Infecções por Acinetobacter

PorLarry M. Bush, MD, FACP, Charles E. Schmidt College of Medicine, Florida Atlantic University;
Maria T. Vazquez-Pertejo, MD, FACP, Wellington Regional Medical Center
Revisado/Corrigido: jul. 2024
Visão Educação para o paciente

Acinetobacter spp são organismos Gram-negativos que podem causar infecções supurativas em qualquer sistema de órgãos; essas bactérias são frequentemente oportunistas em pacientes hospitalizados. O tratamento envolve terapias combinadas com vários medicamentos, com base em testes de sensibilidade.

Acinetobacter são bacilos ou cocobacilos aeróbios Gram-negativos que pertencem à família Moraxellaceae. Eles são onipresentes e podem sobreviver em superfícies secas por até um mês e comumente a pele dos profissionais de saúde é o meio de transmissão, aumentando a probabilidade de pacientes serem colonizados e equipamentos médicos serem contaminados.

Existem muitas espécies de Acinetobactere todas podem causar doenças nos seres humanos, mas a Acinetobacter baumannii é responsável por cerca de 80% das infecções (1). A Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) categorizam A. baumannii (ABRC) resistentes a carbapenêmicos como patógenos de alta prioridade em sua lista de ameaças à resistência a antibióticos (2).

Referências gerais

  1. 1. Wong D, Nielsen TB, Bonomo RA, et al. Clinical and pathophysiological overview of Acinetobacter infections: A century of challenges. Clin Microbiol Rev. 2017;30(1):409–447. doi:10.1128/CMR.00058-16

  2. 2. De Oliveira DMP, Forde BM, Kidd TJ, et al. Antimicrobial Resistance in ESKAPE Pathogens. Clin Microbiol Rev. 2020;33(3):e00181-19. Publicado em 13 de maio de 2020. doi:10.1128/CMR.00181-19

Doenças causadas por Acinetobacter

As manifestações mais comuns da doença por Acinetobacter são

  • Infecções respiratórias

As infecções por A. baumannii (AB) normalmente ocorrem em pacientes gravemente enfermos e hospitalizados. Infecções adquiridas na comunidade (principalmente pneumonia) são mais comuns em climas tropicais. As taxas de fatalidade associadas a infecções por AB podem se aproximar de 70% quando as infecções ocorrem por cepas resistentes a antimicrobianos (1).

Acinetobacter pode causar bronquiolite e traqueobronquite adquiridas na comunidade em crianças sadias e traqueobronquite em adultos imunocomprometidos. Acinetobacter coloniza facilmente os locais de traqueostomia. Pneumonias por Acinetobacter, adquiridas em hospitais, são multilobares e com frequência complicadas. Bacteremia secundária e choque séptico estão associados a um prognóstico desfavorável.

Acinetobacter spp também podem causar infecção de feridas e infecções supurativas (p. ex., abscessos) em qualquer órgão, como pulmão, trato urinário, pele e tecidos moles; pode ocorrer bacteremia.

Raramente pode causar meningite (especialmente após procedimentos neurocirúrgicos), celulite ou flebite com catéter venoso, infecções oculares, endocardite de valva nativa ou protética, osteomielite, artrite séptica ou abscessos pancreáticos e hepáticos.

O significado dos Acinetobacter isolados de amostras clínicas, como as secreções respiratórias de pacientes entubados ou feridas abertas é difícil de determinação porque com grande frequência representam colonização.

Fatores de risco

Fatores de risco de infecção por Acinetobacter dependem do tipo de infecção (nosocomial, adquirida na comunidade ou multirresistente — ver tabela Fatores de risco para a infecção por Acinetobacter).

Tabela
Tabela

Resistência a fármacos em Acinetobacter

A. baumannii multirresistentes (ABMR) e, mais especificamente, espécies de AB resistentes a carbapenêmicos (ABRC), têm emergido particularmente em unidades de terapia intensiva (UTIs) em pacientes imunossuprimidos, pacientes com doenças subjacentes graves e pacientes tratados com antibióticos de amplo espectro após um procedimento invasivo. Difundido nas unidade de terapia intensiva, é atribuído a profissinais de cuidado de saúde infectados, equipamentos contaminados e soluções de nutrição parenteral contaminados.

Historicamente, infecções por Acinetobacter foram associadas às guerras no Vietnã e na Coreia; contudo, mais recentemente foram associadas às guerras no Iraque e Afeganistão, uma grande porcentagem das quais envolveu cepas resistentes a antibióticos.

Referência sobre doenças causadas por Acinetobacter

  1. 1. Wong D, Nielsen TB, Bonomo RA, et al. Clinical and pathophysiological overview of Acinetobacter infections: A century of challenges. Clin Microbiol Rev. 2017;30(1):409–447. doi:10.1128/CMR.00058-16

Tratamento das infecções por Acinetobacter

  • Antibioticoterapia com base em testes de sensibilidade

Em pacientes com celulite ou flebite localizada e associada a corpos estranhos (p. ex., catéter intravenoso IV] ou suturas), a remoção do corpo estranho e cuidados locais geralmente são suficientes. A traqueobronquite após entubação endotraqueal pode desaparecer apenas com higiene pulmonar. Pacientes com infecções mais abrangentes devem ser tratados com antibióticos e desbridamento, se necessário.

Infecções leves com patógenos não MDR normalmente respondem à monoterapia.

Infecções moderadas a graves de A. baumannii (AB) por patógenos não MR são geralmente tratadas com terapia combinada até que a resposta clínica seja observada. Uma combinação típica inclui um carbapeném (imipeném ou meropeném) ou ampicilina/sulbactam além de uma fluoroquinolona ou um aminoglicosídeo. Combinações adicionais podem precisar ser consideradas, dependendo da suscetibilidade a antibióticos.

Há muito tempo, AB demonstra resistência intrínseca a muitos antimicrobianos; portanto, a terapia empírica deve ser informada pela probabilidade de resistência, incluindo antibiogramas locais. ABMR são definidos como cepas resistentes a 3 classes de antimicrobianos; alguns isolados, incluindo muitas espécies de ABRC, são resistentes a quase todos. Antimicrobianos potencialmente ativos comumente utilizados para terapia empírica incluem betalactâmicos selecionados (principalmente ampicilina/sulbactam, cefepima, piperacilina/tazobactam, ceftazidima e um novo antimicrobiano, sulbactam/durlobactam), carbapenêmicos (meropeném e imipeném). Antimicrobianos adicionais que podem ser utilizados para o tratamento de infecções leves resistentes a esses antibióticos ou que podem ser utilizados em combinação com eles incluem derivados de tetraciclina selecionados (tigeciclina e minociclina), polimixinas (polimixina B preferida em relação à colistina), cefiderocol e, às vezes, aminoglicosídeos (1).

Infecções graves por ABRC ainda são geralmente tratadas com ampicilina/sulbactam juntamente com um antimicrobiano adicional (2). Sulbactam/durlobactam é uma alternativa.

Para prevenir o contágio, profissionais da saúde devem tomar precauções (lavar as mãos, precauções de barreira), bem como cuidado e limpeza apropriada do respirador para pacientes colonizados ou infectados por ABMR.

Referências sobre tratamento

  1. 1. Abdul-Mutakabbir JC, Griffith NC, Shields RK, Tverdek FP, Escobar ZK. Contemporary Perspective on the Treatment of Acinetobacter baumannii Infections: Insights from the Society of Infectious Diseases Pharmacists. Infect Dis Ther. 2021 Dec;10(4):2177-2202. doi:10.1007/s40121-021-00541-4

  2. 2. Tamma PD, Aitken SL, Bonomo RA, Mathers AJ, van Duin D, Clancy CJ. Infectious Diseases Society of America 2023 Guidance on the Treatment of Antimicrobial Resistant Gram-Negative Infections. Clin Infect Dis. Publicado on-line em 18 de julho de 2023. doi:10.1093/cid/ciad428

Pontos-chave

  • A. baumannii (AB) responde por cerca de 80% das infecções por Acinetobacter e tende a ocorrer em pacientes graves e hospitalizados.

  • O local mais comum de infecção é o sistema respiratório, mas o Acinetobacter spp também pode causar infecção supurativa em qualquer órgão.

  • AB multirresistente tornou-se um problema; tratamento polifarmacológico escolhido com base nos testes de sensibilidade pode ser necessário.

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