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Câncer testicular

PorThenappan Chandrasekar, MD, University of California, Davis
Reviewed ByLeonard G. Gomella, MD, Sidney Kimmel Medical College at Thomas Jefferson University
Revisado/Corrigido: fev. 2025
Visão Educação para o paciente

O câncer de testículo inicia-se como uma massa escrotal, que geralmente é indolor. O diagnóstico é feito por ultrassonografia. O tratamento é a orquiectomia e, às vezes, dissecção de linfonodos, ocasionalmente seguida por radioterapia, quimioterapia, ou uma combinação de ambas, dependendo da histologia e do estágio.

Recursos do assunto

Nos Estados Unidos, aproximadamente de 9760 novos casos de câncer testicular e cerca de 500 mortes (estimativas de 2024) ocorrem a cada ano (1). Câncer de testículo é o tumor mais comum entre os homens dos 15 aos 35 anos de idade. A incidência é 2,5 a 20 vezes maior em pacientes com criptorquidia. O excesso do risco diminui ou é eliminado se a orquipexia for realizada antes dos 10 anos de idade. O câncer também pode se desenvolver em testículos contralaterais que apresentaram descida normal. A causa do câncer testicular é desconhecida.

A maioria desses cânceres se origina das células germinativas primordiais. Os tumores de células germinativas são categorizados como seminomas (40%), ou não seminomas (tumores que contenham qualquer elemento que não seja de seminoma; 60%). Os tumores não seminomatosos incluem teratomas, carcinomas embrionários, tumores do saco endodérmico (tumores do saco vitelino) e coriocarcinomas. As combinações histológicas são comuns; p. ex., teratocarcinoma contém teratoma associado a carcinoma embrionário. Carcinomas funcionais de células intersticiais dos testículos são raros (< 5%) (2).

Mesmo pacientes com tumores aparentemente localizados podem apresentar metástases ocultas em linfonodos ou vísceras. Por exemplo, quase 30% dos pacientes com tumores não seminotomatosos recidivarão com metástases ganglionares ou viscerais caso não sejam submetidos a qualquer tratamento após a orquiectomia (2). O risco de metástases é maior para coriocarcinoma e menor para teratoma.

Tumores que se originam no epidídimo, nos apêndices testiculares e no cordão espermático geralmente são fibromas benignos, fibroadenomas, tumores adenomatoides e lipomas. Sarcomas, sendo mais comum o rabdomiossarcoma, ocorrem ocasionalmente, em especial em crianças.

Referências

  1. 1. American Cancer Society: Key statistics for testicular cancer. Accessed February 3, 2025.

  2. 2. Goldberg H, Klaassen Z, Chandrasekar T, Fleshner N, Hamilton RJ, Jewett MAS. Germ Cell Testicular Tumors-Contemporary Diagnosis, Staging and Management of Localized and Advanced disease. Urology. 2019;125:8-19. doi:10.1016/j.urology.2018.12.025

Sinais e sintomas do câncer testicular

A maioria dos pacientes apresenta uma massa escrotal, que é indolor ou algumas vezes associada à dor persistente. Em alguns pacientes, a hemorragia no tumor pode causar dor local aguda e edema. Vários descobrem por si mesmos a massa, após pequenos traumas escrotais. Raramente, pacientes com doença amplamente metastática apresentam sintomas relacionados com as metástases (p. ex., dor abdominal, dor lombar, confusão mental ou cefaleia, falta de ar, dor torácica).

Diagnóstico do câncer testicular

  • Ultrassonografia para massas escrotais

  • Exploração, se houver massa testicular

  • Estadiamento por meio de TC abdominal, pélvica e torácica, assim como exame do tecido

  • Marcadores tumorais séricos como alfa-fetoproteína (AFP) e beta-hCG (gonadotrofina coriônica humana)

Muitos pacientes descobrem a massa durante o autoexame. Deve-se encorajar o autoexame para os jovens mensalmente.

A origem e a natureza das massas escrotais devem ser determinadas com precisão, pois a maioria das massas testiculares é cancerosa, mas a maioria das massas extratesticulares não o são; a diferenciação durante o exame físico pode ser difícil. A ultrassonografia escrotal pode confirmar a origem testicular. Se a massa testicular é confirmada, deve-se medir os marcadores tumorais séricos [AFP, beta-hCG e lactato desidrogenase (LDH)] e fazer radiografia de tórax. Os marcadores séricos podem ajudar a diferenciar as massas benignas das neoplásicas, mas os resultados não são definitivos. Então, indica-se a orquiectomia radical por via inguinal; o cordão espermático é exposto e clampeado antes de o testículo anormal ser manipulado.

Se o câncer é confirmado, é necessária TC abdominal, pélvica e torácica para o estadiamento clínico utilizando o sistema TNM padrão (ver tabelas Estadiamento TNM da AJCC para carcinoma testicular e Definições de TNM e de marcador sérico para câncer testicular). O tecido obtido durante o tratamento (geralmente, orquiectomia inguinal radical) auxilia na obtenção de importantes informações histopatológicas, particularmente sobre a proporção de tipos histológicos e a presença de invasão vascular ou linfática intratumoral. Tais informações podem prever o risco de metástases ocultas em gânglios e vísceras. Pacientes com não seminomas têm cerca de 30% de risco de recorrência apesar de terem o que parece ser uma doença localizada. Os seminomas recidivam em cerca de 15% dos pacientes (1).

Tabela
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Referência sobre diagnóstico

  1. 1. Kollmannsberger C, Tandstad T, Bedard PL, et al. Patterns of relapse in patients with clinical stage I testicular cancer managed with active surveillance. J Clin Oncol. 2015;33(1):51-57. doi:10.1200/JCO.2014.56.2116

Tratamento do câncer de testículo

  • Orquiectomia radical inguinal

  • Às vezes, radioterapia ou quimioterapia para seminomas

  • Quimioterapia ou cirurgia para não seminomas

  • Vigilância ativa

A orquiectomia inguinal radical (remoção do testículo e seu cordão espermático) é a base do tratamento e fornece informações diagnósticas importantes; também auxilia na formulação do plano de tratamento subsequente. Uma prótese testicular cosmética pode ser colocada durante a orquiectomia. Próteses de silicone não estão amplamente disponíveis por causa dos problemas com implantes mamários de silicone. No entanto, foram desenvolvidos implantes salinos. Para homens com vontade de preservar a capacidade reprodutora, dispõe-se do banco de sêmen para armazenamento antes da radio ou quimioterapia.

Linfadenectomia

Para seminomas, a dissecção primária dos linfonodos retroperitoneais é frequentemente realizada após a orquiectomia em pacientes com doença nodal < 3 cm, mas a terapia sistêmica continua sendo o padrão de tratamento.

Para os não seminomas, muitos especialistas consideram que o tratamento padrão após a orquiectomia é a dissecção dos linfonodos retroperitoneais. Contudo, para tumores em estágio clínico 1 em pacientes sem fatores prognósticos que prevejam recidiva, a abordagem recomendada é a vigilância ativa (medidas frequentes de marcadores séricos, radiografias de tórax, TC). Massas ganglionares retroperitoneais de tamanho intermediário podem ser tratadas com linfadenectomia retroperitoneal inicial ou quimioterapia (p. ex., bleomicina, etoposide, cisplatina), mas a sequência ótima não está estabelecida.

A linfadenectomia é realizada por via laparoscópica em alguns centros. O principal efeito adverso da linfadenectomia é a falha na ejaculação. Entretanto, uma dissecção que poupa os nervos geralmente é possível, particularmente para tumores em estágios iniciais, que geralmente preserva a ejaculação.

Radioterapia

Uma opção para seminoma após orquiectomia unilateral é radioterapia, geralmente com 20 a 40 grays (Gy; doses mais altas são utilizadas em pacientes com massas linfonodais) na região para-aórtica até o diafragma. A região ilioinguinal ipsolateral não é mais tratada rotineiramente. Ocasionalmente, o mediastino e a região supraclavicular esquerda também são irradiados, dependendo do estágio clínico. Entretanto, no estágio I da doença, carboplatina em dose única substituiu em grande medida a radioterapia por causa de preocupações em relação à toxicidade cardiovascular a longo prazo, incidência mais alta de cânceres secundários e morbidade devida à radiação. Radioterapia não desempenha nenhum papel em não seminomas.

Quimioterapia

Massas ganglionares > 5 cm, metástases ganglionares acima do diafragma, metástases viscerais ou marcadores tumorais persistentemente elevados exigem quimioterapia combinada inicial baseada em platina seguida de cirurgia consolidativa das massas residuais (se os marcadores tumorais normalizarem com terapia sistêmica). Tal tratamento comumente controla o tumor a longo prazo. Frequentemente, a fertilidade está prejudicada; portanto, deve-se considerar um banco de esperma pré-tratamento. Mas nenhum risco para o feto foi comprovado se a gravidez ocorrer.

Vigilância ativa

A vigilância é fortemente preferida para pacientes com seminoma em estágio 1 ou tumores germinativos não seminomatosos após a orquiectomia. É mais comumente oferecida para pacientes com baixo risco de recidiva. Para pacientes de alto risco, pode-se oferecer tratamento adjuvante com dissecção dos linfonodos retroperitoneais ou com 1 a 2 ciclos de quimioterapia.

Recorrências

As recidivas de tumores não seminomatosos geralmente são tratadas com quimioterapia, apesar de poder ser adequado o retardamento da linfadenectomia retroperitoneal para alguns pacientes com recidiva ganglionar, marcadores tumorais normais e sem evidência de metástases viscerais.

Prognóstico para câncer testicular

O prognóstico depende da histologia e da extensão do tumor. A sobrevida em 5 anos é > 95% para pacientes com seminoma, ou não seminoma localizado nos testículos, ou não seminoma e metástases de volume pequeno no retroperitônio. A sobrevida em 5 anos para pacientes com metástases extensas no retroperitônio, ou com metástases pulmonares ou viscerais, varia de 48% (para alguns não seminomas) para > 80%, dependendo do local, do volume e da histologia das metástases, mas mesmo os pacientes com doença avançada na apresentação podem ser curados.

Pontos-chave

  • Câncer de testículo, o câncer sólido mais comum em homens com 15 a 35 anos de idade, é frequentemente curável, sobretudo seminoma.

  • Avaliar as massas escrotais por ultrassonografia e, se são testiculares, fazer radiografia de tórax e medir AFP (alfa-fetoproteína), beta-hCG (gonadotrofina coriônica humana) e LDH (lactato desidrogenase).

  • O tratamento primário é a orquiectomia radical inguinal, seguida de vigilância, quimioterapia, radioterapia ou dissecção de linfonodos retroperitoneais.

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