Os nódulos tireoidianos são tumorações benignas ou malignas na glândula tireoide. São comuns, principalmente com o aumento da idade.
(Ver também Visão geral da função tireoidiana.)
A incidência relatada dos nódulos tireoidianos varia conforme o método de avaliação. Em pacientes na meia-idade e idosos, a palpação revela nódulos em cerca de 5%. Os resultados de ultrassonografia e estudos de necropsia sugerem que nódulos estejam presentes em cerca de 50% dos idosos (1) Vários nódulos são encontrados incidentalmente em exames de imagem cefálicos e cervicais realizados na avaliação de outras doenças.
Referência geral
1. Haugen BR, Alexander EK, Bible KC, et al. 2015 American Thyroid Association Management Guidelines for Adult Patients with Thyroid Nodules and Differentiated Thyroid Cancer: The American Thyroid Association Guidelines Task Force on Thyroid Nodules and Differentiated Thyroid Cancer. Thyroid 2016;26(1):1-133. doi:10.1089/thy.2015.0020
Etiologia de um nódulo tireoidiano
A maioria dos nódulos é benigna. As causas benignas incluem
Bócio coloide hiperplásico
Cistos tireoidianos
Tireoidite
Adenomas da tireoide
Causas malignas incluem
Avaliação de um nódulo tireoidiano
História
Os nódulos tireoidianos geralmente são assintomáticos, mas podem ocasionalmente ser dolorosos ou causar sintomas de compressão no pescoço. Dor sugere tireoidite ou hemorragia em um cisto. Um nódulo assintomático pode ser maligno, mas costuma ser benigno. Os sintomas de compressão, incluindo dificuldade de deglutição, dificuldade respiratória ou rouquidão, aumentam o risco de o nódulo ser maligno.
Os sintomas de hipertireoidismo (isto é, palpitações, intolerância ao calor, perda ponderal, tremores) sugerem adenoma hiperfuncional ou tireoidite, enquanto os sintomas de hipotireoidismo (isto é, intolerância ao frio, ganho ponderal, fadiga) sugerem tireoidite de Hashimoto.
Os fatores de risco de câncer de tireoide incluem
História de irradiação na tireoide, em especial na infância
Idade > 55 anos
Sexo feminino (1)
História familiar de câncer de tireoide ou de neoplasia endócrina múltipla tipo 2
Um nódulo solitário ou bócio
Disfonia
Aumento de tamanho (em particular crescimento rápido ou crescimento em vigência de tratamento de supressão com hormônio tireóideo)
Níveis mais altos de hormônio tireoestimulante (TSH)
Embora ser dsexo feminino seja um fator de risco para câncer de tireoide, os homens, particularmente os de mais idade, são mais propensos a ter doença agressiva.
Exame físico
Sinais que sugerem câncer de tireoide incluem consistência endurecida pétrea ou fixação em estruturas adjacentes, linfadenopatia cervical e rouquidão (decorrente da paralisia do nervo laríngeo recorrente).
Exames laboratoriais
A avaliação laboratorial inicial de um nódulo tireoidiano consiste em testes para
TSH
Se o TSH for baixo (consistente com hipertireoidismo), captação de radioiodo e varredura são feitos. Nódulos com captação aumentada de iodo (quentes) raramente são malignos.
Se os testes de função tireoidiana não indicarem hipertireoidismo, o próximo passo é examinar o nódulo com ultrassom da tireoide.
Exames de imagem da tireoide
A ultrassonografia é útil para determinar o tamanho do nódulo e detectar características ultrassonográficas suspeitas, incluindo
Hipoecogenicidade
Vascularização interna intensa
Bordas irregulares
A altura do nódulo é maior que a largura
Macrocalcificações irregulares
Microcalcificações psamomatosas finas e pontilhadas (carcinoma papilífero da tireoide)
Calcificação irregular densa e homogênea (carcinoma medular da tireoide)
O Thyroid Imaging and Reporting System (TI-RADS) é um sistema de estratificação do risco de câncer de tireoide baseado essencialmente nos achados ultrassonográficos. Uma classificação TI-RADS baseada no tamanho dos nódulos, ecogenicidade, composição, forma, margens e focos ecogênicos é útil para decidir quando proceder com uma biópsia aspirativa por agulha fina (2).
Para nódulos > 1 cm com características suspeitas (TI-RADS 5) ou nódulos > 1,5 cm com características moderadamente suspeitas (TI-RADS 4), biópsia aspirativa por agulha fina (BAAF) feita sob orientação de ultrassom é o procedimento de escolha para distinguir benignos de nódulos malignos. Em geral, não se recomenda BAAF para nódulos < 1 cm ou nódulos que são inteiramente císticos.
Biópsia aspirativa por agulha fina
O Bethesda System for Reporting Thyroid Cytopathology é outra ferramenta de estratificação de risco útil. O exame citológico das células obtidas da BAAF pode distinguir as lesões benignas (Bethesda II) das suspeitas de malignidade (Bethesda V) ou malignas (Bethesda VI). Para lesões citologicamente indeterminadas (Bethesda III ou IV) (3), a análise molecular da BAAF aspirada à procura de mutações e rearranjos ou a medição da calcitonina à procura de possível carcinoma medular da tireoide pode adicionar clareza diagnóstica suficiente a fim de possibilitar uma recomendação de tratamento otimamente informada.
Referências sobre avaliação
1. Lim H, Devesa SS, Sosa JA, Check D, Kitahara CM. Trends in Thyroid Cancer Incidence and Mortality in the United States, 1974-2013. JAMA 2017;317(13):1338-1348. doi:10.1001/jama.2017.2719
2. Tessler FN, Middleton WD, Grant EG, et al. ACR Thyroid Imaging, Reporting and Data System (TI-RADS): White Paper of the ACR TI-RADS Committee. J Am Coll Radiol 2017;14(5):587-595. doi:10.1016/j.jacr.2017.01.046
3. Ali SZ, Baloch ZW, Cochand-Priollet B, Schmitt FC, Vielh P, VanderLaan PA. The 2023 Bethesda System for Reporting Thyroid Cytopathology. Thyroid 2023;33(9):1039-1044. doi:10.1089/thy.2023.0141
Tratamento de um nódulo tireoidiano
Hormônio tireoideo
Ablação por radiofrequência
Tireoidectomia
Captação de iodo radioativo
O tratamento dos nódulos malignos é discutido em Cânceres da tireoide.
O tratamento é direcionado à doença de base e depende dos resultados citológicos (1).
Nódulos benignos em pacientes com tireoidite de Hashimoto ou outras causas de bócio associado a hipotireoidismo podem se estabilizar ou retroceder com a reposição de tiroxina em doses que tornam o paciente eutireoidiano. Para pequenos nódulos benignos (geralmente ≤ 1,5 cm) não associados a hipotireoidismo, a supressão do TSH com tiroxina reduz de modo eficaz o nódulo em não mais que metade dos casos, e é raramente feita. A tiroxina não é utilizada para tratar os nódulos neoplásicos.
O tamanho de grandes nódulos benignos que comprimem estruturas cervicais adjacentes pode diminuir após ablação por radiofrequência.
A tireoidectomia parcial ou completa é eficaz no tratamento de nódulos que continuam crescendo ou que causam sintomas compressivos.
Nódulos tóxicos (produzindo hormônio tireoideo e causando hipertireoidismo sintomático) podem ser tratados com iodo radioativo para controlar o hipertireoidismo e reduzir o tamanho do nódulo.
Nódulos que não são decorrentes de câncer de tireoide, não causam sintomas compressivos e não estão associados a hipotireoidismo ou hipertireoidismo podem ser acompanhados com segurança com exames físicos periódicos do pescoço e, se houver suspeita de crescimento dos nódulos, por repetição da avaliação ultrassonográfica.
Referência sobre o tratamento
1. Haugen BR, Alexander EK, Bible KC, et al: 2015 American Thyroid Association Management Guidelines for Adult Patients with Thyroid Nodules and Differentiated Thyroid Cancer: The American Thyroid Association Guidelines Task Force on Thyroid Nodules and Differentiated Thyroid Cancer. Thyroid 26(1): 1–133, 2016. doi: 10.1089/thy.2015.0020