Os cânceres da pelve renal e dos ureteres costumam ser carcinoma urotelial e, ocasionalmente, carcinomas de células escamosas. Os sintomas incluem hematúria e, às vezes, dor. O diagnóstico é feito por TC, citologia e, algumas vezes, biópsia. O tratamento é cirúrgico.
O carcinoma de células transicionais (CCT) da pelve renal corresponde a 7 a 15% de todos os tumores renais. O carcinoma urotelial dos ureteres é responsável por cerca de 4% dos tumores do trato superior (1). Os fatores de risco são os mesmos que aqueles do câncer de bexiga (tabagismo, uso de fenacetina em excesso, uso de ciclofosfamida a longo prazo, irritação crônica, exposição a certos produtos químicos). Habitantes dos Bálcãs com nefropatia familiar endêmica apresentam uma predisposição inexplicável para desenvolvimento de carcinomas uroteliais do trato superior. Geneticamente, os carcinomas uroteliais do trato superior foram associados à síndrome de Lynch e podem ser o câncer inicial.
Referência
1. Petros FG. Epidemiology, clinical presentation, and evaluation of upper-tract urothelial carcinoma. Transl Androl Urol. 2020;9(4):1794-1798. doi:10.21037/tau.2019.11.22
Sintomas e sinais de cânceres da pelve renal e do ureter
A maioria dos pacientes apresenta hematúria; podem ocorrer disúria e polaciúria se houver também envolvimento da bexiga. A dor em cólica pode acompanhar a obstrução (ver Uropatia obstrutiva). Raramente, a hidronefrose resulta de tumor da pelve renal.
Diagnóstico de cânceres da pelve renal e do ureter
Ultrassonografia ou TC com contraste
Citologia ou histologia
Nos pacientes com sintomas inexplicados do trato urinário, tipicamente realiza-se ultrassonografia ou TC com contraste. Se o diagnóstico não puder ser excluído, realiza-se análise citológica ou histológica para confirmação. Ureteroscopia é realizada quando é ne-cessária a biópsia do trato superior ou quando a citologia urinária é positiva, mas a fonte das células malignas não é clara. TC abdominal e pélvica e radiografias de tórax são realizadas para determinar a extensão do tumor e para verificar a presença de metástases.
Tratamento de cânceres da pelve renal e do ureter
Excisão ou ablação
Vigilância pós-tratamento com cistoscopia
Às vezes, terapia sistêmica perioperatória (quimioterapia ou imunoterapia)
O tratamento usual é a nefroureterectomia radical, incluindo excisão do manguito vesical e a linfadenectomia regional. Indica-se ureterectomia parcial com ou sem reimplante em alguns pacientes cuidadosamente selecionados (p. ex., pacientes com tumor do ureter distal, diminuição da função renal ou rim único). Recomenda-se quimioterapia intravesical no pós-operatório imediato com gencitabina e mitomicina-C para reduzir o risco de recorrência intravesical. Recomenda-se quimioterapia neoadjuvante antes da nefroureterectomia para lesões de alto grau e estágio tardio porque outros tratamentos podem diminuir a função renal, muitas vezes impedindo o uso subsequente da quimioterapia adjuvante (1). Os inibidores de ponto de checagem PD-1 e/ou PD-L1 agora são utilizados para câncer urotelial do trato superior e podem revelar-se uma alternativa de tratamento útil para pacientes inelegíveis para cisplatina (frequentemente utilizada como quimioterapia neoadjuvante). De modo geral, a quimioterapia perioperatória é fortemente recomendada para carcinomas uroteliais de trato urinário superior de alto grau e comportamento mais agressivo.
A fulguração com laser pode ser utilizada para tumores da pelve renal adequadamente estadiados e visualizados; ou para tumores do ureter de baixo grau. Ocasionalmente, instila-se um fármaco quimioterápico, como mitomicina C ou Bacille Calmette-Guérin (BCG). Uma nova formulação da mitomicina C (JELMYTO) pode ser instilada na forma líquida, que solidifica à temperatura corporal no trato urinário superior de pacientes com carcinoma urotelial não invasivo de baixo grau (LG) (2). Esse tratamento requer vigilância periódica com exames de imagem (urografia por TC) ou endoscopia do trato superior para garantir que não haja recorrências locais.
Indica-se cistoscopia periódica de vigilância porque cânceres da pelve renal e do ureter tendem a recidivar na bexiga e essa recidiva, se detectada em estágio inicial, pode ser tratada por fulguração, ressecção transuretral ou instilações intravesicais. O tratamento das metástases é igual ao do câncer metastático de bexiga.
Referências sobre tratamento
1. Zahalka AH, Margulis V. Minimizing overtreatment and maximizing oncologic outcomes in upper tract urothelial carcinoma. Curr Opin Urol. 2025;35(1):96-102. doi:10.1097/MOU.0000000000001238
2. Kleinmann N, Matin SF, Pierorazio PM, et al. Primary chemoablation of low-grade upper tract urothelial carcinoma using UGN-101, a mitomycin-containing reverse thermal gel (OLYMPUS): an open-label, single-arm, phase 3 trial. Lancet Oncol. 2020;21(6):776-785. doi:10.1016/S1470-2045(20)30147-9
Prognóstico de cânceres da pelve renal e do ureter
O prognóstico depende da profundidade da penetração para dentro, ou através, da parede uroepitelial, que é de difícil determinação. A probabilidade de cura é > 90% para pacientes com tumores localizados superficialmente, mas é de 10 a 15% para aqueles com tumores profundamente invasivos (1). Se o tumor penetrar a parede ou se ocorrerem metástases a distância, a cura é improvável.
Referência sobre prognóstico
1. National Cancer Institute: Transitional Cell Cancer of the Renal Pelvis and Ureter Treatment (PDQ®)—Health Professional Version. Accessed February 3, 2025.
Pontos-chave
O risco de cânceres da pelve renal e ureterais aumenta com tabagismo, uso de fenacetina ou ciclofosfamida, irritação crônica ou exposição a certos produtos químicos.
Fazer ultrassonografia ou TC com contraste se os sintomas do trato urinário são inexplicáveis.
Confirmar o diagnóstico histologicamente.
Realizar ablação ou excisão de tumores, geralmente por nefroureterectomia radical associada à quimioterapia perioperatória sempre que possível, com seguimento por cistoscopias regulares.