiana granulomatosa

  • Uma combinação de fármacos antiparasitários, incluindo miltefosina

  • Consulta ao Centers for Disease Control and Prevention

O tratamento ideal da encefalite por Acanthamoeba não está estabelecido. Para todos os casos, recomenda-se consulta imediata com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) (entrar em contacto com o CDC Emergency Operations Center em 770-488-7100). Vários fármacos (geralmente > 5) costumam ser utilizados em associação. Embora o número de pacientes tratados com um esquema contendo miltefosina seja baixo, a miltefosina parece oferecer uma vantagem em termos de sobrevida e é recomendada.

Outros fármacos que foram utilizados em combinação com a miltefosina para tratar a encefalite por Acanthamoeba são pentamidina, sulfadiazina ou sulfametoxazol-trimetoprima (SMX-TMP), fluorocitosina, um azol (fluconazol, cetoconazol, itraconazol ou voriconazol), rifampicina e anfotericina B.

Na encefalite por B. mandrillaris, utilizar miltefosina em combinação a outros fármacos como flucitosina, pentamidina, fluconazol e/ou sulfadiazina mais azitromicina ou claritromicina, além de ressecção cirúrgica.

Um caso de encefalite por Sappinia pedata foi tratado com sucesso com uma combinação de azitromicina, pentamidina, itraconazol e flucitosina, além da ressecção cirúrgica da lesão no sistema nervoso central. Deve-se considerar a adição de miltefosina a esse esquema em casos futuros.

Infecções cutâneas e disseminadas causadas por Acanthamoeba spp ou B. mandrillaris geralmente são tratadas com os mesmos fármacos, além de desbridamento cirúrgico das lesões cutâneas.

Pontos-chave

  • A encefalite amebiana granulomatosa é uma infecção muito rara e geralmente fatal do SNC.

  • A encefalite por Acanthamoeba quase sempre ocorre em pacientes imunocomprometidos ou debilitados, mas o B. mandrillaris pode infectar hospedeiros saudáveis.

  • Fazer TC ou RM da cabeça, ambas com contraste; fazer exame do líquido cefalorraquidiano para excluir outras causas; realizar biópsia de quaisquer lesões cutâneas, se presentes, ou, às vezes, do cérebro para procurar a presença de amebas.

  • Consultar o CDC sobre testes diagnósticos e o tratamento ideal.

  • Tratar com miltefosina junto com outros fármacos antiparasitários (p. ex., pentamidina, sulfadiazina, flucitosina, um azol).

Informações adicionais

O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

  1. Centers for Disease Control and Prevention (CDC) information on granulomatous amebic encephalitis

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