Reabilitação após amputação de membro

PorZacharia Isaac, MD, Brigham and Women's Hospital
Revisado/Corrigido: dez. 2023
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Antes da cirurgia, um cirurgião, protético ou fisioterapeuta discutem os planos e os objetivos da pessoa que precisa de amputação. Um protético é um especialista que adequa, constrói, ajusta membros artificiais (próteses) e fornece conselho sobre como as usar. Os exercícios usados na reabilitação podem ser iniciados antes da amputação. (Consulte também Considerações gerais sobre a reabilitação e Considerações gerais sobre a prótese de membros).

Uma prótese para um membro (braço ou perna) consiste em um soquete em uma estrutura rígida (interface), componentes e uma cobertura. A interface permite que a prótese seja acoplada ao corpo. Os componentes incluem dispositivos terminais (como mãos, pés, dedos dos pés e das mãos artificiais) e articulações artificiais.

Amputação do braço (membro superior)

A maioria das amputações de braço resulta de lesões ocupacionais. Raramente, toda ou parte de um braço é removida cirurgicamente para tratar um distúrbio (como o câncer). O braço pode ser amputado acima ou abaixo do cotovelo ou na altura do ombro. Uma mão ou um ou mais dedos podem ser amputados.

Após a amputação do braço, a maioria das pessoas são adaptadas a um braço artificial (uma prótese de membro superior). Os componentes incluem dedos, um gancho ou mão, uma unidade de pulso e, para amputação acima do cotovelo, uma unidade de cotovelo. O movimento do gancho ou da mão é controlado pelo movimento dos músculos do ombro. Um gancho pode ser mais funcional, mas a maioria das pessoas prefere a aparência de mão. O controle de uma prótese acima do cotovelo é mais complicado do que abaixo do cotovelo. Próteses mais recentes que são controladas por microprocessadores e energizadas mioeletricamente (com uso de energia produzida pelos músculos da pessoa) foram desenvolvidas, o que permite que a pessoa controle os movimentos com mais precisão. Os componentes biônicos possibilitam que a pessoa tenha um funcionamento ainda melhor.

A reabilitação compreende exercícios de condicionamento e exercícios para alongar o ombro e cotovelo, além de alongar os músculos do braço. Podem ser necessários também exercícios de resistência. O programa de exercício específico prescrito depende de fatores como o fato de se ter amputado um ou ambos os braços, e de quanto foi amputado do braço. A pessoa aprende como realizar as atividades rotineiras com o uso de prótese, dispositivos adaptativos ou outras partes do corpo (como boca e pés).

Você sabia que...

  • As pessoas que perderam um membro podem escolher membros artificiais com microprocessadores ou partes biônicas, que fornecem um controle mais preciso dos movimentos.

Amputação da perna (membro inferior)

Essas amputações resultam quase igualmente de lesão (como colisão de veículo motorizado ou durante combate), ou de um procedimento cirúrgico para tratar uma complicação de um distúrbio (como a circulação reduzida devido à aterosclerose ou diabetes). A perna pode ser amputada acima ou abaixo do joelho ou na altura do quadril. Um pé ou mais dedos dos pés podem ser amputados.

Após a amputação da perna, a maioria das pessoas é preparada para receber uma perna artificial (uma prótese de membro inferior). Os componentes podem incluir dedos dos pés, um pé e para a amputação acima do joelho, uma unidade de joelho. As próteses mais recentes, que são controladas por microprocessadores e energizadas mioeletricamente, ou as próteses com componentes biônicos, permitem que as pessoas controlem os movimentos com mais precisão.

A reabilitação inclui exercícios para condicionamento geral e exercícios para alongar a cintura e joelho e fortalecer todos os músculos do braço e da perna. Assim que possível, deve-se incentivar a pessoa a dar início aos exercícios em pé e equilíbrio com barras paralelas. Podem ser necessários exercícios de resistência. O programa específico prescrito depende de fatores como o fato de se ter amputado uma ou ambas as pernas e de quanto foi amputado da perna.

Os músculos próximos ao membro amputado, na articulação do quadril ou do joelho tendem a se encurtar. Esse encurtamento (chamado de contraturas) normalmente resulta de permanecer sentado na cadeira ou cadeira de rodas por muito tempo ou de repousar na cama com o corpo desalinhado. As contraturas limitam a amplitude de movimento. Se a contratura for grave, é possível que a prótese não se ajuste corretamente ou que a pessoa perca a capacidade de usá-la. Os terapeutas ou enfermeiros devem ensinar formas de evitar contraturas.

Os terapeutas devem ensinar os pacientes a acondicionar o membro residual (coto), o que ajuda com o processo natural de encolhimento. O membro residual precisa encolher antes de a prótese poder ser ajustada. O uso de um material elástico ou de faixas, durante 24 horas diárias, pode ser útil para moldar o membro residual e evitar o acúmulo de líquidos nos tecidos. Logo após a amputação, a pessoa recebe uma prótese temporária para que possa começar a caminhar o mais cedo possível e assim ajudar o membro residual a encolher. Uma pessoa com uma prótese temporária pode iniciar os exercícios de ambulação em barras paralelas, passando depois a andar com muletas ou com uma bengala até que a prótese permanente seja feita. Às vezes, a pessoa usa uma prótese com componentes permanentes, mas com um soquete ou estrutura temporários. Uma vez que algumas partes permanecem iguais, talvez a pessoa precise ajustar as novas partes mais rapidamente.

Caso uma prótese permanente seja fabricada antes de o membro residual parar de encolher, podem ser necessários ajustes para torná-la mais confortável e permitir que a pessoa caminhe bem. Uma prótese permanente geralmente é fabricada várias semanas após a amputação para dar tempo de o membro residual encolher completamente.

Quando a pessoa recebe a prótese, ela aprende o básico relacionado ao seu uso:

  • Como colocar a prótese

  • Como retirá-la

  • Como andar com ela

  • Como cuidar da prótese e da pele do membro residual

O treinamento é normalmente continuado, de preferência por uma equipe de especialistas. Um fisioterapeuta desenvolve um programa de exercícios para melhorar a força, equilíbrio, flexibilidade e a capacidade cardiovascular. O terapeuta ensina a pessoa a caminhar com uma prótese. A caminhada deve começar com assistência direta e progredir para caminhar com um andador, então uma bengala. Em poucas semanas, muitas pessoas caminham sem bengala. O terapeuta ensina como subir e a descer escadas, subir e descer ladeiras e a percorrer outras superfícies desniveladas. Pode-se ensinar as pessoas amputadas mais jovens a correr e, claro, a participar em muitas atividades desportivas. A evolução é mais lenta e mais limitada no caso de pessoas com amputação acima do joelho, idosos e pessoas fracas ou pouco motivadas.

A prótese necessária para uma amputação acima do joelho é muito mais pesada do que uma prótese para uma amputação abaixo do joelho; controlar um substituto artificial de articulação do joelho requer habilidade. A caminhada requer entre 10 e 40% mais energia, após uma amputação abaixo do joelho, e entre 60 e 100% mais, após uma amputação acima do joelho.

Cuidado do membro residual (coto)

A pele que entra em contato com o soquete da prótese deve ser cuidada e examinada cuidadosamente para prevenir ruptura e infecção da pele (consulte Cuidado da pele do membro residual). 

Uma vez que a prótese da perna é destinada apenas para caminhar, a pessoa deve removê-la quando for dormir. Antes de dormir, o membro residual deve ser minuciosamente inspecionado (com um espelho se a própria pessoa realizar a inspeção), lavado com sabão neutro e água morna, secado com cuidado e, então, talco deve ser aplicado.

Se determinados problemas ocorrerem, a pessoa deve tratar o problema:

  • Pele seca: Aplicar lanolina ou petrolato no membro residual

  • Sudorese excessiva: Aplicar um desodorante inodoro

  • Pele inflamada: Remover o responsável pela irritação imediatamente e aplicar talco, creme ou pomada com corticosteroide de baixa concentração

  • Pele rachada: Não usar a prótese até que a ferida tenha cicatrizado e consultar um médico

Utilizar uma meia e/ou forro entre a prótese e a pele. A meia e o forro devem ser lavados todos os dias, e sabão leve pode ser utilizado para limpar a parte interna do encaixe.

As próteses normalmente não são à prova de água. Se alguma parte da prótese molhar, deve ser secada imediatamente e totalmente. Porém, calor não deve ser utilizado na tentativa de secagem. Se a pessoa nadar ou preferir tomar banho com a prótese, ela pode obter uma prótese que possa entrar em contato com a água.

Dor

Depois da amputação de um braço ou perna, é possível que a pessoa sinta uma dor que parece estar no membro amputado (dor fantasma). A dor é real, mas a localização está errada. A dor fantasma é mais provável se houver dor grave ou de longa duração antes da amputação. A dor fantasma costuma ser mais intensa logo após a amputação e, depois, diminui com o passar do tempo. Para muitas pessoas, a dor fantasma é mais comum quando a prótese não está sendo usada (por exemplo, durante a noite). Se uma anestesia espinhal e um anestésico geral forem usados durante a cirurgia, o risco de ter essa dor é reduzido.

Algumas pessoas apresentam a sensação de membro fantasma, que não é uma dor, mas a sensação de que o membro amputado ainda está ali. Quando a pessoa com uma perna amputada tem essa sensação, ela talvez se levante (e com isso caia no chão). Essa experiência geralmente ocorre durante a noite quando a pessoa acorda para usar o banheiro. A sensação de membro fantasma é mais comum que a dor fantasma.

O próprio membro residual pode ser doloroso. Massagear o membro residual ajuda a aliviar essa dor. A dor pode ser devido a infecção ou a descamação da pele (a pele se destaca). Nesses casos, a pessoa talvez precise de uma consulta médica.

Mais informações

Os seguintes recursos em inglês podem ser úteis. Vale ressaltar que O MANUAL não é responsável pelo conteúdo desses recursos.

  1. Liga de amputados (Amputee Coalition): Informações para promover a prevenção de perda de membro e oferecer informações, apoio e defesa jurídica para as pessoas afetadas por perda de membro

  2. Departamento de Assuntos dos Veteranos dos EUA (U.S. Department of Veterans Affairs): Serviços de reabilitação e próteses (Rehabilitation and Prosthetic Services): Recursos sobre as políticas e programas nacionais de reabilitação médica e prostética e serviços de aparelhos sensoriais que promovem a saúde, a independência e a qualidade de vida de veteranos de guerra com deficiências

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