Alcalose respiratória é a diminuição primária da pressão parcial de dióxido de carbono (P) com ou sem redução compensatória do bicarbonato (HCO); o pH pode estar alto ou quase normal. A causa é o aumento da frequência respiratória e/ou do volume (hiperventilação). A alcalose respiratória pode ser aguda ou crônica. A forma crônica é assintomática, mas a aguda causa tontura, síncope, confusão, parestesias e cãibras. Os sinais incluem hiperpneia ou taquipneia e espasmo carpopodal. O diagnóstico é clínico e com medidas de gasometria arterial (GA) e eletrólitos séricos. O tratamento é direcionado para a causa.
(Ver também Regulação ácido-base, desequilíbrios ácido-base e síndrome de hiperventilação.)
Etiologia da alcalose respiratória
A alcalose respiratória é a diminuição primária da Pco2 (hipocapnia) decorrente de aumento da frequência e/ou do volume respiratório (hiperventilação). O aumento da ventilação ocorre, geralmente, como resposta fisiológica a hipóxia (p. ex. alta altitude), acidose metabólica e aumento de demandas metabólicas (p. ex., febre) e, dessa forma, está presente em várias condições graves. Além disso, dor, ansiedade e algumas doenças do sistema nervoso central [p. ex, acidente vascular encefálico, convulsão (pós-ictal)] podem aumentar a respiração sem nenhuma necessidade fisiológica.
Fisiopatologia da alcalose respiratória
A alcalose respiratória pode ser
Aguda
Crônica
A diferenciação se baseia no grau de compensação metabólica. O excesso de HCO3− é tamponado pelo H+ extracelular dentro de minutos (aguda), mas a compensação mais significativa ocorre em 2 a 3 dias (crônica), à medida que os rins diminuem a excreção de H+.
Alcalose pseudorrespiratória
Alcalose pseudorrespiratória é Pco2 arterial baixa e pH elevado em pacientes que estão sendo tratados com ventilação mecânica acidose metabólica por causa da má perfusão sistêmica [p. ex., choque cardiogênico, durante RCP (reanimação cardiopulmonar)]. A alcalose pseudorrespiratória ocorre quando a ventilação mecânica (em geral hiperventilação) elimina quantidades superiores às normais de dióxido de carbono (CO2) alveolar. A exalação de grandes quantidades de CO2 causa alcalose respiratória no sangue arterial (aparente nas medições de GA), mas má perfusão sistêmica e isquemia celular causam acidose celular, causando acidose no sangue venoso.
O diagnóstico se faz pela demonstração de diferenças arteriovenosas significativas na Pco2 e no pH e pelas concentrações elevadas de lactato em pacientes cujas medições de GA mostra alcalose respiratória.
O tratamento consiste na melhora da hemodinâmica sistêmica.
Sinais e sintomas da alcalose respiratória
Os sinais e sintomas dependem da velocidade e do grau de queda da Pco2. A alcalose respiratória aguda causa atordoamento, confusão, parestesias periféricas e periorais, cãibras e síncope. Acredita-se que o mecanismo seja mudança do fluxo sanguíneo cerebral e pH. Taquipneia ou hiperpneia são, geralmente, os únicos sinais; espasmo carpopodal pode ocorrer em casos graves devido a níveis mais altos de cálcio ionizado no sangue (direcionado para dentro das células como uma troca por íon de oxigênio [H+]).
A alcalose respiratória crônica costuma ser assintomática e não apresenta sinais diferenciais.
Diagnóstico da alcalose respiratória
Gasometria arterial e eletrólitos séricos
Se houver hipóxia, buscar vigorosamente a causa
O reconhecimento da alcalose respiratória e a compensação renal apropriada (ver Diagnóstico dos distúrbios ácido-base) requerem medidas de gasometria arterial e eletrólitos séricos. Há hipofosfatemia leve e hipopotassemia decorrente de desvios intracelulares e diminuição do cálcio (Ca++) ionizado devido ao aumento da ligação de proteínas.
A ocorrência de hipóxia ou o aumento do gradiente de O2 alveolar-arterial (A-a) [Po2− inspirado (Po2 arterial + 5/4 Pco2 arterial)] requer pesquisa da causa.
Outras causas costumam ser aparentes de acordo com a anamnese e os achados ao exame físico. Entretanto, como a embolia pulmonar costuma se manifestar sem hipóxia, deve-se considerar a embolia uma forte hipótese no caso de pacientes com hiperventilação antes de atribuir a causa apenas à ansiedade.
Tratamento da alcalose respiratória
Tratamento da doença subjacente
O tratamento é direcionado para encontrar e tratar a doença subjacente. A alcalose respiratória não causa risco à vida; por isso, não são necessárias intervenções para reduzir o pH. Aumentar o dióxido de carbono inspirado por reinalação (como respirar em um saco de papel) é uma prática comum, mas pode ser perigosa, pelo menos para alguns pacientes com doença de sistema nervoso central, cujo pH do líquido cefalorraquidiano pode já estar abaixo do normal.
Pontos-chave
A alcalose respiratória envolve o aumento da frequência e/ou do volume corrente (hiperventilação).
A hiperventilação ocorre com mais frequência como uma resposta fisiológica a hipóxia, acidose metabólica e aumento de demandas metabólicas (p. ex., febre) dor ou ansiedade.
Só supor que a ansiedade é a causa da hiperventilação depois que distúrbios mais graves são excluídos.
Tratar a causa; a alcalose respiratória não é fatal, assim não são necessárias intervenções para reduzir o pH.