Transtorno frotista

PorGeorge R. Brown, MD, East Tennessee State University
Revisado/Corrigido: jul. 2023
Visão Educação para o paciente

O frotismo é uma intensa excitação sexual decorrente do ato de tocar ou esfregar-se contra uma pessoa sem consentimento. O transtorno frotista é diagnosticado quando uma pessoa experimenta, por pelo menos 6 meses, excitação recorrente e intensa por frotismo (manifestado por fantasias, impulsos ou comportamentos) e ou agiu sob esses impulsos sexuais ou os impulsos causaram sofrimento clinicamente significativo ou funcionamento prejudicado.

O transtorno frotista é uma forma de parafilia. A palavra frottage (frotagem) vem do francês frotter, que significa "roçar-se em ou pressionar alguém". O termo agora está associado à obtenção de excitação sexual intensa como resultado de tocar (não genitalmente) ou roçar a área genital contra uma pessoa sem seu consentimento.

Parte da excitação parece correr o risco de ser pego em um local público. Locais comuns para frotismo são metrôs, ônibus, elevadores, eventos esportivos e outros eventos públicos lotados. A maioria desses casos ocorre quando homens tocam em mulheres, embora tenha havido casos de pessoas de qualquer sexo tocando outra pessoa de qualquer sexo (1). Além disso, há casos de adultos de qualquer sexo tocando crianças de qualquer sexo. Esse comportamento por adultos é considerado uma ofensa criminal porque é uma forma de sexo não consensual.

Essa é uma das parafilias principais menos estudadas, possivelmente porque a maioria dos frotadores não se apresenta para avaliação ou tratamento, e é difícil detê-los em espaços públicos lotados (2). Muitas mulheres em todo o mundo relatam serem vítimas de frotistas. Por exemplo, em um estudo com jovens passageiras (na faixa dos 20 ou 30 anos) em trem público em Tóquio, mais de 66% relataram que foram submetidas a atos de frotismo (roçar, tocar, apalpar) (2). A prevalência da doença não é conhecida, mas o toque ou o roçar não consensual em outras pessoas para gratificação sexual, principalmente entre homens, foi relatada entre 7,9% e 35% (3).

As causas exatas do frotismo não são totalmente compreendidas; entretanto, vários fatores podem contribuir para seu desenvolvimento. Isso inclui uma combinação de fatores psicológicos, sociais e biológicos, como:

  • Interrupções ou alterações no desenvolvimento psicossexual: o frotismo pode estar associado às experiências iniciais e ao desenvolvimento psicossexual de um do indivíduo. Fatores como trauma na infância, abuso sexual ou exposição a conteúdo sexual inapropriado podem influenciar o desenvolvimento desse transtorno parafílico.

  • Fatores sociais e ambientais: fatores culturais e sociais, como falta de educação sexual, atitudes restritivas em relação ao sexo, ou acesso limitado a relacionamentos sexuais consensuais, podem influenciar o desenvolvimento do frotismo. Isolamento social ou dificuldades em estabelecer relacionamentos íntimos saudáveis também podem ser fatores contribuintes.

  • Transtornos psiquiátricos associados: o frotismo pode ser comórbido com outros transtornos, como transtornos de personalidade, transtornos de humor, ou outras parafilias.

Referências gerais

  1. 1. Ranger R, Fedoroff P: Frotteurism. The International Encyclopedia of Human Sexuality. First Edition. 369-426, 2015.

  2. 2. Stan IC: Frotteuristic disorder. In Transtheoretical approaches to paraphilic disorders, Chapter 6. Edited by Rusu DO, Cristian D. Internat J Adv Stud Sexology 2019-2020, ISSN 2668-7194 (print), ISSN 2668-9987 (online).  doi: 10.46388/ijass.2020.13.17

  3. 3. Johnson RS, Ostermeyer B, Sikes KA, et al: Prevalence and treatment of frotteurism in the community: a systematic review. J Am Acad Psychiatry Law 42(4):478-483, 2014. PMID: 25492074.

Diagnóstico de transtorno frotista

  • Critérios do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5th ed, Text Revision (DSM-5-TR)

O diagnóstico do transtorno frotista requer o seguinte (1):

  • Excitação sexual intensa e recorrente por tocar ou esfregar-se em uma pessoa sem seu consentimento, manifestada por fantasias, impulsos ou comportamentos.

  • A pessoa agiu sobre esses impulsos sexuais com uma pessoa que não consente, ou os impulsos ou fantasias sexuais causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes do funcionamento.

  • O quadro esteve presente por 6 meses.

O médico deve especificar se o indivíduo está vivendo em um ambiente controlado (p. ex., instituição) ou está em remissão completa (isto é, pelo menos 5 anos sem sofrimento/prejuízo em um ambiente descontrolado).

Referência sobre diagnóstico

  1. 1. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition,Text Revision (DSM-5-TR). American Psychiatric Association Publishing, Washington, DC.

Tratamento do transtorno frotista

  • Psicoterapia (individual ou em grupo)

  • Inibidores seletivos de recaptação de serotonina

  • Às vezes, medicamentos antiandrogênicos

Não há grandes estudos sobre abordagens de tratamento específicas para o transtorno frotista. As abordagens típicas para parafilias em geral foram tentadas (p. ex., tratamento de transtornos psiquiátricos comórbidos, combinando psicoterapia em grupo ou individual com o uso de ISRSs e antiandrogênios como agonistas do hormônio liberador de gonadotropina [GnRH], o acetato de medroxiprogesterona e o acetato de ciproterona [1]). As pessoas com essa condição costumam receber tratamento após serem detidas por agressão sexual e costumam ser participantes relutantes e desmotivados em seus programas de tratamento (2).

Referências sobre o tratamento

  1. 1. Ranger R, Fedoroff P: Frotteurism. The International Encyclopedia of Human Sexuality. First Edition. 369-426, 2015.

  2. 2. Stan IC: Frotteuristic disorder. Transtheoretical approaches to paraphilic disorders, Chapter 6. Internat J Adv Stud Sexology 2019-2020, ISSN 2668-7194 (print), ISSN 2668-9987 (online).  doi: 10.46388/ijass.2020.13.17

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