O transtorno da personalidade esquizoide é caracterizado por um padrão generalizado de distanciamento e desinteresse geral pelos relacionamentos sociais e uma gama limitada de emoções nas relações interpessoais. O diagnóstico é por critérios clínicos. O tratamento é com terapia cognitivo-comportamental.
(Ver também Visão geral dos transtornos de personalidade.)
No transtorno de personalidade esquizoide, a capacidade de se relacionar com os outros é significativamente limitada.
Estima-se que a mediana da prevalência seja de 0,9%, mas pode chegar a 3,1% (1, 2). Alguns estudos sugerem que é um pouco mais comum entre homens, enquanto outros estudos não encontraram nenhuma diferença entre os sexos. O transtorno da personalidade esquizoide pode ser mais comum nas pessoas com história familiar de esquizofrenia ou transtorno de personalidade esquizotípica.
Comorbidades são comuns. Até metade dos pacientes tiveram pelo menos um episódio de transtorno depressivo maior. Eles muitas vezes também têm outros transtornos de personalidade, mais comumente esquizotípica, paranoia, borderline ou esquivo.
Referências gerais
1. Grant BF, Hasin DS, Stinson FS, et al: Prevalence, correlates, and disability of personality disorders in the United States: Results from the national epidemiologic survey on alcohol and related conditions. J Clin Psychiatry 65(7):948-958, 2004. doi: 10.4088/jcp.v65n0711
2. Morgan TA, Zimmerman M: Epidemiology of personality disorders. In Handbook of Personality Disorders: Theory, Research, and Treatment. 2nd ed, edited by WJ Livesley, R Larstone, New York, NY: The Guilford Press, 2018, pp. 173-196.
Etiologia do transtorno de personalidade esquizoide
Ter sido cuidado por pesssoas emocionalmente insensíveis, negligentes e distantes durante a infância pode contribuir para a etiologia do transtorno de personalidade esquizoide, alimentando a sensação da criança de que as relações interpessoais não são gratificantes.
Sinais e sintomas do transtorno de personalidade esquizoide
Pacientes com transtorno de personalidade esquizoide parecem não ter nenhum desejo de manter relacionamentos íntimos com outras pessoas, incluindo parentes. Eles não têm amigos íntimos ou confidentes, exceto às vezes um parente de 1º grau. Eles raramente namoram e muitas vezes não se casam. Eles preferem estar sós, escolhendo atividades e hobbies que não exigem interação com os outros (p. ex., jogos de computador). A atividade sexual com os outros é de pouco, se algum, interesse para eles. Eles também parecem sentir menos prazer com as experiências sensoriais e corporais (p. ex., uma caminhada na praia).
Esses pacientes não parecem incomodados com o que os outros pensam deles— seja bom ou ruim. Como eles não percebem indícios normais da interação social, eles podem parecer socialmente ineptos, indiferentes ou autoabsorvidos. Eles raramente reagem (p. ex., sorrindo ou gesticulando) ou demonstram emoção em situações sociais. Eles têm dificuldade de expressar raiva, mesmo quando são provocados. Eles não reagem adequadamente a acontecimentos importantes da vida e podem parecer passivos em resposta a mudanças nas circunstâncias. Como resultado, eles podem parecer não ter direcionamento na vida.
Raramente, quando esses pacientes se sentem à vontade e se revelam, admitem que sofrem, especialmente nas interações sociais.
Os sintomas do transtorno de personalidade esquizoide tendem a permanecer estáveis ao longo do tempo, mais do que aqueles de outros transtornos de personalidade.
Diagnóstico do transtorno de personalidade esquizoide
Critérios do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5th ed, Text Revision (DSM-5-TR)
Para um diagnóstico de transtorno de personalidade esquizóide (1), os pacientes devem ter um padrão persistente de
Desprendimento e desinteresse geral pela interação social
Expressão limitada das suas emoções nas interações interpessoais
Esse padrão é caracterizado pela presença de ≥ 4 dos seguintes:
Nenhum desejo ou prazer com relacionamentos íntimos, incluindo aqueles com membros da família
Forte preferência por atividades solitárias
Pouco, se algum, interesse em atividade sexual com outra pessoa
Prazer com poucas, se alguma, atividades
Falta de amigos íntimos ou confidentes, exceto possivelmente parentes de 1º grau
Indiferença aparente quanto a elogios ou críticas dos outros
Frieza emocional, distanciamento ou afeto aplainado
Além disso, os sintomas devem ter ocorrido no início da idade adulta.
Diagnóstico diferencial
Os médicos devem distinguir transtorno de personalidade esquizoide do seguinte:
Esquizofrenia e transtornos relacionados: pacientes com transtorno de personalidade esquizoide, contrariamente aos esquizofrênicos, não têm alterações cognitivas ou perceptivas (p. ex., paranoia e/ou alucinações).
Distúrbios de espectro do autismo: comprometimento social e comportamentos ou interesses estereotipados são menos proeminentes em pacientes com transtorno de personalidade esquizoide.
Transtorno de personalidade esquizoide: esse transtorno é caracterizado por percepções e pensamentos distorcidos; essas características não estão presentes no transtorno de personalidade esquizoide.
Transtorno da personalidade esquiva: o isolamento social do transtorno da personalidade esquizoide é devido ao distanciamento generalizado e desinteresse geral pelos relacionamentos sociais enquanto no transtorno da personalidade esquiva isso ocorre por medo de se sentir constrangido ou rejeitado.
Referência sobre diagnóstico
1. American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5th ed Text Revision (DSM-5-TR). Washington, DC, American Psychiatric Association, 2022, pp 741-744.
Tratamento do transtorno de personalidade esquizoide
Treinamento de habilidades sociais
Os princípios gerais para tratamento do transtorno de personalidade esquizoide são os mesmos que para todos os transtornos de personalidade.
Não há estudos controlados publicados sobre psicoterapia ou farmacoterapia para o transtorno de personalidade esquizoide.
Em geral, as tentativas de compartilhar interesses em assuntos impessoais (p. ex., bens, coleções e/ou passatempos) que atraem as pessoas que preferem atividades solitárias podem ajudar a estabelecer um relacionamento com o paciente e talvez facilitar a interação terapêutica.
Abordagens cognitivo-comportamentais que foquem a aquisição de habilidades sociais também podem ajudar os pacientes a mudar. Como os pacientes com transtorno de personalidade esquizoide não têm interesse em outras pessoas, eles podem não estar motivados a mudar.