A macroglobulinemia é um câncer de plasmócitos no qual um único clone de plasmócitos produz quantidades excessivas de um determinado tipo de anticorpo de grandes dimensões (IgM), designado macroglobulina.
Ainda que muitas pessoas não apresentem sintomas, algumas pessoas apresentam hemorragias anormais, infecções bacterianas recorrentes e fraturas ósseas decorrentes de osteoporose grave.
Exames de sangue e da medula óssea são necessários para fazer o diagnóstico.
A macroglobulinemia é incurável, mas a progressão pode ser retardada com quimioterapia.
Os plasmócitos se desenvolvem a partir de células B (linfócitos B), um tipo de glóbulo branco que normalmente produz anticorpos (imunoglobulinas). Os anticorpos são proteínas que ajudam o corpo a combater infecções. Se um único plasmócito se multiplicar excessivamente, o grupo resultante de células geneticamente idênticas (chamadas de clone) produz uma grande quantidade de um único tipo de anticorpo. Como esse anticorpo é formado por um único clone, ele é chamado de anticorpo monoclonal e também é conhecido como proteína M. Na macroglobulinemia, o clone de plasmócito anormal produz quantidades excessivas do anticorpo IgM (consulte também Considerações gerais sobre distúrbios dos plasmócitos).
Homens são afetados pela macroglobulinemia com mais frequência que mulheres, e a idade média de surgimento da doença é aos 70 anos. Desconhece-se a sua causa.
Sintomas de macroglobulinemia
Muitas pessoas com macroglobulinemia não apresentam sintomas e a doença é descoberta por acaso, quando se encontram níveis elevados de proteínas sanguíneas num exame de sangue de rotina.
Outras pessoas apresentam sintomas resultantes da interferência no fluxo sanguíneo para a pele, os dedos dos pés e das mãos, o nariz e o cérebro, que ocorre quando a grande quantidade de macroglobulinas torna o sangue espesso (síndrome da hiperviscosidade). Esses sintomas incluem hemorragia na pele e nas membranas mucosas (como no revestimento da boca, do nariz e do trato digestivo), fadiga, fraqueza, cefaleia, confusão, tontura e até mesmo coma. A viscosidade do sangue também pode piorar as doenças cardíacas e causar aumento da pressão no cérebro. Os pequenos vasos sanguíneos localizados na parte posterior dos olhos podem se encher de sangue e sangrar, causando danos à retina e comprometendo a visão.
Pessoas com macroglobulinemia podem também apresentar linfonodos inchados e aumento do fígado e do baço devido à infiltração por plasmócitos cancerosos. Infecções bacterianas recorrentes, resultantes da produção inadequada de anticorpos normais, podem causar febre e calafrios. Anemia, que pode causar fraqueza e fadiga, ocorre quando plasmócitos cancerosos impedem a produção normal das células formadoras do sangue na medula óssea. A infiltração dos ossos por plasmócitos cancerosos pode provocar perda da densidade óssea (osteoporose), o que pode enfraquecer os ossos e aumentar o risco de fraturas.
Algumas pessoas desenvolvem um quadro clínico chamado crioglobulinemia. A crioglobulinemia envolve o desenvolvimento de anticorpos que entopem os vasos sanguíneos a temperaturas baixas.
Diagnóstico de macroglobulinemia
Exames de sangue
Exames laboratoriais adicionais
São realizados exames de sangue quando há suspeita de macroglobulinemia. Os 3 exames mais úteis são
Eletroforese de proteínas séricas (um exame que mede proteínas específicas no plasma para ajudar a identificar algumas doenças)
Imunofixação (um processo pelo qual as proteínas são separadas do plasma e identificadas com base nas reações imunológicas detectáveis que elas produzem)
Dosagem dos níveis de imunoglobulina
A ocorrência de mutações genéticas específicas costuma acontecer em pessoas com macroglobulinemia.
Os médicos podem também fazer outros exames laboratoriais. Por exemplo, eles examinam uma amostra de sangue para determinar se os valores de glóbulos vermelhos, de glóbulos brancos e de plaquetas estão normais. Além disso, a viscosidade sérica, um exame para verificar a viscosidade do sangue, é feita com frequência.
Os resultados dos exames de coagulação sanguínea podem ser anormais e outros exames podem detectar crioglobulinas. Exame de uma amostra de urina pode revelar proteínas de Bence-Jones (fragmentos de anticorpos anormais).
Uma biópsia da medula óssea pode revelar aumento do número de linfócitos e de plasmócitos, o que ajuda a confirmar o diagnóstico de macroglobulinemia. O aparecimento dessas células ajuda a diferenciar essa doença do mieloma múltiplo.
Radiografias podem mostrar perda da densidade óssea (osteoporose). Tomografia computadorizada (TC) pode revelar que o baço, o fígado ou os linfonodos estão aumentados.
Tratamento da macroglobulinemia
Corticosteroides
Quimioterapia
Outros medicamentos direcionados ao sistema imunológico
Troca de plasma
Frequentemente, as pessoas não precisam de tratamento por muitos anos. Entretanto, quando é necessário tratamento, muitas vezes os corticosteroides são úteis, pois alteram a composição de proteínas das células, danificando ou matando as células cancerosas.
A quimioterapia, geralmente com clorambucila ou fludarabina, pode retardar o crescimento de plasmócitos anormais. Outros agentes quimioterápicos, tais como a bendamustina, a melfalana ou a ciclofosfamida, bem como corticosteroides, são às vezes utilizados isoladamente ou em combinação.
É possível que medicamentos com ação diferente dos agentes quimioterápicos sejam úteis. O anticorpo monoclonal rituximabe é eficaz em retardar o crescimento de plasmócitos anormais. Outros medicamentos que afetam o sistema imunológico de diferentes formas, os quais incluem talidomida, lenalidomida, pomalidomida, bortezomibe, carfilzomibe, ibrutinibe, acalabrutinibe, zanubrutinibe, idelalisibe e everolimo, estão sendo usados com algum sucesso, sobretudo quando utilizados com corticosteroides e/ou quimioterapia.
Uma pessoa cujo sangue está espesso precisa ser tratada de imediato com plasmaférese, um procedimento no qual o sangue é coletado, os anticorpos anormais são removidos dele e os glóbulos vermelhos são devolvidos à pessoa. Somente um pequeno número de pessoas com macroglobulinemia requer esse procedimento; no entanto, nessas pessoas, muitas vezes é necessário repetir o procedimento.
A doença continua incurável, mas normalmente a pessoa sobrevive entre sete e dez anos após o diagnóstico.