O óleo de peixe é derivado dos tecidos de peixe com alto teor de gordura, como, por exemplo, a cavala, o arenque, o atum e o salmão. Os suplementos de óleo de peixe contêm um óleo que é extraído diretamente ou concentrado e colocado em cápsulas.
Os princípios ativos do óleo de peixe são os ácidos graxos ômega-3 (eicosapentaenoico [EPA] e o ácido docosaexaenoico [DHA]). Alguns alimentos à base de plantas, como sementes de linhaça, sementes de chia, nozes e óleo de canola contêm ácido alfa-linolênico, que o organismo consegue converter em DHA e EPA. Além disso, as cepas de levedura que conseguem produzir naturalmente quantidades significativas desses óleos foram geneticamente modificadas.
As dietas ocidentais normalmente têm baixos índices de ácidos graxos ômega-3
(consulte também Considerações gerais sobre suplementos alimentares).
Alegações sobre o óleo de peixe
Uma baixa ingestão de ácidos graxos ômega-3 tem sido associada a vários problemas de saúde. Suplementos de óleo de peixe têm sido promovidos para proteger o coração, aliviar a inflamação e melhorar a saúde mental. Especificamente, alega-se que o óleo de peixe pode
Prevenir e tratar a doença arterial coronariana
Ajudar a tratar a artrite reumatoide
Prevenir a toxicidade nos rins causada pelo medicamento ciclosporina
Retardar a progressão da degeneração macular relacionada à idade
Retardar a progressão do câncer
Ajudar a aliviar olhos ressecados
Ajudar a aliviar a depressão
Evidências a favor do óleo de peixe
Evidências anteriores mostraram que o óleo de peixe provavelmente diminui a incidência de ataques cardíacos e morte causados por arritmias cardíacas em pessoas com doença arterial coronariana. O óleo de peixe também pareceu diminuir os níveis sanguíneos de triglicerídeos, um fator de risco para a doença arterial coronariana. Doses mais elevadas de óleo de peixe também podem diminuir o risco de apresentar doença arterial coronariana e insuficiência cardíaca sem reduzir a pressão arterial. Estudos recentes mostraram que tomar óleo de peixe por um a sete anos diminui os níveis de triglicerídeos, mas provavelmente não teve muito efeito sobre ataques cardíacos e morte devido a arritmias cardíacas ou sobre acidentes vasculares cerebrais em pessoas com doença arterial coronariana. As orientações científicas da Associação Americana do Coração de 2019 descreveram as limitações ao uso de suplementos à base de óleo de peixe vendidos sem receita (de venda livre) e aconselhou que apenas produtos com receita aprovados pela Agência de Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA sejam usados por pessoas com níveis elevados de triglicerídeos.
As evidências científicas que dão respaldo a qualquer benefício para pessoas com artrite reumatoide são inconclusivas.
O controle dos fatores de risco para a aterosclerose (por exemplo, a pressão alta) e a ingestão regular de alimentos contendo ácidos graxos ômega-3 e de mais verduras verde-escuro podem ajudar a retardar a progressão da degeneração macular relacionada à idade. No entanto, tomar suplementos de ácidos graxos ômega-3 não retarda a progressão da doença.
Alguns estudos recentes em animais sugerem que os ácidos graxos ômega-3 poderiam interromper o crescimento de cânceres ou desacelerar seu crescimento. No entanto, esses achados não têm se repetido em humanos.
Algumas evidências sugerem que o óleo de peixe, na forma de suplementos ou em alimentos, ajuda a aliviar os sintomas dos olhos ressecados, mas as evidências são inconsistentes.
Evidências observacionais mostram que indivíduos que tomam suplementos de óleo de peixe podem ter menos depressão. No entanto, tais efeitos não foram comprovados de forma conclusiva e provavelmente são leves.
Efeitos colaterais do óleo de peixe
Eructação com gosto de peixe, exacerbação da acne, náusea e diarreia podem ocorrer. Alguns estudos sugerem que óleo de peixe em excesso pode causar hemorragia, mas outros não mostram uma relação clara. Tomar doses muito elevadas de óleo de peixe pode aumentar o risco de apresentar fibrilação atrial, um tipo de arritmia cardíaca.
Embora alguns peixes contenham quantidades excessivas de mercúrio, os testes em laboratório não mostram, consistentemente, mercúrio em excesso nos suplementos de óleo de peixe. Mesmo assim, com base em efeitos colaterais documentados, gestantes e lactantes não devem tomar suplementos de ácidos graxos de ômega-3 extraídos de peixe e deverão limitar a ingestão de certos tipos e quantidades de peixe, devido ao risco potencial de contaminação por mercúrio.
Interações medicamentosas com o óleo de peixe
Pessoas que estão tomando medicamentos anti-hipertensivos (medicamentos para baixar a pressão arterial) devem tomar óleo de peixe com cautela, uma vez que ele pode baixar a pressão arterial além do desejado.
O óleo de peixe pode vir a potencializar o efeito anticoagulante da varfarina; assim, as pessoas que tomam varfarina devem consultar o médico sobre tomar óleo de peixe.
Recomendações para o óleo de peixe
O óleo de peixe pode vir a diminuir os índices de ataque cardíaco e de mortes causadas por arritmia cardíaca e diminuir os níveis sanguíneos de triglicerídeos, que representa um fator de risco para doença arterial coronariana. Para maximizar a chance de receber esses benefícios, devem ser usadas formulações com receita médica. O óleo de peixe pode ajudar a aliviar os sintomas de olhos ressecados, mas as evidências para isso são inconsistentes. O óleo de peixe é relativamente seguro, mas as pessoas que tomam medicamentos para tratar hipertensão arterial ou o anticoagulante varfarina devem tomar bastante cuidado quando estiverem tomando suplementos à base de óleo de peixe.
Mais informações
Os seguintes recursos em inglês podem ser úteis. Vale ressaltar que O MANUAL não é responsável pelo conteúdo deste recurso.
National Institutes of Health's National Center for Complementary and Integrative Health: Sete coisas que você precisa saber sobre os ácidos graxos ômega-3