A proctite é uma inflamação da mucosa retal, que pode resultar de infecção, doença inflamatória intestinal ou radiação. Os sintomas são desconforto retal e sangramento. O diagnóstico é feito por proctoscopia ou sigmoidoscopia, geralmente com culturas e biópsia. O tratamento depende da etiologia.
(Ver também Avaliação dos distúrbios anorretais.)
A proctite pode ser uma manifestação de
Infecções sexualmente transmissíveis (p. ex., Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia spp)
Determinadas infecções entéricas (p. ex., Campylobacter, Shigella, Salmonella, ver Introdução a bacilos gram-negativos)
Tratamentos por radiação
Proctite associada a uso prévio de antibióticos pode ser decorrente de Clostridioides difficile (anteriormente Clostridium difficile).
Os patógenos sexualmente transmissíveis causam proctite com mais frequência em homens que fazem sexo com homens. Recentemente, descobriu-se que a varíola dos macacos causa proctite infecciosa significativa em homens que fazem sexo com homens.
Os pacientes imunocomprometidos são particularmente de risco de infecções por herpes simples e citomegalovírus.
Sinais e sintomas da proctite
Tipicamente, os pacientes relatam tenesmo (uma sensação forte de necessidade de defecar quando fezes não estão presentes), sangramento retal ou passagem de muco.
A proctite resultante de gonorreia, herpes simples, citomegalovírus ou varíola dos macacos pode causar dor anorretal intensa.
Diagnóstico da proctite
Proctoscopia ou sigmoidoscopia
Testes para infecções sexualmente transmissíveis e C. difficile
O diagnóstico da proctite requer proctoscopia ou sigmoidoscopia, que podem revelar mucosa retal inflamada. Úlceras e vesículas pequenas e discretas sugerem infecção herpética. Esfregaços retais devem ser testados à procura de Neisseria gonorrhoeaee Chlamydia spp (por cultura ou testes de amplificação de ácidos nucleicos como PCR), patógenos enterais (por cultura) e patógenos virais (por cultura ou imunoensaio).
São realizados exames sorológicos para sífilis e exames de fezes para toxina do C. difficile. Algumas vezes, é necessária a biópsia da mucosa.
A colonoscopia pode ser importante em alguns pacientes para descartar doença inflamatória intestinal.
Tratamento da proctite
Tratamentos diversos, dependendo da causa
Proctite infecciosa pode ser tratada com antibióticos. Pacientes que se envolvem em relações sexuais anal-receptivas que têm proctite inespecífica podem ser tratados de maneira empírica com ceftriaxona 250 mg IM em dose única, mais doxiciclina 100 mg por via oral 2 vezes ao dia durante 7 dias. Trata-se a proctite associada a antibióticos decorrente de C. difficile com vancomicina 125 mg por via oral 4 vezes ao dia ou fidaxominicina 200 mg por via oral 2 vezes ao dia durante 10 dias.
Proctite por radiação que está sangrando costuma ser tratada inicialmente com um fármaco tópico; mas há falta de evidências da eficácia a partir de estudos bem feitos. Os tratamentos tópicos incluem corticoides na forma de espuma (hidrocortisona 90 mg) ou enemas (hidrocortisona 100 mg ou metilprednisolona 40 mg) 2 vezes ao dia durante 3 semanas, ou enemas de retenção de sucralfato (2 g em 20 mL de água, 2 vezes ao dia) também podem ser eficazes. Os pacientes que não respondem a essas formas de terapia podem se beneficiar de uma aplicação tópica de formalina ou da terapia com oxigênio hiperbárico.
Pode-se utilizar terapias endoscópicas. Coagulação de plasma de argônio parece ser eficaz na redução dos sintomas pelo menos a curto prazo (≤ 6 semanas). Outros métodos de coagulação incluem lasers, eletrocoagulação e sondas de calor. (Ver também the American Society of Colon and Rectal Surgeons' 2018 clinical practice guidelines for the treatment of chronic radiation proctitis.)
Informações adicionais
O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.
American Society of Colon and Rectal Surgeons: Clinical practice guidelines for the treatment of chronic radiation proctitis (2018)