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Infecção por ancilostomídeos

(Ancilostomíase)

PorChelsea Marie, PhD, University of Virginia;
William A. Petri, Jr, MD, PhD, University of Virginia School of Medicine
Reviewed ByChristina A. Muzny, MD, MSPH, Division of Infectious Diseases, University of Alabama at Birmingham
Revisado/Corrigido: modificado jan. 2025
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Visão Educação para o paciente
Ancilostomíase é uma infecção provocada pelo ancilóstomo (um tipo de nematoide) Ancylostoma duodenale ou Necator americanus. Os sintomas incluem exantema no local de entrada da larva e, algumas vezes, dor abdominal ou outros sintomas gastrointestinais durante a infecção inicial. Mais tarde, pode-se desenvolver deficiência de ferro por causa de perda crônica de sangue. A ancilostomíase é uma das principais causas de anemia por deficiência de ferro em regiões endêmicas. O diagnóstico é feito pela detecção de ovos nas fezes. O tratamento é feito com albendazol, mebendazol ou pamoato de pirantel.

Recursos do assunto

A prevalência mundial da infecção por ancilostomídeos é estimada em 406 a 480 milhões (1, 2). Ambos, Ancylostoma duodenale e Necator americanus, são encontrados na África, na Ásia e nas Américas. Somente A. duodenale é encontrado no Oriente Médio, no norte da África e no sul da Europa. N. americanus predomina nas Américas e na Austrália; já foi amplamente distribuída no sul dos Estados Unidos e ainda está presente em áreas dessa região onde há descarte não sanitário de dejetos humanos. Ancilostomídeos continuam endêmicos nas ilhas do Caribe e nas Américas Central e do Sul. Algumas cepas de Ancylostoma ceylanicum, um ancilóstomo de cães, gatos e hamsters, também amadurece até a idade adulta no intestino humano. Foram relatadas infecções por A. ceylanicum em residentes de regiões da Ásia e algumas ilhas do Pacífico Sul.

Os ancilostomídeos causam morbidade significativa, em parte devido à anemia, estimada em 400 milhões de anos de vida ajustados por incapacidade em 2010 (3).

(Ver também Abordagem a infecções parasitárias.)

Referências gerais

  1. 1. Global Burden of Disease Study 2013 Collaborators. Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 301 acute and chronic diseases and injuries in 188 countries, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013. Lancet. 2015;386(9995):743-800. doi:10.1016/S0140-6736(15)60692-4

  2. 2. Centers for Disease Control and Prevention (CDC): About Hookworm. Accessed October 18, 2024.

  3. 3. Bartsch SM, Hotez PJ, Asti L, et al. The Global Economic and Health Burden of Human Hookworm Infection. PLoS Negl Trop Dis. 2016;10(9):e0004922. Published 2016 Sep 8. doi:10.1371/journal.pntd.0004922

Fisiopatologia da infecção por ancilostomídeos

As espécies de ancilostomídeo que alcançam a maturidade no intestino humano têm ciclos de vida semelhantes. Ovos eliminados nas fezes eclodem em 1 a 2 dias (se depositados em local aquecido e úmido em solo livre) e liberam larvas rabditiformes, que evoluem e se tornam larvas filariformes em 5 a 10 dias. As larvas podem sobreviver 3 a 4 semanas se as condições ambientais forem favoráveis. Larvas filariformes penetram a pele humana quando as pessoas andam descalças em solo ou entram em contato direto com solo infectado.

As larvas alcançam os pulmões por meio de vasos sanguíneos, penetram nos alvéolos pulmonares, ascendem à árvore respiratória para a epiglote e são deglutidos. A larva se desenvolve nos adultos, prende-se à parede do intestino delgado e alimenta-se de sangue. Os vermes adultos podem viver 2 anos.

A perda crônica de sangue causa anemia com deficiência de ferro. O desenvolvimento de anemia depende da carga parasitária e da quantidade absorvida de ferro na dieta.

Infecções zoonóticas (animais) por ancilostomídeos

Infecções por ancilostomídeos zoonóticos incluem

Ancylostoma braziliense e Ancylostoma caninum são ancilostomídeos que têm os gatos e cachorros como principais hospedeiros. Não podem completar seu ciclo de vida nos seres humanos. Se as larvas penetram a pele humana, normalmente elas vagam pela pele, causando larva migrans cutânea em vez de migrar para o intestino.

Raramente, larvas de A. caninum migram para o intestino, no qual podem provocar enterocolite eosinofílica. No entanto, não provocam perda significativa de sangue e anemia; em razão de não amadurecerem até a idade adulta, não colocam ovos (tornando difícil o diagnóstico). A infecção pode ser assintomática ou causar dor abdominal aguda e eosinofilia.

(Ver também Hookworms in Small Animals.)

Sinais e sintomas da infecção por ancilostomídeos

A infecção por ancilostomídeo é frequentemente assintomática. Contudo, exantema papulovesicular pruriginoso transitório (coceira da terra) pode se desenvolver no local da penetração da larva, geralmente nos pés.

A migração de um grande número de larvas através dos pulmões ocasionalmente provoca a síndrome de Löffler, com tosse, eosinofilia, sibilos e, às vezes, hemoptise.

Durante a fase aguda, vermes adultos no intestino podem causar dor epigástrica, anorexia, flatulência, diarreia e perda ponderal.

Infecção intestinal crônica pode levar à anemia por deficiência de ferro, causando palidez, dispneia, fraqueza, taquicardia, cansaço e edema periférico. Uma eosinofilia de baixo grau está frequentemente presente. Em crianças, perda de sangue crônica pode provocar anemia grave, insuficiência cardíaca e anasarca e, em gestantes, retardo do crescimento do feto.

A larva migrans cutânea pode ocorrer quando ancilostomídeos de animais infectam seres humanos, mas não alcançam a idade adulta. É causada pelas larvas à medida que migram pela pele e é caracterizada por lesões cutâneas pruginosas, eritematosas e serpiginosas. Em raras ocasiões, larvas A. caninum alcançam o intestino humano, onde causam enterocolite eosinofílica com dor abdominal e sintomas associados. Ovos não estão presentes nas fezes.

Diagnóstico da infecção por ancilostomídeos

  • Exame microscópico das fezes

A. duodenale, A. ceylanicum, e N. americanus produzem ovos de formato oval e casca fina, que são detectados prontamente em fezes a fresco. Procedimentos de concentração são necessários para diagnosticar infecções leves. Se as fezes não são mantidas resfriadas e examinadas em algumas horas, os ovos podem eclodir e liberar larvas que podem ser diferenciadas daquelas da Strongyloides stercoralis. Embora as 3 espécies de ancilostomídeos que infectam seres humanos possam ser diferenciadas por sondas moleculares, os ovos são indistinguíveis e o diagnóstico de uma espécie específica não é realizado em laboratórios clínicos.

Eosinofilia está frequentemente presente nas pessoas infectadas por ancilóstomos. Durante o período pré-patente da infecção (isto é, as 5 a 9 semanas entre a penetração das larvas e o aparecimento dos ovos nas fezes), a eosinofilia pode ser a única anormalidade laboratorial. Infestação por ancilostomídeos é uma consideração importante no diagnóstico diferencial da eosinofilia em imigrantes ou viajantes que retornam de regiões endêmicas onde o saneamento é precário.

Deve-se avaliar o estado nutricional, anemia e depósitos de ferro (ver Diagnóstico da anemia por deficiência de ferro).

O diagnóstico da larva migrans cutânea baseia-se nas manifestações clínicas. Ovos não estão presentes nas fezes.

Tratamento da infecção por ancilostomídeos

  • Fármacos anti-helmínticos

Infecção intestinal por ancilostomíase

Trata-se a infecção intestinal por ancilostomíase com fármacos anti-helmínticos. Albendazol, mebendazol ou pamoato de pirantel podem ser utilizados.

Os benzimidazóis devem ser evitados durante a gravidez, mas o pamoato de pirantel é considerado seguro. Ivermectina, um anti-helmíntico comum, não é eficaz para a infecção intestinal por ancilostomídeos.

São necessários apoio geral e correção da anemia por deficiência de ferro se a infecção for intensa.

Larva migrans cutânea

A larva migrans cutânea é infecção autolimitada, mas os sintomas podem durar 5 a 6 semanas. O tratamento com albendazol ou ivermectina é curativo.

Prevenção da infecção por ancilostomídeos

Impedir a defecação anti-higiênica e evitar o contato direto da pele com o solo (p. ex., utilizar sapatos e barreiras ao sentar no chão) são medidas efetivas na prevenção da infecção por ancilostomídios, mas difíceis de serem implementadas em muitas áreas endêmicas.

O tratamento periódico de massa de populações suscetíveis, em intervalos de 3 a 4 meses, é empregado em áreas de alto risco.

Pode-se reduzir o risco de desenvolver larva migrans cutânea desta maneira:

Pontos-chave

  • As larvas de ancilostomídeos penetram na pele quando as pessoas andam descalças ou entram em contado direto com solo infectado.

  • Em seres humanos, as larvas dos ancilostomídeos Ancylostoma duodenale e Necator americanus entram na corrente sanguínea e alcançam os pulmões, penetram os alvéolos, sobem até a epiglote, são engolidas e então amadurecem no intestino delgado.

  • A infecção pode ser assintomática, mas pode aparecer um exantema pruriginoso no local da penetração das larvas e o comprometimento pulmonar pode causar tosse e sibilos.

  • O envolvimento intestinal pode causar anemia por deficiência de ferro.

  • Diagnosticar por exame microscópico das fezes.

  • Tratar com albendazol, mebendazol ou pamoato de pirantel.

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