Síndrome estafilocócica da pele escaldada

PorWingfield E. Rehmus, MD, MPH, University of British Columbia
Revisado/Corrigido: jun. 2023
Visão Educação para o paciente

A síndrome da pele escaldada estafilocócica é uma epidermólise aguda causada por uma toxina estafilocócica. Os neonatos e as crianças são os mais suscetíveis. Os sintomas são: bolhas disseminadas com desprendimento da epiderme. O diagnóstico baseia-se no exame clínico e, às vezes, biópsia. O tratamento consiste em cuidados locais e antibióticos antiestafilocócicos. O prognóstico é excelente com o tratamento no momento oportuno.

(Ver também Visão geral das infecções bacterianas da pele.)

A síndrome da pele escaldada estafilocócica quase sempre atinge crianças com < 6 anos (especialmente lactentes); raramente ocorre em idosos, exceto em caso de insuficiência renal ou comprometimento imunitário. As epidemias podem ser observadas em berçários, presumivelmente transmitidas pelas mãos das pessoas em contato com um lactente infectado ou portadores de Staphylococcus aureus nasais. Casos esporádicos também podem ocorrer.

Síndrome estafilocócica da pele escaldada é causada por estafilococos do grupo II coagulase-positivos, geralmente do fago de tipo 55-71, que elabora a esfoliatina (também denominada epidermolisina), uma toxina que divide a parte superior da epiderme um pouco abaixo da camada granular tendo como alvo a desmogleína-1 (ver Infecções estafilocócicas).

A infecção primária geralmente se inicia nos primeiros dias de vida no coto umbilical ou na região das fraldas; em crianças maiores, a face é a localização típica. As toxinas produzidas nessas áreas penetram na circulação e afetam toda a pele.

Sinais e sintomas da síndrome da pele escaldada estafilocócica

Quando uma área localizada da infecção pode ser encontrada (p. ex., impetigo), em geral, a lesão inicial é superficial e crostosa. Em 24 horas, a pele circundante se torna dolorosa e eritematosa, disseminando-se rapidamente para outras áreas. A pele fica flácida e tem aspecto enrugado, com consistência semelhante a papel.

Grandes bolhas flácidas surgem na pele eritematosa e se rompem rapidamente, formando erosões. Bolhas estão frequentemente presentes em áreas de atrito, como áreas intertriginosas, região glútea, mãos e pés. Bolhas intactas se estendem lateralmente com uma pressão suave (sinal de Nikolsky).

A epiderme desprende-se facilmente, muitas vezes em grandes camadas. Uma extensa descamação ocorre em 36 a 72 horas, e os pacientes podem tornar-se muito enfermos com manifestações sistêmicas (p. ex., mal-estar, calafrios e febre). As áreas descamadas têm aspecto de queimadura. A perda da barreira protetora da pele conduz a sepse e desequilíbrio hidroeletrolítico.

Manifestações da síndrome da pele escaldada estafilocócica (SPEE)
Síndrome da pele escaldada estafilocócica (lactente)
Síndrome da pele escaldada estafilocócica (lactente)

    A síndrome da pele escaldada estafilocócica é a epidermólise causada pela toxina estafilocócica. Os achados incluem eritema com descamação em folhas, particularmente na área intertriginosa da virilha e das axilas. Muitas vezes, há também descamação perioral.

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Imagem cedida por cortesia de Thomas Habif, MD.

Síndrome estafilocócica da pele escaldada (perna)
Síndrome estafilocócica da pele escaldada (perna)

    Esta foto mostra a perna de um paciente com todos os três estágios da infecção: eritema (no centro), bolhas (à esquerda) e descamação (à direita).

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SCIENCE PHOTO LIBRARY

Síndrome estafilocócica da pele escaldada (adultos)
Síndrome estafilocócica da pele escaldada (adultos)

    Essa imagem mostra a síndrome da pele escaldada estafilocócica com bolhas superficiais na pele causadas pela infecção por Staphylococcus aureus. Essa síndrome é rara em adultos, mas pode ser observada em pessoas imunocomprometidas ou com insuficiência renal ou outra doença crônica.

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DermPics/SCIENCE PHOTO LIBRARY

Diagnóstico da síndrome de pele escaldada estafilocócica

  • Exame clínico

  • Obter culturas das áreas suspeitas de causarem a infecção primária

Suspeita-se clinicamente do diagnóstico de síndrome da pele escaldada estafilocócica, mas a confirmação pode exigir biópsia (seção congelada pode fornecer resultados mais rápidos). Há desprendimento superficial da epiderme sem inflamação.

Deve-se fazer cultura da conjuntiva, nasofaringe, sangue, urina e áreas de possível infecção primária, como o umbigo em um neonato ou lesões cutâneas suspeitas. As culturas não devem ser obtidas das bolhas porque são estéreis, diferentemente do impetigo bolhoso, no qual culturas do líquido na bolha revelam o patógeno.

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial engloba hipersensibilidade a fármacos, exantemas virais, escarlatina, queimaduras térmicas, doenças bolhosas genéticas (p. ex., alguns tipos de epidermólise bolhosa), doenças bolhosas adquiridas (p. ex., pênfigo vulgar, penfigoide bolhoso) e necrólise epidérmica tóxica (ver tabela Diferenças entre síndrome estafilocócica da pele escaldada [SEPE] e necrólise epidérmica tóxica [NET] e ver síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica, [NET]).

As superfícies mucosas são poupadas na síndrome da pele escaldada estafilocócica; mas são afetadas na síndrome de Stevens-Johnson e na necrólise epidérmica tóxica.

Tabela

Tratamento da síndrome de pele escaldada estafilocócica

  • Antibióticos

  • Curativos com géis em lesões exsudativas

Administram-se imediatamente antibióticos IV antiestafilocócicos penicilinase-resistentes. Normalmente, a nafcilina é administrada até que a melhora seja notada, seguida por cloxacilina oral. Oxacilina e cefalosporinas (p. ex., cefazolina) são alternativas. A maioria dos casos é causada por S. aureus sensível à meticilina (SAMS), mas deve-se considerar vancomicina, linezolida ou outros antibióticos eficazes contra SARM em áreas com alta prevalência de S. aureus meticilina-resistente (SARM) ou para os pacientes que não respondem à terapia inicial. Os corticoides são contraindicados.

Emolientes (p. ex., vaselina branca) são às vezes utilizados para evitar perda adicional de água insensível da pele ulcerada. Mas a terapia tópica e o manuseio do paciente deve ser mínimos.

Se a doença for disseminada e as lesões secretoras, a pele deverá ser tratada como queimaduras. Curativos de gel de polímero hidrolisado podem ser muito úteis; o número de trocas de curativos deve ser minimizado. Os pacientes devem ser monitorados e tratados para complicações semelhantes às que ocorrem com queimaduras (p. ex., desequilíbrio de líquidos e eletrólitos, sepse).

Os passos para detectar portadores e prevenir ou tratar epidemias em berçários estão descritos em outras partes (ver Prevenção de infecção hospitalar em neonatos).

Prognóstico para síndrome estafilocócica da pele escaldada

A morte raramente ocorre se o diagnóstico for rápido e instituído o tratamento; a camada córnea é rapidamente substituída e a cura, observada em 5 a 7 dias após o início do tratamento.

Pontos-chave

  • Descamação generalizada e doença sistêmica na maioria das vezes indicam síndrome da pele escaldada estafilocócica (SPEE) em lactentes e crianças pequenas (e, ocasionalmente, em adultos imunocomprometidos), enquanto em idosos, mais frequentemente indicam necrólise epidérmica tóxica.

  • Fazer cultura da conjuntiva, nasofaringe, sangue, urina e áreas de possível infecção primária, como o umbigo e lesões cutâneas suspeitas.

  • Tratar os pacientes com antibióticos antiestafilococos e, se a doença estiver disseminada, encaminhar para uma unidade de queimadura se possível.

  • Monitorar e tratar complicações semelhantes àquelas que ocorrem com queimaduras (p. ex., desequilíbrio hídrico e eletrolítico, sepse).

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