Trabalho de parto

PorRaul Artal-Mittelmark, MD, Saint Louis University School of Medicine
mar. 2024
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Fatos rápidos

    O trabalho de parto consiste em uma série de contrações rítmicas e progressivas do útero que gradativamente empurram o feto através da parte inferior do útero (colo do útero) e do canal vaginal (vagina).

    (Consulte também Considerações gerais sobre o trabalho de parto e o parto.)

    O trabalho de parto ocorre em três estágios principais:

    • Primeiro estágio: Esse estágio (que tem duas fases: latente e ativa) é geralmente o estágio mais longo. O trabalho de parto começa oficialmente quando há contrações uterinas intensas e regulares que fazem com que o colo do útero se abra gradativamente (se dilate) e se afine e retraia (se apague) até que esteja totalmente dilatado e o bebê consiga passar para a vagina.

    • Segundo estágio: A mãe empurra e o bebê nasce.

    • Terceiro estágio: A placenta (um órgão que se desenvolve dentro do útero para fornecer oxigênio e nutrientes ao bebê) é expelida. Esse estágio também é chamado de “dequitação da placenta”.

    O trabalho de parto começa aproximadamente nas duas semanas (antes ou depois) da data prevista para o parto. Não se sabe exatamente o que desencadeia o trabalho de parto. Quando o final da gravidez está próximo (depois de 37 semanas), o médico examina o colo do útero para tentar prever quando o trabalho de parto iniciará.

    Em média, o trabalho de parto dura de 12 a 18 horas na primeira gravidez e tende a ficar mais breve, durante de 6 a 8 horas nas gestações seguintes. Ficar de pé e caminhar durante o primeiro estágio do trabalho de parto pode ajudar a controlar a dor e talvez diminuir sua duração em mais de uma hora.

    Fases do trabalho de parto

    PRIMEIRO ESTÁGIO

    A partir do início do trabalho de parto até a abertura (dilatação) completa do colo do útero, até aproximadamente 10 centímetros.

    Fase inicial (latente)

    1. As contrações são irregulares no início, mas se tornam progressivamente mais fortes e mais ritmadas.

    2. O desconforto é mínimo, mas pode aumentar com o tempo.

    3. O colo do útero começa a afinar e se dilata até aproximadamente quatro a cinco centímetros.

    4. Essa fase inicial dura aproximadamente oito horas (geralmente não mais do que 20 horas) na primeira gravidez e cinco horas (geralmente não mais do que 14 horas) nas gestações seguintes.

    Fase ativa

    1. O colo do útero se dilata a partir de aproximadamente quatro centímetros até o total de 10 centímetros. Ele afina e se retrai (apaga) até mesclar-se ao restante do útero.

    2. A parte de apresentação do bebê (a parte do bebê que é parida primeiro), geralmente a cabeça, começa a descer pela pelve da mulher.

    3. A mulher começa a sentir a necessidade de empurrar conforme o bebê desce, mas deve resistir a esse impulso até o colo do útero estar completamente dilatado. Empurrar muito cedo pode causar cansaço desnecessário e talvez cause laceração ao colo do útero.

    4. Essa fase dura aproximadamente cinco a sete horas em uma primeira gravidez e de duas a quatro horas nas seguintes.

    SEGUNDO ESTÁGIO

    Desde a abertura completa do colo do útero até o nascimento do bebê: Esse estágio costuma durar aproximadamente duas horas na primeira gravidez e aproximadamente uma hora nas seguintes. Pode durar mais uma hora ou até mais se a mulher tiver recebido uma injeção peridural para aliviar a dor. Durante esse estágio, a mulher empurra.

    TERCEIRO ESTÁGIO

    Do parto do bebê até a expulsão da placenta: Esse estágio normalmente dura apenas alguns minutos, mas pode levar até 30 minutos.

    Início do trabalho de parto

    O trabalho de parto geralmente começa com

    • Contrações na parte inferior do abdômen a intervalos regulares

    • Às vezes, dor nas costas

    Uma mulher que tenha tido partos rápidos em gestações anteriores deve notificar o médico assim que acreditar que irá entrar em trabalho de parto. Quando as contrações na parte inferior do abdômen começam, elas podem ser leves, irregulares e distanciadas. Podem ser semelhantes a cólicas menstruais. Conforme o tempo passa, as contrações uterinas ficam mais longas, mais intensas e mais frequentes. Contrações e dor nas costas podem ser precedidas ou vir acompanhadas por outros sinais do parto, tais como:

    • Perda do tampão: A saída de uma pequena quantidade de secreção formada por sangue misturado com muco (“tampão mucoso”) da vagina geralmente é um dos primeiros sinais indicando que o trabalho de parto está prestes a começar. No entanto, a presença de sangue também pode ocorrer em decorrência de relação sexual. A perda do tampão pode ocorrer até 72 horas antes do início das contrações. A gestante deve entrar em contato com o profissional de saúde se ocorrer algum sangramento vaginal, pois pode ser necessária uma avaliação no consultório médico ou no hospital.

    • Ruptura das membranas: Normalmente, as membranas cheias de líquido que envolvem o feto (saco amniótico) se rompem durante o trabalho de parto e o líquido amniótico sai pela vagina. Esse episódio é normalmente denominado “ruptura da bolsa”. Em algumas ocasiões, ocorre a ruptura prematura das membranas antes do início do trabalho de parto. A ruptura das membranas antes do início do trabalho de parto é denominada ruptura prematura das membranas. Algumas mulheres sentem um líquido jorrar da vagina, seguindo por um vazamento lento e contínuo. Às vezes, é difícil saber se o líquido que vaza é líquido amniótico, urina ou secreção vaginal.

    Se as membranas se romperem, a mulher deve entrar em contato com o médico ou a parteira imediatamente. Aproximadamente 80% a 90% das mulheres cujas membranas se rompem na data estimada do parto ou próximo a ela, entram em trabalho de parto espontaneamente dentro de 24 horas. Se o trabalho de parto não tiver iniciado após várias horas e o bebê estiver a termo, as mulheres costumam ser internadas no hospital e o trabalho de parto é iniciado (induzido) artificialmente para reduzir o risco de infecção. Após a ruptura das membranas, as bactérias da vagina podem entrar no útero com mais facilidade e provocar uma infecção na mulher, no feto ou em ambos.

    Depois que uma mulher com a ruptura prematura das membranas é internada na maternidade, ela recebe ocitocina (que provoca contrações uterinas) ou um medicamento similar como, por exemplo, uma prostaglandina, para induzir o trabalho de parto. Contudo, se as membranas se romperem mais de seis semanas antes da data prevista do parto (prematuramente, ou antes da 34ª semana), o médico não costuma induzir o trabalho de parto até o feto estar mais maduro.

    Internação em um hospital ou clínica de maternidade

    A mulher deve ligar para o profissional de saúde para decidir se ela precisa ir para o hospital ou para a maternidade se algum dos eventos a seguir ocorrer:

    • As membranas se romperam (“a bolsa rompeu”).

    • Durante uma hora, as contrações duram no mínimo 30 segundos e ocorrem regularmente em intervalos de aproximadamente seis minutos ou menos.

    Na instituição, um profissional de saúde avaliará a mãe e o feto. Se a gestante estiver em trabalho de parto ativo ou se as membranas tiverem se rompido, a mulher é internada no setor de obstetrícia. Se o médico ou a parteira não tiver certeza se o trabalho de parto começou ou não, a mulher costuma ser colocada sob observação e o feto é monitorado por aproximadamente uma hora. Se o trabalho de parto não for confirmado durante esse período, ela talvez seja enviada para casa.

    Quando a mulher é internada no setor de obstetrícia, seus sinais vitais são medidos e sangue é coletado para análise.

    A presença e a frequência dos sons cardíacos fetais são registradas e um exame físico é realizado. O abdômen da mulher é examinado para estimar o tamanho do feto, se o feto está voltado para trás ou para frente (posição) e se a cabeça, rosto, nádegas ou ombros estão na frente (apresentação). Às vezes, é realizado um ultrassom.

    A posição e a apresentação do feto afetam como ele passará pela vagina. A combinação mais comum e segura é a seguinte:

    • Cabeça primeiro

    • Voltado para trás (voltado para baixo quando a mulher está deitada sobre as costas)

    • Pescoço curvado para frente

    • Queixo recolhido para dentro

    Cabeça primeiro é chamada de apresentação de vértice ou cefálica. Durante a última ou penúltima semana antes do parto, a maioria dos fetos dá a volta para que a cabeça se apresente primeiro. Uma apresentação ou posição anormal, como as nádegas primeiro (pélvica) ou com os ombros primeiro, ou se o feto estiver voltado para frente, torna o parto consideravelmente mais difícil para a mulher, para o feto e para o médico. Um parto por cesariana é recomendado.

    Um exame vaginal utilizando um espéculo talvez seja realizado para determinar se as membranas se romperam. (um espéculo é um instrumento de metal ou de plástico que afasta as paredes da vagina). Também se observa a cor do líquido amniótico. O líquido deve ser transparente e sem odor significativo. Se as membranas se romperem e o líquido amniótico for verde, a coloração se deve à primeira evacuação do feto (mecônio fetal).

    Em seguida, o médico ou a parteira usa os dedos para examinar o colo do útero para determinar o grau de dilatação (em centímetros) e quão repuxado ele está (grau de apagamento, indicado na forma de porcentagem ou em centímetros). Esse exame pode ser omitido se a mulher estiver sangrando ou se as membranas tiverem se rompido espontaneamente.

    Se houver preocupações sobre complicações após o exame inicial, serão realizados monitoramento fetal, exames laboratoriais, ou outros tipos de exames ou monitoramento.

    Um acesso intravenoso geralmente é inserido no braço da mulher durante o trabalho de parto em um hospital. Essa via é usada para administrar líquidos que evitem a desidratação e, se necessário, medicamentos.

    Quando os líquidos são administrados por via intravenosa, a mulher não precisa se alimentar nem ingerir líquidos durante o trabalho de parto, embora ela possa optar por ingerir líquidos e alimentos leves no início do trabalho de parto. Ter o estômago vazio durante o parto diminui a probabilidade de a mulher vomitar. Muito raramente, o vômito é inalado, normalmente após anestesia geral, o que pode causar pneumonia grave.

    Posição e apresentação normais do feto

    Perto do final da gravidez, o feto se move para a posição de parto. Normalmente, o feto posiciona-se com a cabeça para trás (em direção às costas da mulher) com o rosto e o corpo inclinados para um lado e o pescoço fletido, com a apresentação cefálica.

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