Vários ramos da aorta podem ser ocluídos por aterosclerose, displasia fibromuscular ou outras condições, desencadeando sinais e sintomas de isquemia ou infarto. Efetua-se o diagnóstico pelos métodos de imagem. O tratamento envolve embolectomia, angioplastia e, às vezes, cirurgia de revascularização do miocárdio.
A oclusão dos ramos da aorta abdominal pode ser
Aguda: resultante de embolia, aterotrombose ou dissecção
Crônica: resultante de aterosclerose, displasia fibromuscular ou compressão externa por lesões de massa
Os locais comuns de oclusão incluem
Artérias mesentéricas superiores
Tronco celíaco
Artérias renais
Bifurcação da aorta
A oclusão crônica do tronco celíaco é mais comum entre mulheres por motivos desconhecidas.
Sinais e sintomas de oclusão do ramo aórtico abdominal
Manifestações clínicas (p. ex., dor, falência do órgão ou necrose) decorrem de isquemia ou infarto e variam dependendo da artéria envolvida e da agudeza.
Oclusão mesentérica aguda provoca isquemia e infarto intestinal, acarretando dor abdominal difusa e grave, normalmente fora de proporção com os achados físicos mínimos. A oclusão aguda do tronco celíaco pode desencadear infarto hepático ou esplênico.
Insuficiência vascular mesentérica crônica raramente provoca sintomas, a não ser que exista obstrução ou oclusão substancial e concomitante da artéria mesentérica superior e tronco celíaco, uma vez que a circulação colateral entre os principais troncos esplâncnicos é extensa. Os sintomas de insuficiência vascular mesentérica crônica tipicamente ocorrem de maneira pós-prandial (como angina intestinal) porque a digestão requer maior fluxo sanguíneo mesentérico; a dor começa cerca de 30 minutos a 1 hora após a alimentação e é constante, intensa e normalmente periumbilical e pode ser aliviada por nitroglicerina sublingual. Os pacientes passam a ter medo de se alimentar, sendo comum a perda ponderal e por vezes extrema. Raramente, desenvolve-se má absorção, o que contribui para perda ponderal. Os pacientes podem ter sopro abdominal, náuseas, vômito, diarreia ou obstipação e fezes enegrecidas.
Embolia da artéria renal aguda pode provocar dor súbita no flanco, seguida de hematúria; pode ser diagnosticada erroneamente como nefrolitíase. A oclusão crônica pode ser assintomática ou desencadear hipertensão recente ou de difícil controle e outras sequelas de insuficiência renal.
A oclusão aguda da bifurcação da aorta ou dos seus ramos distais pode deflagar início súbito de dor em repouso, palidez, paralisia, ausência de pulsos periféricos e frio nos membros inferiores (ver Oclusão arterial periférica aguda). A oclusão crônica pode provocar claudicação intermitente nas pernas e na região glútea e disfunção erétil (síndrome de Leriche). Pulso femoral ausente; e índice tornozelo-braquial é anormal. Pode colocar em risco um dos membros.
Diagnóstico da oclusão do ramo aórtico abdominal
Exames de imagem
O diagnóstico baseia-se principalmente na história e no exame físico, sendo confirmado por ultrassonografia dúplex, angiografia por TC, angiografia por ressonância magnética ou angiografia tradicional.
Tratamento da oclusão do ramo aórtico abdominal
Embolectomia ou angioplastia transluminal percutânea em caso de oclusão aguda
Cirurgia ou angioplastia para oclusão grave crônica
A oclusão aguda é uma emergência cirúrgica que requer embolectomia ou angioplastia transluminal percutânea (ATP), com ou sem implante de stent. Laparotomia com enxerto de bypass e ressecção intestinal pode ser necessária se embolectomia ou ATP não for bem sucedida.
A oclusão crônica, se sintomática, pode exigir cirurgia ou angioplastia. A modificação dos fatores de risco e os medicamentos antiplaquetários podem ajudar.
A oclusão mesentérica aguda (p. ex., artéria mesentérica superior), a qual provoca morbidade e mortalidade significativas, requer revascularização imediata. O prognóstico é reservado se o intestino não for revascularizado dentro de 4 a 6 horas.
Para tratar oclusão crônica da artéria mesentérica superior e do tronco celíaco, modificações da dieta podem aliviar os sintomas temporariamente. Se os sintomas forem graves, o desvio cirúrgico da aorta para as artérias esplâncnicas em posição distal à oclusão normalmente resulta em revascularização. A permeabilidade a longo prazo do enxerto excede 90%. Para pacientes apropriadamente selecionados (em especial entre os pacientes idosos que podem ser maus candidatos à cirurgia), a revascularização por ATP, com ou sem implante de stent, pode ser bem-sucedida. Os sintomas podem melhorar rapidamente, sendo possível recuperar o peso.
A oclusão aguda da artéria renal requer embolectomia e, às vezes, é possível efetuar ATP. O tratamento inicial da oclusão crônica envolve o uso de hipotensores. Se a pressão arterial não for controlada adequadamente ou a função renal degenerar-se, ATP com implante de stent ou, quando não for possível ATP, cirurgia aberta de revascularização miocárdica ou embolectomia podem melhorar o fluxo sanguíneo.
A oclusão da bifurcação da aorta requer embolectomia de urgência, realizada, geralmente, transfemoral. Se a oclusão crônica da bifurcação da aorta provocar claudicação, pode-se utilizar enxerto aortoilíaco ou aortofemoral para efetuar o desvio cirúrgico da oclusão. A ATP é uma alternativa para pacientes selecionados.
Pontos-chave
Oclusão do tronco da aorta abdominal pode ser aguda ou crônica.
Sintomas variam com base na acuidade da oclusão e artéria envolvida.
Diagnosticar oclusão do ramo da aorta abdominal com base na anamnese e exame físico e confirmá-la com exames de imagem.
Tratar a oclusão aguda como uma emergência cirúrgica; fazer embolectomia, angioplastia transluminal percutânea ou cirurgia de derivação. Tratar oclusão crônica com medicamentos e mudanças no estilo de vida e, se grave, cirurgia ou angioplastia.