A telavancina, a dalbavancina, a teicoplanina, e a oritavancina são lipoglipeptídeos, antibacterianos semissintéticos relacionados com glicopeptídeos (p. ex., vancomicina).
Os lipoglipeptídeos têm atividade bactericida exclusivamente contra bactérias Gram-positivas. Esses antibióticos inibem a síntese da parede celular bacteriana e rompem a integridade da membrana celular.
Farmacocinética dos lipoglicopeptídeos
Os lipoglipopeptídeos não são absorvidos por via oral e só estão disponíveis em apresentação IV. Os lipoglipeptídeos penetram bem no líquido do revestimento epitelial pulmonar e nas bolhas cutâneas.
A telavancina tem meia-vida de 7 a 9 horas e um efeito pós-antibiótico de cerca de 4 horas. É administrada uma vez ao dia. A telavancina é excretada pelos rins, assim a doses precisa ser ajustada em pacientes com insuficiência renal.
A dalbavancina tem uma meia-vida prolongada de 204 a 346 horas e a oritavancina tem uma meia-vida prolongada de 245 a 393 horas; assim, esquemas de dose única ou uma vez por semana com esses medicamentos são possíveis.
Indicações para biópsia hepática
Lipoglipeptídeos são amplamente ativos contra bactérias Gram-positivas como
E. faecium
Staphylococcus aureus, incluindo S. aureus que é resistente à meticilina ou tem resistência intermediária à vancomicina
A oritavancina é ativa contra as cepas de enterococos resistentes à vancomicina (VRE) que abrigam o gene vanA; dalbavancina e telavancina não são. Dalbavancina, oritavancina e telavancina têm atividade contra VRE no gene vanB. Os três lipoglipeptídeos são ativos contra Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermidis, independentemente da sua suscetibilidade à meticilina. Somente a oritavancina é ativa contra o S. aureus resistente à vancomicina.
A telavancina é utilizada para infecções da estrutura cutânea com e sem complicações, bem como para pneumonia bacteriana adquirida em hospital e adquirida por ventilação mecânica provocada por amostras de S. aureus sensíveis.
Calbavancina e oritavancina, lipoglicopeptídeos de ação prolongada, são utilizadas para tratar as infecções cutâneas bacterianas graves e estruturais, mas ainda estão sendo estudadas como tratamento para as infecções mais invasivas.
Contraindicações aos lipoglipeptídeos
Lipoglipeptídeos são contraindicados para os pacientes alérgicos a eles. Deve-se utilizá-los com cautela nos pacientes que são alérgicos à vancomicina ou outros glicopeptídeos devido à possibilidade de reação cruzada.
Uso de lipoglipeptídeos durante a gestação e o aleitamento
Lipoglipeptídeos tiveram efeitos adversos no desenvolvimento fetal em animais; dados sobre a segurança em gestantes são limitados. Lipoglipeptídeos devem ser utilizados durante a gestação somente se o benefício potencial superar o potencial risco para o feto.
Não existem dados relativos à excreção no leite materno em humanos, mas sabe-se que os lipoglicopeptídeos são excretados no leite das ratas.
Efeitos adversos dos lipoglipeptídeos
Os efeitos adversos comuns dos lipoglipeptídeos são
Náuseas e vômitos
Transtornos do paladar
Urina espumosa
A telavancina e a oritavancina podem aumentar falsamente os valores nos testes de coagulação [tempo de protrombina (TP)/tempo de tromboplastina parcial (TPP)] por um período de tempo. Portanto, deve-se coletar o sangue para obter esses valores antes da administração desses antibióticos. A dalbavancina não prolonga artificialmente o TP ou o TTP. A telavancina interfere na dosagem de proteinúria.
Os efeitos adversos significativos são
Aumento da mortalidade em pacientes com insuficiência renal moderada/grave preexistente (depuração de creatinina ≤ 50 mL/minuto) que foram tratados com telavancina versus vancomicina para pneumonia bacteriana adquirida no hospital/pneumonia bacteriana associada à ventilação mecânica
Prurido mediado por histamina e rubor na face, pescoço e ombros, semelhante à reação à infusão de vancomicina.
A nefrotoxicidade, que pode ocorrer com uma frequência maior com a telavancina do que com a vancomicina, não foi associada à dalbavancina ou oritavancina
Com telavancina, prolongamento do intervalo QTc
A probabilidade de nefrotoxicidade da telavancina é maior em pacientes com disfunção renal conhecida, transtornos que predispõem à disfunção renal (p. ex., diabetes, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca) ou uso de medicamentos potencialmente nefrotóxicos. Deve-se avaliar a função renal antes do início da telavancina e monitorá-la pelo menos a cada 48 a 72 horas.
Pode-se prevenir prurido e rubor associados à infusão rápida de lipoglipeptídeos realizando uma infusão mais lenta se o paciente desenvolver esses sinais.
QTc prolongado ocorreu em indivíduos saudáveis nos ensaios clínicos da telavancina; assim, a telavancina deve ser utilizada com precaução ou não ser utilizada em pacientes que tomam medicamentos que prolongam o intervalo QT. A telavancina não deve ser utilizada em pacientes com síndrome congênita de QT longo, prolongamento QTc conhecido, insuficiência cardíaca descompensada ou hipertrofia ventricular esquerda grave (pacientes com essas doenças foram excluídos dos ensaios clínicos).
Considerações sobre a dosagem de lipoglipeptídeos
As doses de dalbavancina devem ser reduzidas em pacientes com depuração de creatinina < 30 mL/minuto. Nenhum ajuste de dose é recomendável para pacientes em hemodiálise regular.
A oritavancina não parece exigir ajuste da dose em caso de comprometimento renal, mas estudos adequados que dão suporte a uma recomendação para pacientes com insuficiência renal não foram realizados.
A dosagem de telavancina baseia-se no clearance de creatinina e a dose deve ser reduzida em pacientes com depuração de creatinina < 50 mL/minuto.