Toxicidade da vitamina D

PorLarry E. Johnson, MD, PhD, University of Arkansas for Medical Sciences
Revisado/Corrigido: nov. 2022
Visão Educação para o paciente

Em geral, a toxicidade de vitamina D é decorrente de ingestão excessiva. Na toxicidade de vitamina D, a reabsorção do osso e a absorção intestinal de cálcio é maior, resultando em hipercalcemia. Hipercalcemia marcada comumente causa sintomas. O diagnóstico costuma se basear nos níveis elevados de 25(OH)D. O tratamento consiste em suspender a vitamina D, restringir o cálcio na dieta, restabelecer o deficit intravascular e, se a toxicidade for grave, administrar corticoides ou bisfosfonatos.

Como a síntese dos potentes metabólitos de 1,25-di-hidroxivitamina D é estritamente regulada, a toxicidade de vitamina D só ocorre se doses excessivas (prescrição ou megavitaminas) forem consumidas. Cerca de 1.000 mcg (40.000 unidades) de vitamina D/dia provocam toxicidade em lactentes de 1 a 4 meses. Em adultos, a ingestão diária de 1.250 mcg (50.000 unidades/dia) por vários meses pode ocasionar toxicidade. A toxicidade da vitamina D pode ocorrer iatrogenicamente quando hipoparatireoidismo é sobretratado.

Fisiologia da toxicidade da vitamina D

A vitamina D tem 2 formas principais:

  • D2 (ergocalciferol)

  • D3 (colecalciferol): a forma que ocorre naturalmente e a forma utilizada para a suplementação de dose baixa

A vitamina D3 é sintetizada na pele pela exposição à luz solar direta (radiação ultravioleta B) e obtida na alimentação principalmente de óleos de fígado de peixe e peixes de água salgada (ver tabela Fontes, funções e efeitos das vitaminas). Em alguns países, leite e outros alimentos são fortificados com vitamina D. O leite humano é pobre em vitamina D, contendo em média apenas 10% da quantidade do leite de vaca fortificado.

Os níveis de vitamina D podem diminuir com a idade porque a síntese cutânea piora. O uso de filtro solar e a pigmentação escura da pele também reduzem a síntese de vitamina D.

A vitamina D é um pró-hormônio com vários metabólitos ativos que atuam como hormônios. A vitamina D é metabolizada pelo fígado em 25(OH)D (calcifediol, calcidiol, 25-hidroxicolecalciferol ou 25-hidroxivitamina D), que a seguir é convertida pelo rim em 1,25-di-hidroxivitamina D, (1,25-di-hidroxicolecalciferol, calcitriol ou hormônio ativo da vitamina D). A principal forma circulante, 25(OH)D, apresenta atividade metabólica, mas 1,25-di-hidroxivitamina D é mais metabolicamente ativa. A conversão em 1,25-di-hidroxivitamina D é regulada pela sua própria concentração, concentrações de hormônio paratireoideo (PTH) e cálcio e fosfato séricos.

A vitamina D age em vários órgãos e sistemas (ver tabela Atividades da vitamina D e seus metabólitos), mas principalmente aumenta a absorção de cálcio e fósforo pelo intestino e promove formação e mineralização ósseas normais.

A vitamina D e análogos relacionados podem ser utilizados para tratar psoríase, hipoparatireoidismo e osteodistrofia renal. A utilidade da vitamina D em prevenir a leucemia e os cânceres de mama, próstata, colo e outros tipos de câncer não foi comprovada, nem sua eficácia no tratamento de outras doenças não ósseas em adultos (1, 3). A suplementação de vitamina D não trata nem previne de forma eficaz a depressão ou doença cardiovascular (4, 5). Algumas evidências sugerem que tomar a dose diária recomendada combinada de vitamina D e cálcio reduz o risco de fraturas (6, 7) e quedas (8), mas principalmente em pacientes com deficiência de vitamina D. Como as causas das quedas são multifatoriais, outros estudos não encontraram que a suplementação de vitamina D, isoladamente, reduza as quedas em idosos (9).

(Ver também Visão geral das vitaminas.)

Tabela
Tabela

Physiology references

  1. 1. Autier P, Mullie P, Macacu A, et al: Effect of vitamin D supplementation on non-skeletal disorders: A systematic review of meta-analyses and randomised trials. Lancet Diabetes Endocrinol 5 (12):986–1004, 2017. doi: 10.1016/S2213-8587(17)30357-1

  2. 2. Manson JE, Cook NR, Lee IM, et al: Vitamin D supplements and prevention of cancer and cardiovascular disease. N Engl J Med 380(1):33-44, 2019. doi: 10.1056/NEJMoa1809944

  3. 3. Cianferotti L, Bertoldo F, Bischoff-Ferrari HA, et al: Vitamin D supplementation in the prevention and management of major chronic diseases not related to mineral homeostasis in adults: research for evidence and a scientific statement from the European Society for Clinical and Economic aspects of Osteoporosis and Osteoarthritis (ESCEO). Endocrine 56:245-261, 2017. doi:10.1007/s12020-017-1290-9

  4. 4. Okereke OI, Reynolds CF 3rd, Mischoulon D, et al: Effect of long-term vitamin D3 supplementation vs placebo on risk of depression or clinically relevant depressive symptoms and on change in mood scores: A randomized clinical trial. JAMA 324(5):471-480, 2020. doi: 10.1001/jama.2020.10224

  5. 5. Barbarawi M, Kheiri B, Zayed Y, et al: Vitamin D supplementation and cardiovascular disease risks in more than 83,000 individuals in 21 randomized clinical trials: A meta-analysis [published correction appears in JAMA Cardiol 2019 Nov 6]. JAMA Cardiol 4(8):765-776, 2019. doi: 10.1001/jamacardio.2019.1870

  6. 6. Yao P, Bennett D, Mafham M, et al: Vitamin D and calcium for the prevention of fracture: A systematic review and meta-analysis. JAMA Netw Open 2(12):e1917789, 2019. doi:10.1001/jamanetworkopen.2019.17789

  7. 7. Kong SH, Jang HN, Kim JH, et al: Effect of vitamin D supplementation on risk of fractures and falls according to dosage and interval: a meta-analysis. Endocrinol Metab 37:344-358, 2022. doi:10.3803/EnM.2021.1374

  8. 8. Ling Y, Xu F, Xia X, et al: Vitamin D supplementation reduces the risk of fall in the vitamin D deficient elderly: an updated meta-analysis. Clin Nutr 40:5531-5537, 2021. doi:10.1016/j.clnu.2021.09.031

  9. 9. Appel LJ, Michos ED, Mitchell CM, et al: The effects of four doses of vitamin D supplements on falls in older adults: a response-adaptive, randomized clinical trial. Ann Intern Med 174:145-156, 2021. doi:10.7326/M20-3812

Sinais e sintomas de toxicidade de vitamina D

Os principais sintomas da toxicidade de vitamina D resultam de hipercalcemia. Podem ocorrer anorexia, náuseas e vômitos, muitas vezes seguidos de poliúria, polidipsia, fraqueza, nervosismo, prurido e, finalmente, falência renal. Proteinúria, azotemia e calcificações metastáticas (particularmente nos rins) podem ocorrer.

Diagnóstico da toxicidade da vitamina D

  • Hipercalcemia mais fatores de risco ou níveis séricos elevados de 25(OH)D

História de ingestão excessiva de vitamina D pode ser a única pista para diferenciar a toxicidade da deficiência de vitamina D de outras causas de hipercalcemia. Altos níveis séricos de cálcio, de 12 a 16 mg/dL (3 a 4 mmol/L), são um constante achado quando ocorrem sintomas tóxicos. Os níveis séricos de 25(OH)D geralmente para > 150 ng/mL (> 375 nmol/L). Os níveis de 1,25-di-hidroxivitamina D, os quais não são necessários para confirmação do diagnóstico, costumam estar normais.

Cálcio sérico deve ser medido com frequência (primeiro semanalmente e depois mensalmente) em todos os pacientes que recebem grandes doses de vitamina D, em particular a potente 1,25-di-hidroxivitamina D.

Tratamento da toxicidade de vitamina D

  • Hidratação IV mais corticoides ou bisfosfonatos

Após a interrupção da ingestão de vitamina D, hidratação com soro fisiológico normal IV corticoides ou bisfosfonatos (que inibem a reabsorção óssea) são utilizados para reduzir os níveis de cálcio sérico.

Lesão renal ou calcificações metastáticas, se presentes, podem ser irreversíveis.

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