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Riscos da exposição à radiação médica

PorMustafa A. Mafraji, MD, Rush University Medical Center
Reviewed ByWilliam E. Brant, MD, University of Virginia
Revisado/Corrigido: nov. 2023
Visão Educação para o paciente

Recursos do assunto

A radiação ionizante (ver também Exposição à radiação e contaminação) inclui

  • Ondas eletromagnéticas de alta energia (raios X, raios gama)

  • Partículas (partículas alfa, beta, nêutrons)

Radiação é emitida por elementos radioativos, como equipamentos de radiografia e radioterapia.

A maioria dos exames diagnósticos que utilizam radiação ionizante (p. ex., radiografias, TC, mapeamento com radioisótopos) expõe o paciente a doses relativamente baixas de radiação, que geralmente são consideradas seguras. Mas toda a radiação ionizante é potencialmente lesiva e não há limiar abaixo do qual não ocorrem efeitos lesivos, assim envida-se todos os esforços para minimizar a exposição à radiação.

Há várias maneiras de quantificar a exposição à radiação:

  • A dose absorvida é a quantidade de radiação absorvida por unidade de massa. É expressa em unidades especiais de Gray (Gy) e miliGray (mGy). Anteriormente, era expressa em dose de radiação absorvida (rad); 1 mGy = 0,1 rad.

  • A dose equivalente é a dose absorvida multiplicada pelos fatores de ponderação da radiação, que ajusta os efeitos teciduais com base no tipo de radiação emitida (p. ex., raios X, raios gama, elétrons). É expressa em Sieverts (Sv) e miliSieverts (mSv). Previamente era expressa em equivalentes de Roentgen em homens (rem); 1 mSv = 0,1 rem. Para raios X, incluindo TC, o fator de ponderação de radiação é 1.

  • A dose efetiva é a medida utilizada para estimar reações teciduais (ou efeitos estocásticos) de exposição à radiação ionizante; ela ajusta a dose equivalente com base na suscetibilidade do tecido exposto à radiação (p. ex., as gônadas são mais suscetíveis). É expressa em Sv e mSv. A dose efetiva é mais elevada nos jovens. A dose eficaz ajuda os médicos a avaliar e comparar os riscos à saúde associados a diversos procedimentos clínicos que utilizam radiação. Também pode ser comparada a uma dose ocupacional atribuída nos padrões de proteção radiológica.

Exames de imagem são uma das fontes de exposição à radiação ionizante (ver tabela Doses típicas de radiação). Outra fonte é a exposição ambiental de fundo (da radiação cósmica e isótopos naturais), que pode ser significativa, especialmente nas altas altitudes; os voos em aviões resultam em maior exposição à radiação ambiental como a seguir:

  • Em um único voo de avião transcontinental nos Estados Unidos: 0,01 a 0,03 mSv

  • Da exposição à radiação de fundo anual média nos Estados Unidos: cerca de 3 mSv

  • Da exposição anual em altas altitudes (p. ex., em Colorado, Novo México): cerca de 1,5 mSv adicional em relação ao fundo

Tabela
Tabela

A radiação pode ser lesiva se a dose total acumulada por um indivíduo for elevada, como quando são realizados várias tomografias, pois a maioria das tomografias necessita de doses maiores que a maioria dos exames por imagem.

Exposição à radiação também é uma preocupação em certas situações de alto risco, como:

  • Gestação

  • Na infância

  • Início da infância

  • Em adultos jovens para mulheres que precisam fazer mamografia

O National Council on Radiation Protection and Measurements (NCRP) in United States (Report No. 184) mostra que as TC representaram 63% da dose coletiva de todos os procedimentos de imagem de saúde em 2016, em comparação com 50% em 2006. Embora o número de TCs realizadas tenha aumentado em 20% ao longo dessa década, a dose total por pessoa para procedimentos de TC permaneceu essencialmente inalterada. Entre 2006 e 2016, a dose estimada de radiação médica não terapêutica diminuiu em 15 a 20%. A dose efetiva individual média estimada por pessoa nos Estados Unidos foi de 2,92 mSv em 2006 e 2,16 mSv em 2016.

Exames de TC com multidetectores, o tipo mais utilizado nos Estados Unidos, emitem cerca de 40 a 70% mais radiação do que os exames antigos, com detector único. Contudo, é provável que os avanços recentes (p. ex., controle automático de exposição, algoritmos de reconstrução iterativa, detectores de TC de 3ª geração), reduzam significativamente as doses de radiação utilizadas nas tomografias. O American College of Radiology iniciou dois programas — o Image Gently (para crianças) e o Image Wisely (para adultos) — a fim de responder a questões sobre o aumento da exposição à radiação ionizante utilizada nos exames de imagem. Esses programas oferecem recursos e informações sobre como minimizar a exposição à radiação para radiologistas, médicos, outros profissionais de exames de imagem, e pacientes.

Radiação e câncer

O risco estimado de câncer devido à exposição à radiação em exames diagnósticos foi extrapolado a partir de estudo de indivíduos expostos a doses muito elevadas de radiação (p. ex., os sobreviventes das explosões de bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki). Evidências epidemiológicas diretas de populações humanas demonstram que a exposição à radiação ionizante aumenta o risco de alguns tipos de câncer quando as doses excedem aproximadamente 50 a 100 mSv para exposição prolongada (p. ex., em ambientes ocupacionais) ou 10 a 50 mSv para exposição aguda (p. ex., pela exposição a uma bomba atômica) (1).

O risco é maior para pacientes jovens porque

  • Eles vivem mais tempo, o câncer têm mais tempo para se desenvolver.

  • Nos jovens há mais crescimento celular (e, assim, suscetibilidade aos danos no DNA).

Em uma criança de 1 ano que realiza tomografia de abdome, o risco estimado de desenvolver câncer ao longo da vida aumenta 0,18% (2). Se um paciente mais velho realiza este exame, o risco é menor.

O risco também depende do tecido a ser irradiado. Tecido linfoide, medula óssea, sangue, testículos, ovários e intestinos são considerados muito radiossensíveis; em adultos o sistema nervoso central e o sistema musculoesquelético são relativamente radiorresistentes.

Radiação durante a gestação

Os riscos de radiação dependem de

  • Dose

  • Tipo de exame

  • Região a ser examinada

O feto pode ser exposto a muito menos radiação do que a mãe; a exposição do feto é negligível durante radiografias de:

  • Cabeça

  • Coluna cervical

  • Extremidades

  • Mamas (mamografia), com o útero protegido por um capote de chumbo

A extensão da exposição depende da idade gestacional e, assim, do tamanho uterino. O efeito da radiação depende da idade do feto (a partir a ocasião da concepção).

Recomendações

O diagnóstico de imagem que utiliza radiação ionizante, especialmente a TC, só deve ser feito quando claramente necessário. Devem ser consideradas alternativas. Por exemplo, em crianças pequenas, traumas leves de crânio podem, geralmente, ser diagnosticados e tratados com base em achados clínicos e a apendicite geralmente pode ser diagnostica da por ultrassonografia. Entretanto, exames necessários não devem ser adiados, mesmo que a dose de radiação seja elevada (p. ex., tomografias), desde que os potenciais benefícios superem os potenciais malefícios.

Antes de serem realizados testes diagnósticos em mulheres em idade fértil, a gravidez deve ser considerada, especialmente porque os riscos de exposição à radiação são mais altos no início da gravidez (primeiro trimestre), e frequentemente não são reconhecidos. O útero deve ser protegido sempre que possível em mulheres. Estudos recentes levantaram uma controvérsia em torno dessa recomendação padrão, a saber, que a blindagem pode aumentar a dose de radiação para o útero e feto.

Referências

  1. 1. Brenner DJ, Doll R, Goodhead DT, et al: Cancer risks attributable to low doses of ionizing radiation: assessing what we really know. Proc Natl Acad Sci U S A 100(24):13761-13766, 2003. doi:10.1073/pnas.2235592100

  2. 2. Brenner D, Elliston C, Hall E, Berdon W: Estimated risks of radiation-induced fatal cancer from pediatric CT. AJR Am J Roentgenol 176(2):289-296, 2001. doi:10.2214/ajr.176.2.1760289

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