Artrite da articulação temporomandibular (ATM)

PorGary D. Klasser, DMD, Louisiana State University School of Dentistry
Revisado/Corrigido: set. 2023
Visão Educação para o paciente

Artrite infecciosa, artrite traumática, osteoartrite, artrite reumatoide e artrite degenerativa secundária podem afetar a articulação temporomandibular.

    (Ver também Visão geral dos distúrbios temporomandibulares.)

    Artrite infecciosa

    Infecção da articulação temporomandibular pode resultar de extensão direta de infecção adjacente ou distribuição hematogênica de microrganismos transmitidos pelo sangue (ver Artrite infecciosa aguda). A área articular está inflamada, e os movimentos mandibulares são limitados e dolorosos. Sinais locais de infecção associados à evidência de doença sistêmica ou com infecção adjacente sugerem o diagnóstico. Os resultados dos exames radiográficos são negativos em estágios precoces, mas podem apresentar destruição óssea posteriormente. Caso se suspeite de artrite supurativa, a articulação é aspirada para confirmar o diagnóstico e identificar o microrganismo causador. O diagnóstico deve ser feito rapidamente para prevenir dano articular permanente.

    O tratamento é feito com antibióticos, hidratação adequada, controle da dor e restrição de movimentação. Penicilina G parenteral é o antibiótico de escolha até que um diagnóstico bacteriológico específico possa ser feito, com base em cultura e teste de sensibilidade. Na infecção de estruturas orais por Staphylococcus aureus (SARM) resistentes à meticilina, a vancomicina IV é o antibiótico de escolha. Infecções supurativas são aspiradas ou incisadas e drenadas. Quando a infecção tiver sido controlada, exercícios passivos de abertura de boca auxiliam na prevenção de cicatrizes e limitação de movimentação.

    Artrite traumática

    Raramente uma lesão aguda (p. ex., decorrente da dificuldade durante extração dental ou entubação orotraqueal) pode ocasionar artrite da articulação temporomandibular. Ocorrem dor, sensibilidade e limitação do movimento mandibular. O diagnóstico baseia-se primariamente na história. Os resultados dos exames radiográficos são negativos, exceto quando edema intra-articular ou hemorragia atinge o espaço articular. O tratamento é com anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), aplicação de calor, dieta com alimentos macios e restrição da movimentação da mandíbula.

    Osteoartrite

    A articulação temporomandibular pode ser afetada pela osteoartrite (doença articular degenerativa), geralmente em pessoas com > 50 anos de idade. Às vezes, os pacientes se queixam de rigidez, som rangente no movimento da mandíbula ou dor leve. A crepitação pode resultar da degeneração do disco, causando atrito entre os ossos. O envolvimento da articulação é quase sempre bilateral. Radiografias ou TC por feixe cônico mostram achatamento (p. ex., cistos subcondrais, erosões e labiação do côndilo, sugestivos de alteração disfuncional, mais provavelmente por causa de carga excessiva sobre a articulação). O tratamento é sintomático. Um aparelho oral (protetor bucal) utilizado durante o sono (e possivelmente enquanto acordado) pode ajudar a aliviar a dor e reduzir os rangidos.

    Artrite secundária degenerativa

    Esse tipo de artrite costuma se desenvolver em pessoas (geralmente, mulheres) com 20 a 40 anos de idade com história de trauma ou síndrome da dor miofascial temporomandibular persistente. Caracteriza-se por abertura de boca limitada, dor unilateral durante os movimentos mandibulares, sensibilidade articular e crepitação. Quando está associada à síndrome de dor miofascial temporomandibular, os sintomas aumentam e diminuem.

    O envolvimento articular unilateral auxilia na distinção entre artrite secundária degenerativa e osteoartrite. O diagnóstico baseia-se em radiografias que, como na osteoartrite, geralmente mostram achatamento, labiação, esporão ou erosão condilar.

    O tratamento é conservador, como o da síndrome da dor miofascial temporomandibular, embora artroplastia ou condilectomia alta possa ser necessária. Um aparelho oral (placa oclusal, ou protetor bucal) geralmente alivia os sintomas. O aparelho é utilizado constantemente, exceto durante refeições, higiene oral e sua limpeza. Quando os sintomas desaparecem, reduz-se gradualmente a quantidade de tempo que o aparelho é utilizado cada dia. Injeção intra-articular de corticoides podem aliviar os sintomas, mas podem prejudicar a articulação se utilizados com frequência.

    Artrite reumatoide

    A articulação temporomandibular é afetada em > 17% de adultos e crianças com artrite reumatoide e é usualmente uma das últimas articulações envolvidas. Dor, edema e limitação de movimentação são os achados mais comuns. Em crianças, a destruição da cabeça da mandíbula resulta em distúrbio do crescimento mandibular e deformidade facial. A ancilose pode surgir posteriormente. As radiografias da articulação temporomandibular costumam ser negativas nos estágios iniciais, mas muitas vezes mostram destruição óssea nos estágios tardios, que pode resultar em má oclusão de mordida aberta anterior. O diagnóstico é sugerido por inflamação da articulação temporomandibular associada à poliartrite e é confirmado por outros achados típicos da doença.

    O tratamento é similar ao da artrite reumatoide em outras articulações. No estágio agudo, pode-se administrar anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e deve-se restringir a função mandibular. Um aparelho oral utilizado durante o sono muitas vezes é útil. Quando os sintomas diminuem, exercícios mandibulares leves ajudam a prevenir a perda excessiva de movimento mandibular. A cirurgia é necessária se a ancilose se desenvolveu, mas não deve ser realizada até a condição estar estável.

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