Geriatria refere-se à assistência médica ao idoso representado por um grupo etário que não é fácil de se definir precisamente. A gerontologia é o estudo do envelhecimento que inclui alterações biológicas, sociológicas e psicológicas. “Idoso” é preferível a “de mais idade”, mas os dois termos são igualmente imprecisos. É importante evitar termos e atitudes que sugerem viés contra pessoas idosas (etarismo). Embora não haja uma idade específica para definir idade avançada, nos Estados Unidos frequentemente usa-se > 65 anos porque esse é o ponto de corte que determina a elegibilidade para o seguro Medicare. Contudo, algumas pessoas com condições médicas exigem experiência em geriatria em uma idade mais jovem. Por exemplo, o Program of All-Inclusive Care for the Elderly (PACE) define a idade para elegibilidade como a partir de 55 anos para aqueles que precisam de cuidados em casas de repouso.
A porcentagem da população norte-americana com ≥ 65 anos aumentou de 5% em 1920 para quase 17% em 2020. Essa porcentagem é projetada para aumentar ainda mais (1).
Em 2019, a expectativa de vida aos 65 anos era de 18,2 anos a mais para homens e de 20,8 anos a mais para mulheres (2). No geral, as mulheres vivem cerca de 4 a 5 anos mais que os homens (3). Essas diferenças na taxa de sobrevida mudaram pouco, apesar das mudanças no estilo de vida das mulheres (p. ex., aumento de tabagismo e estresse) no final do século XX e começo do século XXI.
Referências gerais
1. United States Census Bureau: 2020 Census: 1 in 6 people in the United States were 65 and over. 2023. Acessado em 09/03/24.
2. National Center for Health Statistics: NCHS Fact Sheet. 2021. Acessado em 09/03/24.
3. Thornton J: WHO report shows that women outlive men worldwide. BMJ 2019;365:l1631, 2019. doi: 10.1136/bmj.l1631 Published 05 April 2019.
Envelhecimento
Envelhecimento (isto é, envelhecimento puro) refere-se ao declínio inevitável e irreversível na função de órgãos que ocorre ao longo do tempo mesmo na ausência de lesões, doenças, riscos ambientais ou escolhas ruins do estilo de vida (p. ex., dieta não saudável, falta de exercícios, uso abusivo de substâncias). Inicialmente, as alterações na função dos órgãos (ver tabela Alterações fisiológicas selecionadas relacionadas à idade) não afetam a função basal; as primeiras manifestações são capacidade reduzida de cada órgão de manter a homeostase sob estresse (p. ex., doenças, lesões). Os sistemas cardiovascular, renal e nervoso central são geralmente os mais vulneráveis (os elos mais fracos).
As doenças interagem com os efeitos do envelhecimento puro e causam complicações geriátricas específicas (agora chamadas síndromes geriátricas), particularmente em sistemas com elos fraco, mesmo quando esses órgãos não são aqueles primários afetados por uma doença. Exemplos típicos são
Delírio complicando pneumonia ou infecções do trato urinário
As quedas, tontura, síncope, incontinência urinária e perda ponderal que costumam acompanhar muitas doenças menores em idosos
Órgãos envelhecendo também são mais suscetíveis a lesões; p. ex., hemorragia intracraniana é mais comum e é desencadeada por lesão menos clinicamente importante nos idosos.
Os efeitos do envelhecimento devem ser levados em consideração durante o diagnóstico e tratamento dos idosos. Os médicos não devem
Confundir envelhecimento puro com doença (p. ex., a demora para recuperar informações não é demência)
Confundir doença com envelhecimento puro (p. ex., atribuir artrite debilitante, tremor, ou demência à velhice)
Ignorar o maior risco dos efeitos adversos sobre os sistemas com elos fracos estressados por doença
Esquecer que os idosos muitas vezes têm vários distúrbios subjacentes (p. ex., hipertensão, diabetes, aterosclerose) que aceleram o potencial de dano
Além disso, os clínicos devem estar atentos a doenças e problemas que são muito mais comuns entre os adultos mais velhos (por exemplo, insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida, doença de Alzheimer, incontinência, fibrilação atrial). Essa abordagem permite que os médicos entendam e tratem melhor a complexidade das doenças que muitas vezes coexistem em pacientes idosos. É importante compreender as alterações físicas e as manifestações geriátricas específicas da doença que acompanham o avanço da idade para evitar os estereótipos negativos e prejudiciais sobre idosos que caracterizam o etarismo e que podem impactar negativamente os cuidados e a qualidade de vida do paciente.
Etarismo refere-se ao preconceito contra idosos. Semelhante a outras formas de preconceito (p. ex., racial, étnico), o etarismo baseia-se em conceitos errôneos e estereótipos negativos e pode ser consciente ou inconsciente, manifesto ou sutil. Ao contrário de muitas outras formas de preconceito, o etarismo raramente é intencionalmente intolerante, mas pode causar sofrimento emocional e tem consequências práticas adversas (p. ex., ser encorajado a se aposentar, não ser convidado a participar de grupos ou comitês). Profissionais de saúde incorrem em viés de idade ao não oferecer um tratamento a um idoso apenas com base na sua idade, em vez de considerar fatores como expectativa de vida, qualidade de vida e preferência do paciente.
Informações adicionais
O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.
Program of All-Inclusive Care for the Elderly (PACE): este site fornece informações sobre o acesso aos benefícios PACE para certos idosos frágeis e residentes na comunidade. A maioria é elegível para os benefícios do Medicare e do Medicaid. Links para informações adicionais também são fornecidos.