A osteogênese imperfeita é uma doença hereditária do colágeno que causa fragilidade óssea difusa anormal, às vezes acompanhada de surdez neurossensorial, escleróticas azuladas, dentinogênese imperfeita e hipermobilidade articular. O diagnóstico costuma ser clínico. O tratamento inclui hormônio do crescimento para alguns tipos, bisfosfonatos e denosumabe.
Há 4 tipos principais da osteogênese imperfeita (1):
I: escleras levemente azuladas
II: neonatal letal, escleras azuladas
III: progressiva, matiz escleral variável
IV: variável e deformante, matiz escleral normal
O modo de herança geralmente é autossômico dominante. Noventa por cento das pessoas com um dos principais tipos têm mutações nos genes que codificam as cadeias pró-alfa do pró-colágeno tipo I (um componente estrutural dos ossos, ligamentos e tendões), COL1A1 ou COL1A2.
Há alguns outros tipos mais raros (tipos V a XXI), que são provocados por mutações em diferentes genes.
Referência
1. Van Dijk FS, Sillence DO: Osteogenesis imperfecta: Clinical diagnosis, nomenclature and severity assessment. Am J Med Genet A 164A(6):1470–1481, 2014. doi: 10.1002/ajmg.a.36545. Clarification and additional information. Am J Med Genet A 167A(5):1178, 2015. doi: 10.1002/ajmg.a.36784
Sinais e sintomas da osteogênese imperfeita
A perda da audição está presente em 50 a 65% de todos os pacientes com osteogênese imperfeita e pode ocorrer em qualquer um dos 4 tipos principais.
Tipo I é a forma mais leve. Os sinais e sintomas de alguns pacientes limitam-se às escleróticas azuladas (em decorrência de uma deficiência do tecido conetivo, o que permite que os vasos subjacentes sejam visíveis) e às dores musculoesqueléticas devido à hipermobilidade articular. Fraturas recorrentes podem estar presentes na infância.
Tipo II (osteogênese imperfeita congênita ou tipo neonatal letal) é a forma mais grave e letal. As fraturas múltiplas congênitas provocam encurtamento das extremidades. As escleróticas são azuis. O crânio é mole e, quando palpado, dá a sensação de um saco de ossos. Como o crânio é mole, traumas de parto podem provocar hemorragia intracraniana e natimorto ou recém-nascidos que morrem subitamente durante os primeiros dias ou semanas de vida.
Tipo III é progressiva e a forma não letal mais grave de osteogênese imperfeita. Pacientes com o tipo III têm baixa estatura, curvatura da coluna e fraturas múltiplas recorrentes. Macrocefalia, face triangular e deformidades do tórax são frequentes. A esclerótica azul é variável.
Tipo IV é intermediário em gravidade. A taxa de sobrevida é elevada. Esse tipo é variável e deformante. Fraturas ósseas podem acontecer na infância antes da adolescência. A esclerótica tem cor tipicamente normal. A altura é moderadamente prejudicada. O diagnóstico preciso é importante, pois esses pacientes podem ser beneficiados pelo tratamento.
Diagnóstico da osteogênese imperfeita
Avaliação clínica
Algumas vezes, análise do pró-colágeno tipo I e exames genéticos
O diagnóstico da osteogênese imperfeita é geralmente clínico, mas não existem critérios padronizados.
Análise do pró-colágeno tipo I da cultura de fibroblastos (obtida de biópsia de pele) ou análise sequencial dos genes COL1A1 e COL1A2 pode ser utilizada quando o diagnóstico clínico não está claro.
Pode-se detectar osteogênese imperfeita grave no útero por ultrassonografia de nível II.
Tratamento da osteogênese imperfeita
Hormônio do crescimento
Bisfosfonatos
Às vezes, denosumabe
Às vezes, vitamina D
O hormônio de crescimento pode melhorar o crescimento de crianças (tipos I e IV).
O tratamento com bisfosfonatos visa aumentar a densidade óssea e diminuir a dor óssea e o risco de fraturas (1). Utiliza-se pamidronato IV (0,5 a 3 mg/kg, uma vez ao dia por 3 dias, repetido conforme necessário a cada 4 a 6 meses) ou alendronato oral (1 mg/kg, no máximo 20 mg uma vez ao dia).
O denosumabe é um potente inibidor da reabsorção óssea osteoclástica e costuma ser administrado por via injetável. Estudos mostraram que esse fármaco é benéfico em alguns pacientes com OI (2).
Deve-se fornecer suplementação de vitamina D para pessoas com deficiência desse hormônio.
Cirurgia ortopédica, fisioterapia e terapia ocupacional ajudam na prevenção das fraturas e na melhoria das funções.
Há indicação para o implante coclear em casos selecionados de perda da audição.
Referências sobre o tratamento
1. Dwan K, Phillipi CA, Steiner RD, Basel D: Bisphosphonate therapy for osteogenesis imperfecta. Cochrane Database Syst Rev CD005088, 2016. doi: 10.1002/14651858.CD005088.pub4
2. Li G, Jin Y, Levine MAH, et al: Systematic review of the effect of denosumab on children with osteogenesis imperfecta showed inconsistent findings. Acta Paediatr 107(3):534–537, 2018. doi: 10.1111/apa.14154
Informações adicionais
O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.
Osteogenesis Imperfecta (OI) Foundation: An organization providing support, education, and research information about OI