Loíase é infecção por nematódeos filários causada por Loa loa. Os sintomas são angioedema localizado (edemas de Calabar) na pele e migração subconjuntival de vermes adultos. O diagnóstico é feito pela detecção de microfilárias em sangue periférico ou pela observação de migração de vermes através do olho. O tratamento é feito com dietilcarbamazina.
(Ver também Abordagem a infecções parasitárias e Visão geral das infecções por nematódeo filário.)
A loíase é limitada à região de floresta chuvosa da África ocidental e central. Os seres humanos são o único reservatório natural conhecido desse parasita.
Microfilárias do Loa loa são transmitidas por moscas de tabanídeo (Chrysops, mosca do alce ou mosca do cavalo). A microfilária amadurece para verme adulto nos tecidos subcutâneos do hospedeiro humano; as fêmeas medem 40 a 70 mm e os machos, de 30 a 34 mm. Os adultos produzem microfilárias. Vermes adultos migram nos tecidos subcutâneos e sob a conjuntiva do olho, e microfilárias circulam no sangue. Moscas tornam-se infectadas quando ingerem sangue de um hospedeiro humano durante o dia (quando os níveis de microfilaremia são mais altos).
Image from the Centers for Disease Control and Prevention, Global Health, Division of Parasitic Diseases and Malaria.
Ocasionalmente, a infecção causa cardiomiopatia, nefropatia, ou encefalite. Eosinofilia é comum, mas inespecífica.
Sinais e sintomas da loíase
A maioria das pessoas infectadas é assintomática. A infecção pode produzir áreas de angioedema (edemas de Calabar) que se desenvolvem em qualquer local do corpo, predominantemente nas extremidades; presume-se que ocorram reações de hipersensibilidade a alergênios liberados pela migração de vermes adultos. Em residentes nativos, as tumefações duram normalmente 1 a 3 dias, mas são mais frequentes e graves em visitantes. Vermes também podem migrar através da subconjuntiva dos olhos. Isso pode ser preocupante, mas lesão ocular residual é incomum.
A nefropatia geralmente apresenta-se como uma proteinúria, com ou sem hematúria leve, e acredita-se que seja resultante da deposição de imunocomplexos.
Encefalopatia é normalmente leve, com vagos sintomas do sistema nervoso central.
Diagnóstico da loíase
Observação de um verme adulto subconjuntival, atravessando o olho
Identificação de vermes adultos nas fezes removidos do olho ou da pele
Identificação e quantificação das microfilárias no sangue por microscopia ou PCR (polymerase chain reaction) quantitativo
Deve-se suspeitar de loíase em imigrantes ou viajantes com história de exposição em uma área endêmica e que apresentam vermes nos olhos, edema de Calabar ou eosinofilia periférica inexplicável.
Ocasionalmente, confirma-se o diagnóstico da loíase observando um verme adulto migrando sob a conjuntiva ou identificando um verme após sua remoção do olho ou da pele.
A detecção microscópica de microfilárias no sangue periférico estabelece o diagnóstico; deve-se quantificar o número de microfilárias por mililitro de sangue. Amostras de sangue devem ser coletadas entre 10:00 e 14:00, quando os níveis de microfilaremia são mais altos.
Muitos testes sorológicos para anticorpos não diferenciam Loa loa de outras infecções por nematódeas filárias. Foram desenvolvidos exames de anticorpos específicos contra o Loa, mas eles não estão amplamente disponíveis nos Estados Unidos. Além disso, um teste sorológico positivo não distingue entre uma infecção prévia ou atual. PCR quantitativo em tempo real (qPCR) para confirmar o diagnóstico e determinar a carga de microfiliaria está disponível no Laboratory of Parasitic Diseases, National Institutes of Health.
Deve-se verificar nas pessoas que moram em regiões endêmicas da África a presença de Loa loa antes de tratá-las com dietilcarbamazina ou ivermectina para outras doenças porque esses fármacos podem ter efeitos adversos significativos em pessoas com loíase. Se tratadas com dietilcarbamazina ou ivermectina, pessoas com microfilárias de Loa loa > 8.000 mL/sangue têm risco de encefalopatia potencialmente fatal, causada pela liberação dos antígenos das microfilárias que morrem.
Tratamento da loíase
Dietilcarbamazina
Para infecções graves, tratamento inicial com albendazol e/ou aférese
O tratamento da loíase é complicado. Dietilcarbamazina (DEC) é o único fármaco que elimina as microfilárias e os vermes adultos. Nos Estados Unidos, está disponível apenas no Centers for Disease Control and Prevention (CDC) após confirmação laboratorial da loíase; os médicos devem procurar aconselhamento especializado antes de iniciar o tratamento, e devem fazer o seguinte antes de iniciar o tratamento com DEC:
M edir o número de microfilárias no sangue porque o uso de DEC para tratar infecções graves (≥ 8000 microfilárias/mL/sangue) pode resultar em encefalopatia potencialmente fatal
Excluir coinfecção por oncocercose porque a DEC pode causar reação de hipersensibilidade grave (reação de Mazzoti) e piorar a doença ocular e cutânea em pacientes com oncocercose
Médicos devem procurar assistência especializada ao medir o número de microfilárias e, assim, determinar a gravidade da infecção.
Tratamento da infecção leve
Pacientes com loíase sintomática e < 8.000 microfilárias/mL de sangue recebem DEC 2,7 a 3,3 mg/kg 3 vezes ao dia por 21 dias.
Tratamento da infecção grave
Em pacientes com infeção grave, antígenos filários (liberados pelas microfilárias que a DEC mata) pode desencadear encefalopatia, levando a coma e morte. Pacientes com ≥ 8.000 microfilárias por mililitro de sangue têm risco desse efeito e podem se beneficiar com aférese ou tratamento inicial com albendazol 200 mg por via oral duas vezes ao dia durante 21 dias; o objetivo é reduzir a carga de microfilária para < 8.000/mL antes de começar a administrar a dietilcarbamazina. Várias séries de dietilcarbamazina podem ser necessárias.
Os pacientes que falharam ≥ 2 cursos terapêuticos com dietilcarbamazina podem receber albendazol 200 mg por via oral duas vezes ao dia durante 21 dias.
A ivermectina também tem sido utilizada para reduzir a microfilaremia, mas o albendazol é preferível porque seu início de ação é mais lento e o risco de precipitar encefalopatia é mais baixo.
Prevenção da loíase
Pode-se utilizar dietilcarbamazina (DEC), 300 mg por via oral uma vez por semana para prevenir a loíase em viajantes que passam muito tempo em regiões endêmicas.
O uso de repelentes de insetos (incluindo vestuário impregnado de permetrina) e vestir calças e camisas de manga comprida podem reduzir o número de picadas de moscas infectadas. Como as picadas das moscas ocorrem durante o dia, as telas de proteção para camas não ajudam.
Pontos-chave
Seres humanos são o único reservatório natural conhecido para Loa loa, que é transmitida por picadas diurnas das moscas de tabanídeo.
A maioria das pessoas infectadas é assintomática, mas algumas têm áreas de angioedema (edemas de Calabar), que ocorrem principalmente nas extremidades ou relatarem vermes que se movem ao longo dos olhos.
Diagnosticar por exame microscópico do sangue periférico coletado entre 10:00 e 14:00, quando os níveis de microfilaremia são mais altos; confirmar e medir a concentração de microfilárias por reação em cadeia da polimerase quantitativo (PCRq).
Às vezes, confirmar-se o diagnóstico de loíase observando um verme adulto migrando sob a conjuntiva ou identificando um verme após sua remoção cirúrgica do olho ou da pele.
Dietilcarbamazina, que não deve ser administrada a pacientes simultaneamente infectados por Onchocerca volvulus, é o único fármaco que mata microfilárias e vermes adultos; nos Estados Unidos, está disponível apenas no Centers for Disease Control and Prevention.
Procurar assistência especializada para dosar o número de microfilárias e determinar a gravidade da infecção, e buscar aconselhamento especializado antes de iniciar o tratamento.
Em pacientes com infecção grave, recomenda-se pré-tratamento com aférese ou albendazol porque, nesses pacientes, os antígenos filários liberados à medida que a dietilcarbamazina mata as microfilárias pode desencadear encefalopatia, levando a coma e morte.