Infecção por vírus Zika

PorThomas M. Yuill, PhD, University of Wisconsin-Madison
Revisado/Corrigido: jun. 2023
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Fatos rápidos

A infecção por vírus Zika é uma infecção viral transmitida por mosquitos que, normalmente, não causa nenhum sintoma, mas pode causar febre, erupção cutânea, dor articular ou infecção da membrana que cobre o branco do olho (conjuntivite ou conjuntivite infecciosa). A infecção por vírus Zika em uma mulher grávida causa microcefalia (um defeito congênito sério), anormalidades oculares e outras no bebê.

  • O vírus Zika é disseminado por mosquitos, mas também pode ser disseminado por relações sexuais, por transfusões de sangue e de uma gestante para seu bebê antes ou durante o nascimento.

  • Os sintomas de infecção por vírus Zika, quando ocorrem, são geralmente leves.

  • Os médicos suspeitam de Zika com base nos sintomas de uma pessoa e no histórico de viagens recentes e confirmam o diagnóstico com base nos resultados de exames de sangue ou de urina.

  • Não há tratamento específico para infecção por vírus Zika, mas repouso, tomar bastante líquido e paracetamol para aliviar a febre e a dor podem ajudar.

  • As melhores formas de prevenir a infecção por vírus Zika são evitar a picada dos mosquitos e evitar sexo sem proteção com um parceiro que tem ou possa ter a infecção.

O vírus Zika, da mesma forma que os vírus que causam dengue, febre amarela e a doença Chikungunya, é um arbovírus, disseminado por certa espécie de mosquito, o Aedes, que prolifera em áreas de água parada. Esses mosquitos preferem picar as pessoas e viver perto delas, no interior ou fora das casas. Eles picam agressivamente durante o dia dentro de casa e em áreas de sombra fora de casa. Eles são mais ativos durante as várias horas após o nascer do sol e antes do pôr do sol. Eles também picam à noite.

Em 1947, o vírus Zika foi identificado pela primeira vez em macacos na floresta de Zika, em Uganda. Ele era relativamente desconhecido até 2007, quando os primeiros surtos em larga escala ocorreram nas ilhas do Sul do Pacífico. Em maio de 2015, foi relatada a transmissão local na América do Sul, depois na América Central e no Caribe, chegando ao México no final de novembro de 2015. Transmissão local significa que as pessoas são picadas por um mosquito infectado no local em que vivem ou trabalham, em vez de serem infectadas enquanto estavam viajando.

Até maio de 2017, foram relatados casos de infecção por vírus Zika transmitido localmente no condado de Miami-Dade, no sudeste da Flórida e em Brownsville, Texas. Até dezembro de 2019, nenhum caso novo de vírus Zika transmitido localmente foi relatado na área continental dos Estados Unidos. A infecção por vírus Zika foi relatada em viajantes que regressaram para os Estados Unidos depois de viajarem para países em que o vírus é transmitido localmente.

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) publicam alertas de viagem quando ocorrem surtos. Até dezembro de 2019, não havia áreas com surtos de Zika.

Transmissão do vírus Zika

Durante a primeira semana de infecção, o vírus Zika está presente no sangue. Ao picar uma pessoa infectada, os mosquitos ingerem sangue contendo o vírus. O vírus se reproduz nos mosquitos e, depois de alguns dias, quando os mosquitos picam outra pessoa, eles podem transmitir o vírus para aquela pessoa.

As pessoas que viajaram para áreas em que a infecção por vírus Zika é comum podem ter o vírus Zika em seu sangue ao voltarem para casa. Se elas viverem em uma área com mosquitos Aedes, os mosquitos poderão picá-las, depois espalhar o vírus para outras pessoas que vivem na área, resultando em uma transmissão local do vírus Zika.

Embora o vírus Zika seja geralmente disseminado por mosquitos, ele pode ser disseminado de outras formas:

  • Por relações sexuais (sexo vaginal, anal ou oral) e pelo compartilhamento de dispositivos sexuais

  • De uma mulher grávida infectada para seu bebê antes ou durante o nascimento

  • Por transfusão de sangue ou transplante de órgãos

Pessoas com infecção por vírus Zika podem transmitir o vírus por relações sexuais em muitas circunstâncias:

  • Se a infecção nunca causar quaisquer sintomas

  • Antes que os sintomas comecem

  • Enquanto tiverem sintomas

  • Depois que os sintomas terminarem

O vírus Zika permanece no sêmen por muito mais tempo do que no sangue e em outros líquidos do corpo. Ele pode ser disseminado por homens infectados para seus parceiros sexuais (homens ou mulheres) por sexo desprotegido (relações sexuais sem preservativo, incluindo sexo vaginal, anal e oral) (consulte também Zika: transmissão sexual e prevenção).

O vírus Zika também permanece em líquidos vaginais depois de desaparecer do sangue e da urina. As mulheres infectadas podem disseminar o vírus para seu parceiro durante as relações sexuais.

Foi relatada a transmissão por transfusão de sangue no Brasil. Entretanto, nenhum caso de transmissão por transfusão de sangue foi confirmado nos Estados Unidos.

O vírus Zika pode ser transmitido de mãe para filho durante a gravidez ou por volta do momento do nascimento.

No presente, não houve relatos de bebês terem sido infectados pelo vírus Zika pela amamentação. Embora o material genético do vírus Zika tenha sido encontrado no leite materno, os benefícios nutricionais da amamentação para o bebê superam o risco de transmissão pelo leite materno. (Consulte Centros de Controle e Prevenção de Doenças [CDC]: Transmissão do vírus Zika e Organização Mundial da Saúde [OMS]: Diretrizes: alimentação infantil em áreas de transmissão do vírus Zika, 2ª edição.)

Sintomas de infecção por vírus Zika

A maioria das pessoas que se infecta pelo vírus Zika não apresenta sintomas e muitas não sabem que estão infectadas. Se houver sintomas, eles geralmente são leves. Infecções graves o suficiente para exigir hospitalização são incomuns. A morte por infecção por vírus Zika é rara.

Você sabia que...

  • A maioria das pessoas infecção por vírus Zika não apresenta sintomas e muitas não sabem que estão infectadas.

Os sintomas de infecção por vírus Zika incluem febre, conjuntivite (conjuntivite infecciosa), dores articulares e musculares, dor atrás dos olhos, dor de cabeça e uma erupção cutânea vermelha e saliente. Esses sintomas duram de quatro a sete dias.

Em casos raros, ocorre síndrome de Guillain-Barré após uma infecção por vírus Zika. A síndrome de Guillain-Barré é um distúrbio nervoso que causa fraqueza muscular e sensação de formigamento ou perda de sensação que geralmente perdura por um período limitado.

Infecção pelo vírus Zika em bebês de mães infectadas

A infecção por vírus Zika durante a gravidez pode causar microcefalia ou outros problemas no bebê. Microcefalia significa uma cabeça anormalmente pequena. A cabeça é pequena porque o cérebro não se desenvolve normalmente e é pequeno.

Os bebês infectados antes do nascimento podem ter muitos problemas além de microcefalia, algumas vezes, incluindo:

  • Convulsões

  • Atrasos no desenvolvimento (por exemplo, as crianças podem ter problemas de fala e podem sentar, ficar de pé e andar mais tarde do que o esperado)

  • Deficiência intelectual

  • Problemas com movimento e equilíbrio

  • Problemas de alimentação, tais como dificuldade de engolir

  • Perda da audição

  • Problema de visão

Nos Estados Unidos, diversos casos de microcefalia foram ligados ao vírus Zika. As mães desses bebês provavelmente foram infectadas quando viajaram para um país em que a infecção pelo vírus Zika é comum. Os casos estão sendo monitorados pelos CDC e pela OMS (consulte CDC: casos de Zika nos Estados Unidos; OMS: países e territórios com transmissão atual ou anterior do vírus Zika).

A infecção por vírus Zika pode causar outras anormalidades no cérebro e nos olhos (incluindo catarata). Os bebês infectados podem ter excesso de pele no couro cabeludo e, raramente, articulações com amplitude de movimentação limitada (como pé torto).

Diagnóstico de infecção por vírus Zika

  • Exames de sangue e urina

Os médicos suspeitam de infecção por vírus Zika com base nos sintomas e nos locais e datas de viagem. Entretanto, os sintomas de infecção por vírus Zika lembram os de muitas doenças tropicais (como malária, dengue e outras infecções virais transmitidas por mosquitos), e o vírus ocorre nas mesmas áreas em que essas infecções. Assim, são necessários exames para confirmar a infecção por vírus Zika.

Os exames de sangue e urina podem detectar o vírus se forem realizados no prazo de uma semana ou duas após o início dos sintomas. Esses exames podem usar a técnica da reação em cadeia da polimerase (polymerase chain reaction, PCR), que aumenta a quantidade de material genético do vírus e, assim, facilita sua detecção. Também são feitos testes para detectar a presença de anticorpos ao vírus Zika no sangue.

Exames de rotina para infecção pelo vírus Zika não são recomendados para gestantes que não apresentam sintomas. No entanto, para aqueles em áreas ou em viagens recentes para áreas com níveis elevados de vírus Zika ou que tiveram relações sexuais com alguém com alto risco de exposição, os médicos podem recomendar exames.

Atualmente, não são feitos testes em homens que foram expostos ao vírus Zika para determinar se eles estão infectados e se, dessa forma, têm risco de transmitir o vírus por relações sexuais. Em vez disso, são recomendadas medidas para prevenir a transmissão (como preservativos) toda vez que pessoas que possam ter sido expostas ao vírus Zika tiverem relações sexuais (incluindo vaginais, anais e sexo oral).

Tratamento de infecção por vírus Zika

  • Cuidados de apoio

Não existe nenhum medicamento antiviral específico para infecção por vírus Zika.

O tratamento da infecção por vírus Zika é de apoio. Isso inclui:

  • Repouso

  • Líquidos para prevenir a desidratação

  • Paracetamol para aliviar a febre e as dores

Pessoas que possam ter infecção por vírus Zika não devem tomar aspirina e/ou outros anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) até que se tenha descartado dengue. Se as pessoas tiverem dengue e tomarem aspirina ou outro AINE, o risco de sangramento excessivo (hemorragia) aumenta. Dengue enfraquece os vasos sanguíneos, tornando-os mais suscetíveis a romper ou vazar, e os AINEs tornam o sangue menos suscetível à coagulação. Além disso, devido ao risco da síndrome de Reye, crianças (até 18 anos de idade) não devem tomar aspirina.

Se o vírus Zika for detectado em mulheres grávidas, os médicos podem recomendar a realização de uma ultrassonografia a cada três a quatro semanas para monitorar o desenvolvimento do feto. Os médicos podem encaminhar as mulheres para um especialista em medicina materno-fetal ou doenças infecciosas com experiência no controle de gravidez.

Os médicos podem monitorar o desenvolvimento cerebral por ≥ 2 anos após o nascimento em todos os bebês nascidos de mães infectadas pelo vírus Zika, independentemente de os bebês terem ou não sintomas.

Prevenção de infecção por vírus Zika

Se possível, gestantes NÃO devem viajar para áreas com surtos contínuos do vírus Zika (consulte também CDC: Gestantes e Zika). Antes de viajarem para essas regiões, a gestante deve conversar com seu médico sobre os riscos de infecção e sobre as precauções que devem ser adotadas para evitar picadas de mosquitos durante a viagem.

Atualmente, não existe nenhuma vacina para prevenir a infecção por vírus Zika, embora as pesquisas para desenvolver uma vacina estejam progredindo.

Prevenção da transmissão do vírus Zika por mosquitos

A prevenção da infecção por vírus Zika depende do controle de mosquitos nas áreas em que esta infecção é comum e da prevenção de picadas de mosquitos ao viajar para essas áreas.

Para prevenir picadas de mosquitos, as pessoas devem tomar as seguintes precauções:

  • Usar camisas de manga comprida e calças compridas.

  • Ficar em locais que tenham ar-condicionado ou que usem telas de janelas e portas para manter os mosquitos fora.

  • Dormir sob um mosquiteiro em locais que não tenham ar-condicionado ou não estejam adequadamente protegidos por telas.

  • Usar repelentes de insetos registrados na Agência de Proteção Ambiental, contendo ingredientes como DEET (dietiltoluamida), ou outros princípios ativos aprovados, nas superfícies da pele expostas.

  • Tratar o vestuário e equipamentos com o inseticida permetrina (não aplicá-lo diretamente na pele).

Para crianças, são recomendadas as seguintes precauções:

  • Não usar repelentes de insetos em bebês com menos de 2 meses de idade.

  • Não usar produtos contendo óleo de eucalipto-limão (para-mentano-diol) em crianças com menos de 3 anos de idade.

  • No caso de crianças maiores, os adultos devem borrifar repelente em suas próprias mãos e depois aplicá-lo na pele das crianças.

  • Vestir as crianças com roupas que cubram seus braços e pernas, ou cobrir o berço, carrinho ou canguru com um mosquiteiro.

  • Não aplicar repelente contra insetos nas mãos, olhos, boca ou na pele cortada ou irritada de crianças.

Prevenção da transmissão sexual do vírus Zika

O vírus Zika pode ser transmitido sexualmente de homens para parceiros (do sexo masculino ou feminino) e de mulheres para homens. Os CDC fizeram recomendações sobre a prevenção da transmissão do vírus Zika durante as relações sexuais (CDC: Zika: transmissão sexual e prevenção [Zika: Sexual Transmission and Prevention]):

Para mulheres grávidas, as precauções para prevenir a transmissão sexual do vírus Zika são particularmente importantes. Se o parceiro ou parceira morar ou tiver viajado para uma área em que a infecção por vírus Zika seja comum, o casal deve usar uma medida preventiva durante toda a gravidez. O casal deve adotar um dos seguintes procedimentos:

  • Abster-se de relações sexuais (vaginais, anais ou orais)

  • Usar um método de contracepção de barreira de forma constante e correta durante as relações sexuais (vaginais, anais ou orais)

Esta recomendação se aplica independentemente de o parceiro apresentar sintomas ou não, pois a maioria das infecções por vírus Zika não causa sintomas e, quando há surgimento de sintomas, eles são geralmente leves.

Os CDC também emitem recomendações quando não houver gravidez existente. Os períodos de tempo para homens e mulheres variam, pois o vírus Zika permanece no sêmen por mais tempo de que em outros líquidos corporais.

Os homens que viajaram para uma área com transmissão passada ou atual por vírus Zika devem

  • Usar preservativos ou abster-se de relações sexuais durante pelo menos três meses após retornarem, ou a partir do início dos sintomas ou da data em que foram diagnosticados com o Zika.

As mulheres que tiverem viajado para uma área com transmissão passada ou atual por vírus Zika devem

  • Usar preservativos ou abster-se de relações sexuais durante pelo menos dois meses após retornarem, ou a partir do início dos sintomas ou da data em que foram diagnosticadas com o Zika.

Quando ambos os parceiros tiverem viajado para uma área com transmissão passada ou atual por vírus Zika, eles devem

  • Usar preservativos ou abster-se de relações sexuais durante pelo menos três meses após o último viajante retornar, ou a partir do início dos sintomas ou da data em que um deles foi diagnosticado com o Zika.

Os métodos de barreira incluem preservativos (masculinos e femininos) e barragens dentais (usadas durante o sexo oral). Essas barreiras podem reduzir o risco de contrair o vírus Zika durante as relações sexuais. Para serem eficazes, os preservativos e as barragens dentais precisam ser usados corretamente. Eles devem ser colocados antes do início da atividade sexual e permanecer até que ela termine (consulte Preservativos). Eles devem ser usados toda vez durante o sexo vaginal, anal e oral.

Não compartilhar dispositivos sexuais também pode reduzir o risco de transmissão sexual.

Consulte também CDC: Zika: Pessoas que tentam conceber.

Mais informações

Os seguintes recursos em inglês podem ser úteis. Vale ressaltar que O MANUAL não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

  1. CDC: Vírus Zika: informações abrangentes sobre o vírus Zika, desde sua prevenção, informações sobre viagens e controle de mosquitos até sintomas, exames e tratamento 

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