Transtorno exibicionista

(Exibicionismo)

PorGeorge R. Brown, MD, East Tennessee State University
Revisado/Corrigido: jul. 2023
Visão Educação para o paciente

Exibicionismo caracteriza-se pela obtenção de excitação sexual por exposição genital, quase sempre para um desconhecido desavisado. Também pode se referir a um forte desejo de ser observado por outros durante atividade sexual. Transtorno exibicionista envolve agir sobre esses impulsos com uma pessoa que não consente ou experimentar sofrimento significativo ou prejuízo funcional por causa desses desejos e impulsos.

Exibicionismo é uma forma de parafilia, mas a maioria das pessoas que têm exibicionismo não atende aos critérios clínicos de transtorno parafílico, que exigem que o comportamento, as fantasias ou os impulsos intensos da pessoa resultem em sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo funcional ou prejudiquem outrem (o que no exibicionismo significa a atuação de seus impulsos com uma pessoa que não consente). A condição também deve estar presente por 6 meses.

Embora a prevalência verdadeira seja desconhecida, a prevalência estimada em homens é de aproximadamente 2 a 4% (1); a prevalência parece ser mais baixa em mulheres. Poucas mulheres são diagnosticadas com transtorno exibicionista. Thomas et al (2) sugerem que as diferenças sexuais na sociossexualidade podem ser relevantes nessa diferença de sexo observada há muito tempo.

Exibicionistas (em geral homens) podem se masturbar enquanto se expõem ou fantasiam sobre se expor a outros. Eles podem estar cientes de suas necessidades de surpreender, chocar ou impressionar o observador involuntário. A vítima é quase sempre uma mulher adulta ou uma criança de qualquer sexo. Contato sexual real é raramente procurado, e danos físicos à testemunha desatenta são incomuns.

O início ocorre geralmente durante a adolescência; ocasionalmente, o primeiro ato ocorre em uma faixa mais ampla de idade, durante a pré-adolescência ou na meia-idade.

Cerca de 30% dos molestadores sexuais masculinos presos são exibicionistas (3). Relataram-se taxas de reincidência de aproximadamente 40% (4). Embora isso ocorra, a grande maioria das pessoas com exibicionismo não se envolve em comportamentos sexuais fisicamente agressivos.

Embora muitos exibicionistas se casem, o casamento é muitas vezes perturbado por ajuste social e sexual deficiente, incluindo disfunção sexual frequente (ver Função e disfunção sexual masculina e Função e disfunção sexual feminina).

Exibicionistas também podem ter transtorno de personalidade (geralmente antissocial) ou transtorno de conduta (5).

Para algumas pessoas, o exibicionismo se expressa como forte desejo de que outros assistam seus atos sexuais. Não é o ato de surpreender uma audiência, mas, ao contrário, de ser visto por uma audiência consensual que tem apelo para essas pessoas. Pessoas com compulsão por essa forma de exibicionismo podem fazer filmes pornográficos ou atuar no entretenimento de adultos. Elas raramente experimentam sofrimento ou comprometimento devido a esse desejo e, portanto, podem não ter transtorno psiquiátrico.

Referências gerais

  1. 1. Långström N, Seto MC: Exhibitionistic and voyeuristic behavior in a Swedish national population survey. Arch Sex Behav 35(4):427-435, 2006. doi: 10.1007/s10508-006-9042-6

  2. 2. Thomas AG, Stone B, Bennett P, et al: Sex differences in voyeuristic and exhibitionistic interests: Exploring the mediating roles of sociosexuality and sexual compulsivity from an evolutionary perspective. Arch Sexual Behav 50:215102162, 2021. doi: 10.1007/s10508-021-01991-0

  3. 3. Abel GG, Becker JV, Cunningham-Rathner J: Multiple paraphilic diagnoses among sex offenders. Bull Am Acad Psychiatry Law 16(2):153-168, 1988. PMID: 3395701

  4. 4. Firestone P, Kingston DA, Wexler A, et al: Long-term follow-up of exhibitionists: psychological, phallometric, and offense characteristics, J Am Acad Psychiatry Law 34(3):349-359, 2006. PMID: 17032959

  5. 5. Grant JE: Clinical characteristics and psychiatric comorbidity in males with exhibitionism. J Clin Psychiatry 66(11):1367-1371, 2005. doi: 10.4088/jcp.v66n1104.

Diagnóstico do transtorno exibicionista

  • Critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição (DSM-5-TR)

O diagnóstico do transtorno exibicionista requer (1):

  • Os pacientes experimentam excitação sexual intensa e recorrente da exposição dos genitais a uma pessoa desavisada, manifestada por fantasias, impulsos ou comportamentos.

  • Os pacientes agiram com base em seus impulsos sexuais com uma pessoa sem consentimento, ou esses desejos ou fantasias sexuais causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo nos seus relacionamentos sociais ou no trabalho, ou em outras áreas importantes da vida.

  • O quadro esteve presente por 6 meses.

O médico deve especificar se o paciente excita-se sexualmente expondo os genitais a crianças pré-púberes ou indivíduos fisicamente maduros, ou ambos.

Referência sobre diagnóstico

  1. 1. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition,Text Revision (DSM-5-TR). American Psychiatric Association Publishing, Washington, DC.

Tratamento do transtorno exibicionista

  • Psicoterapia e grupos de apoio

  • Inibidores seletivos de recaptação de serotonina

  • Às vezes, medicamentos antiandrogênicos

Quando as leis são quebradas e o status de molestador sexual é confirmado, o tratamento do transtorno exibicionista costuma começar com psicoterapia, grupos de apoio e ISRSs (1, 2).

Se os ISRSs forem ineficazes e se o transtorno for grave, deve-se considerar medicamentos que reduzem os níveis de testosterona e, portanto, reduzem a libido. Esses medicamentos são chamadas antiandrogênicos, embora os mais comumente utilizados não realmente bloqueiem os efeitos da testosterona. Esses medicamentos incluem agonistas do hormônio liberador de gonadotropinas (GnRH) (p. ex., leuprolida) e acetato de medroxiprogesterona de depósito; ambas diminuem a produção pituitária do hormônio luteinizante (LH) e hormônio foliculoestimulante (FSH). Consentimento totalmente informado e monitoramento apropriado da função hepática e níveis séricos de testosterona são necessários.

As taxas de reincidência são altas. A eficácia do tratamento é monitorada com base em autorrelato, pletismografia peniana e registros de detenções.

Referências sobre o tratamento

  1. 1. Garcia FD, Thibaut F: Current concepts in the pharmacotherapy of paraphilias. Drugs 71(6):771-790, 2011. doi: 10.2165/11585490-000000000-00000

  2. 2. Thibaut F: Pharmacological treatment of paraphilias. Isr J Psychiatry Relat Sci 49(4):297-305, 2012. Isr J Psychiatry Relat Sci 2012;49(4):297-305. PMID: 23585467

Pontos-chave

  • A maioria das pessoas com comportamento exibicionista não atende as critérios clínicos para um transtorno exibicionista.

  • Cerca de 30% dos agressores sexuais masculinos presos são exibicionistas; os delitos sexuais costumam recorrer.

  • Diagnosticar o transtorno exibicionista somente se a doença estiver presente por 6 meses e se os pacientes agiram motivados pelos seus impulsos sexuais com uma pessoa não conivente ou seu comportamento lhes causa sofrimento clinicamente significativo ou prejudica o funcionamento.

  • Muitas pessoas com comportamentos exibicionistas não procuram tratamento; tratar os pacientes que cometeram uma ofensa sexual com psicoterapia e ISRSs primeiro; se tratamento adicional for necessário e se consentimento informado tiver sido fornecido, tratar com antiandrogênicos.

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