Lesões por injeção de alta pressão

PorMichael I. Greenberg, MD, Drexel University College of Medicine;
David Vearrier, MD, MPH, University of Mississippi Medical Center
Revisado/Corrigido: mai. 2022
Visão Educação para o paciente

Lesões por injeção de alta pressão (IAP) são lesões raras que ocorrem quando substâncias são injetadas acidentalmente por equipamentos industriais sob pressão alta o suficiente para romper a pele. A substância injetada frequentemente causa lesão tecidual extensa. O diagnóstico é clínico; a avaliação requer radiografias. O tratamento é cirúrgico, às vezes incluindo amputação.

Em geral, as lesões por injeção de alta pressão (IAP) estão relacionadas com o trabalho, mas às vezes envolvem praticantes de hobbies ou projetos de reparo em casa. As lesões por IAP são raras, embora o uso de aparelhos de injeção de alta pressão e atividades envolvendo a injeção de vários líquidos industriais sob alta pressão sejam processos industriais comuns. Esses líquidos incluem tintas, ar, solventes, gasolina, fluído hidráulico, graxa e água. A injeção acidental de líquido industrial por meio de aparelho de IAP tem consequências graves para os trabalhadores, que muitas vezes envolvem risco de perda de um membro.

A pressão pode chegar a 10,000 libras por polegada quadradas (69.000 quilopascais) com velocidades de até 400 mph (644 km/hora), que pode causar danos teciduais diretos e, às vezes, graves. Além disso, o líquido injetado se dispersa por todos os tecidos subcutâneos, frequentemente ao longo de linhas de baixa resistência, muitas vezes especificamente ao longo de estruturas neurovasculares. Vários líquidos injetados são irritantes e causam reação de corpo estranho significativa se permanecerem no tecido. As taxas de infecção dependem da substância injetada, do grau de lesão tecidual e da parte do corpo envolvida. Frequentemente, deve-se reavaliar os pacientes porque o risco de infecção após essas lesões é alto.

A maioria das lesões por IAP ocorre na mão não dominante de trabalhadores do sexo masculino com idade média de 36 anos.

Sinais e sintomas das lesões por IAP

Em uma lesão por IAP, a lesão perfurante é pequena e indistinta; dor e edema local são mínimos até horas mais tarde.

Síndrome compartimental pode resultar da injeção de líquido em espaços potenciais nos membros e nas mãos.

Diagnóstico das lesões por IAP

  • Avaliação clínica

  • Radiografias simples

O diagnóstico imediato e correto é crucial para o tratamento da lesão por injeção de alta pressão. Como os sinais e sintomas iniciais são, às vezes, leves, essas lesões são facilmente negligenciadas ou minimizadas, atrasando o diagnóstico preciso e o tratamento cirúrgico imediato.

O reconhecimento de uma lesão por injeção de alta pressão é aparente pela história. Avalia-se a extensão da lesão com base nos sintomas e exame de todas as estruturas neurológicas, vasculares e tendíneas na parte do corpo lesionada.

Realizam-se radiografias simples para verificar se há fraturas e, se materiais estranhos radiopacos foram injetados, a fim de determinar a extensão da lesão. Às vezes, realizam-se ultrassonografia e RM ou TC, mas não há consenso sobre quando elas são indicadas. Fotografias da parte do corpo lesionada, tiradas no pronto-socorro antes da exploração cirúrgica, podem ser úteis.

Prognóstico para lesões por IAP

O prognóstico para pacientes com lesões por IAP depende do material injetado. Tintas e solventes causam as lesões mais graves e resultam no pior prognóstico. A força da injeção também afeta o prognóstico: esperam-se menos lesões quando a pressão da injeção é mais baixa, e esperam-se lesões mais extensas quando a pressão é mais alta.

Relatou-se que as taxas de amputação para lesões por lAP são tão altas quanto 50 a 80% se as lesões envolverem solventes. Deve-se alertar os pacientes de que as lesões por IAP podem resultar em dor local permanente, hiperestesia, intolerância ao frio e calor e contraturas com incapacidade permanente.

Tratamento das lesões por IAP

  • Antibióticos IV

  • Exploração cirúrgica imediata

No pronto-socorro, limpa-se com cuidado a parte lesada, que é protegida com curativo estéril não aderente e mantida elevada. Administra-se ao paciente antibióticos IV de amplo espectro e, se necessário, profilaxia antitetânica. Não há evidências de que o uso de corticoides melhore os desfechos e seu uso permanece controverso.

Os médicos (e os pacientes) não devem tentar remover o material injetado na lesão de entrada aplicando pressão lateral. Isso é ineficaz e, na verdade, dissemina ainda mais o líquido injetado no tecido lesado. Gelo não deve ser aplicado à área lesionada.

Dicas e conselhos

  • Nas lesões por injeção de alta pressão, não tentar remover o líquido injetado (p. ex., utilizando pressão lateral na ferida) nem aplicar gelo.

Todas as lesões por injeção de alta pressão requerem exploração imediata por um cirurgião experiente em um centro cirúrgico; anestesia geral é necessária. A parte lesada é amplamente incisada e explorada. O tecido morto e desbridado e o material estranho é irrigado o máximo possível e/ou desbridado intensamente da lesão. Na maioria dos casos, deixa-se a ferida cirúrgica aberta e permite-se que cicatrize por segunda intenção (isto é, sem ser reparada) ou o fechamento é postergado.

Amputação (p. ex., de dedos ou membros) pode ser necessária.

Pontos-chave

  • Como as lesões por injeção de alta pressão podem inicialmente causar apenas dor e edema mínimos, elas facilmente passam despercebidas, atrasando o diagnóstico e o tratamento necessários.

  • Consequências graves, incluindo amputação de dedos e/ou membros, são possíveis.

  • Documentar as funções neurológicas, vasculares e tendíneas, e realizar exames de imagem apropriados.

  • Fazer exploração cirúrgica de todas as lesões por injeção de alta pressão, com remoção do máximo possível de material estranho por irrigação e desbridamento em um centro cirúrgico.

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