Como medir a pressão compartimental no antebraço

PorPuneet Gupta, MD, Los Angeles County Fire Department
Revisado/Corrigido: abr. 2023
Visão Educação para o paciente

Mede-se a pressão compartimental para auxiliar no diagnóstico da síndrome compartimental. A mensuração da pressão compartimental é um procedimento hospitalar que requer habilidade técnica considerável; tipicamente consulta-se um ortopedista ou cirurgião geral.

Pode-se medir a pressão compartimental nos 3 compartimentos do antebraço (feixes palmar, dorsal e móvel).

O sistema Stryker®, um instrumento comercialmente disponível, é utilizado aqui. Seguir todas as instruções do instrumento. Saber quais equipamentos estão disponíveis na sua instituição específica.

(Ver também Síndrome compartimental.)

Indicações à mensuração da pressão compartimental do antebraço

  • Suspeita de síndrome compartimental

Sugere-se que há síndrome compartimental pelo agravamento da dor do compartimento envolvido, que é desproporcional à gravidade aparente da lesão e exacerbada pelo alongamento passivo dos músculos do compartimento. À palpação, o compartimento pode estar edemaciado e tenso, mas esses achados podem nem sempre estar presentes.

Contraindicações à mensuração da pressão compartimental do antebraço

Contraindicações absolutas

  • Nenhum

Contraindicações relativas

  • Infecção cutânea ou dos tecidos mais profundos no local previsto para a inserção da agulha: se possível, utilizar um local alternativo não infectado.

  • Diátese hemorrágica, que talvez precise ser corrigida antes da medição da pressão compartimental

Complicações da mensuração da pressão compartimental do antebraço

  • Medidas de pressão erroneamente altas ou baixas podem ser decorrentes de agulhas mal inseridas ou obstruídas, aparelhos defeituosos ou imprecisamente calibrados, agitação do paciente ou excesso de soro fisiológico de teste injetada no compartimento. Esses erros de medição podem levar a tratamento incorreto.

  • Pode ocorrer infecção, sangramento ou lesão tecidual resultante da inserção da agulha.

Equipamento para mensuração da pressão compartimental do antebraço

  • Aventais, luvas e campos estéreis

  • Gaze estéril

  • O sistema Stryker®, contendo agulha, tubo e transdutor

  • Solução antisséptica (p. ex., clorexidina a 2%)

  • Anestésico local (p. ex., lidocaína a 1 ou 2%)

  • Agulha de calibre 25 a 27

  • Uma seringa com cerca de 3 a 5 mL para injeção de anestésico local

  • Curativos estéreis

  • Se é necessária sedação para o procedimento, fármacos apropriados (p. ex., propofol, cetamina) e oximetria de pulso ou capnometria

Considerações adicionais para medir a pressão compartimental do antebraço

  • É necessária técnica estéril para evitar a contaminação microbiana dos tecidos compartimentais.

  • Manter um limiar baixo ao medir a pressão compartimental em pacientes de risco porque os compartimentos profundos podem não ter tensão palpável ou edema, a dor é inespecífica e, em pacientes obnubilados, os sinais e sintomas podem estar ausentes ou ser inespecíficos.

  • Deve-se fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento antes de a palidez ou falta de pulso se desenvolver.

Anatomia relevante para medir a pressão compartimental do antebraço

O antebraço tem 3 compartimentos:

  • Compartimento palmar: inclui os músculos flexor ulnar do carpo, flexor longo do polegar, flexor profundo dos dedos, flexor superficial dos dedos, palmar longo e flexor radial do carpo, além dos nervos ulnar, radial superficial e mediano e as artérias radial, ulnar e interóssea anterior

  • Compartimento dorsal: inclui os músculos extensor longo do polegar, abdutor longo do polegar, extensor dos dedos, extensor do dedo mínimo e extensor ulnar do carpo e também o nervo interósseo posterior e a artéria interóssea posterior

  • Compartimento móvel de Henry: inclui os músculos braquiorradial, extensor radial curto do carpo e extensor radial longo do carpo

O compartimento palmar é mais comumente afetado pela síndrome compartimental.

Anatomia relevante para medir a pressão compartimental do antebraço

  • Posicionar o paciente com o braço afetado no nível do coração e de tal modo que a agulha possa entrar na pele em um ângulo perpendicular ao compartimento que está sendo medido.

Descrição passo a passo para medir a pressão compartimental do antebraço

Preparar o equipamento

  • Abrir o sistema Stryker® e remover o conteúdo colocando-o em um campo estéril.

  • Inserir a agulha firmemente na haste cônica da câmara do diafragma. Remover a tampa da seringa pré-cheia e fixá-la na haste no lado oposto.

  • Abrir a tampa do monitor e colocar a câmara no monitor de pressão com a superfície preta apontada para baixo. Empurrar com cuidado até encaixar no lugar. Encaixar a tampa do monitor fechado.

  • Manter a agulha em um ângulo de 45° ascendente e pressionar o êmbolo para remover o ar do sistema. Não permitir que o soro fisiológico escorra pela agulha para dentro do transdutor.

  • Ligar o monitor e verificar a leitura numérica no monitor.

  • Calibrar o aparelho: segurar o aparelho no ângulo de inserção planejada. Pressionar o botão "zero" e assegurar que, após alguns segundos, o monitor mostre "00". O monitor deve exibir “00” antes de continuar. Para cada medição adicional, a unidade deve ser recalibrada para “00”

Medidas gerais para todos os compartimentos

  • Fazer exame neurovascular pré-procedimento do antebraço afetado.

  • Preparar a área em torno da pele com uma solução antisséptica, como a clorexidina. Cobrir a área com um campo estéril.

  • Utilizando uma agulha de calibre 25 a 27, aplicar o anestésico local, criando uma pápula, sobre o local de entrada da agulha. Evitar a injeção de anestésico nos tecidos mais profundos do músculo e da fáscia. Fazer isso pode elevar falsamente a pressão compartimental mensurada.

  • Segurar o monitor de pressão montado e calibrado perpendicular ao compartimento que está sendo medido e inserir a agulha o mais delicadamente possível através da pele até uma profundidade apropriada para o compartimento alvo.

  • Injetar lentamente 0,3 mL de soro fisiológico no compartimento.

  • Esperar até a janela de exibição mostrar que o equilíbrio foi alcançado e registrar a pressão resultante.

  • Para cada medição adicional, recalibrar a unidade para "00" e repetir o procedimento.

  • Encontrar um valor de pressão de mais de aproximadamente 30 mmHg ou dentro de cerca de 30 mmHg da pressão arterial diastólica corrobora o diagnóstico de síndrome compartimental e faz com que se considere a realização imediata de uma fasciotomia.

  • É possível que haja síndrome compartimental mesmo que a pressão compartimental não esteja elevada; se há a suspeita com base em achados clínicos, deve-se presumir o diagnóstico e medir a pressão compartimental em seguida.

Medidas específicas para o compartimento palmar

  • Colocar o paciente em decúbito dorsal com o antebraço supinado.

  • Identificar o tendão do palmar longo e seu curso proximal.

  • Inserir a agulha medialmente ao músculo palmar longo, na junção entre os terços proximal e médio do antebraço.

  • Avançar a agulha perpendicularmente e direcioná-la à borda posterior da ulna até uma profundidade de 1 a 2 cm.

  • Confirmar a inserção adequada da agulha observando aumento na pressão ao pressionar o dedo sobre o compartimento palmar imediatamente proximal ou distal ao local de inserção da agulha e à extensão dos dedos e do punho.

Medidas específicas para o compartimento dorsal

  • Colocar o paciente em decúbito dorsal com o antebraço supinado.

  • Palpar o aspecto posterior da ulna no nível da junção dos terços proximal e médio do antebraço.

  • Inserir a agulha nesse nível, 1 a 2 cm lateralmente à face posterior da ulna.

  • Avançar a agulha perpendicularmente a uma profundidade de 1 a 2 cm.

  • Confirmar a inserção adequada da agulha observando um aumento na pressão ao pressionar o dedo sobre o compartimento dorsal imediatamente proximal ou distal ao local de inserção da agulha e à flexão do punho ou dos dedos.

Medidas específicas para o compartimento móvel de Henry

  • Colocar o paciente em decúbito dorsal com o antebraço supinado.

  • Identificar as partes mais laterais do antebraço na junção dos terços proximal e médio.

  • Inserir a agulha nesse nível e lateralmente ao rádio.

  • Avançar a agulha perpendicularmente a uma profundidade de 1 a 1,5 cm.

  • Confirmar a inserção correta da agulha observando se há um aumento na pressão ao pressionar o dedo sobre o enchimento móvel imediatamente proximal ou distal ao local de entrada da agulha e ao realizar um desvio ulnar do punho.

Cuidados posteriores para medir a pressão compartimental no antebraço

  • Aplicar curativos estéreis a todos os locais de entrada da agulha.

  • Repetir o exame neurovascular do braço.

Alertas e erros comuns para medir a pressão compartimental do antebraço

  • O diagnóstico clínico da síndrome compartimental muitas vezes é difícil. Recomenda-se imediata consulta com um ortopedista ou cirurgião geral.

  • A presença de pulsos distais e enchimento capilar normais e, até mesmo, pressões compartimentais normais não excluem uma síndrome compartimental.

  • Medir as pressões de todos os compartimentos possivelmente afetados no membro envolvido.

Recomendações e sugestões para medir a pressão compartimental do antebraço

  • Para maximizar a precisão, medir a pressão nos locais de trauma ou tensão máxima palpável.

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