Alho

PorLaura Shane-McWhorter, PharmD, University of Utah College of Pharmacy
Revisado/Corrigido: jan. 2023
Visão Educação para o paciente

Os dentes de alho (Allium sativum) são extraídos e transformados em comprimido, pó e óleo; o principal ingrediente ativo é alicina ou S-alilcisteína, aminoácido subproduto do processo. O alho também pode ser ingerido cru ou cozido. Como os ingredientes ativos são voláteis e destruídos pelo ato de esmagamento, a quantidade do ingrediente ativo nas várias formas do alho varia muito. Os suplementos são mais bem normalizados pela quantidade do composto ativo. O extrato de alho envelhecido (EAE), produzido com um alho que envelhece por pelo menos 20 meses, tem compostos ativos mais estáveis do que a maioria das formas. Consumir suplementos de alho dessa forma parece conferir os melhores benefícios para a saúde, sem de efeitos adversos.

(Ver também Visão geral dos suplementos alimentares e National Institutes of Health (NIH): Garlic)

Alegações

Alega-se que o alho apresenta efeito favorável em vários fatores de risco cardíacos, incluindo redução da pressão arterial, concentrações de lipídios séricos e glicose e inibe a agregação plaquetária in vitro. Acredita-se que o alho proteja também contra cânceres de laringe, gástrico, colorretal e de endométrio e contra pólipos adenomatosos colorretais. Também se diz que o alho previne resfriado comum e trata doença do fígado gorduroso não alcoólica (DFGNA).

Evidências

A evidência mais forte disponível para a complementação alimentar com alho, especificamente o EAE, é a da redução da pressão arterial. Uma metanálise de 2016 avaliou 20 estudos (970 indivíduos) com duração de 2 a 24 semanas. Uma variedade de preparações de alho incluem alho em pó e EAE. As reduções médias na pressão sistólica e diastólica eram 5,1 mmHg e 2,5 mmHg, respectivamente (1). Uma metanálise de 2020 com 12 ensaios clínicos randomizados (553 pessoas hipertensas) com duração de pelo menos 2 meses descobriu uma diminuição média de 8,3 mmHg na pressão sistólica e 5,5 mmHg na pressão diastólica (2).

Os resultados dos efeitos da diminuição de lípidos com a suplementação de alho foram bastante inconsistentes. Uma metanálise de 2013 com 39 ensaios clínicos randomizados controlados (2.298 participantes) descobriu que o alho reduzia o colesterol total em 17 mg/dL (0,4 mmol/L) e o LDL (lipoproteína de baixa densidade) em 9 mg/dL (0,2 mmol/L) (3).

Uma metanálise feita em 2015 com 7 estudos (513 participantes) verificou a eficácia do alho na redução da glicemia de jejum (4). Outros estudos são necessários para avaliar seu impacto sobre a hemoglobina glicada (hemoglobina A1C).

Um ensaio clínico randomizado controlado por placebo descobriu que o alho pode melhorar a esteatose hepática em pacientes com DFGNA, evidenciada por alterações nos achados ultrassonográficos. O alho também diminuiu significativamente o peso corporal e as enzimas hepáticas (5).

Evidências científicas da ingestão de qualquer tipo de alho, ou uso de suplementos de alho, mostram pouca ou nenhuma proteção contra o câncer. Uma revisão sistemática e uma metanálise feita em 2016 avaliando a ingestão de alho em relação à incidência de câncer colorretal não encontrou nenhum efeito protetor (6).

O alho consumido em altas doses tem efeitos antimicrobianos gerais in vitro (7). Em um ensaio clínico randomizado controlado, 146 participantes foram tratados com um suplemento de alho contendo alicina ou placebo, uma cápsula por dia, durante 12 semanas. Durante as 12 semanas do estudo, aqueles tratados com alho tiveram significativamente menos resfriados do que o grupo tratado com placebo (24 versus 65, P < 0,001). Os autores concluíram que um suplemento de alho contendo alicina pode prevenir o ataque do vírus do resfriado comum (8).

A maioria desses estudos não têm a especificação dos detalhes do suplemento e/ou a concentração dos princípios ativos no suplemento, o que pode responder pela variação dos resultados.

Efeitos adversos

Podem ocorrer mau hálito, odor corporal e náuseas; doses altas podem causar queimação na boca, no esôfago e no estômago.

Interações medicamentosas

Teoricamente, o alho está contraindicado para pacientes com diáteses hemorrágicas ou que utilizem anti-hipertensivos, fármacos antiplaquetários ou varfarina. Pode reduzir as concentrações sanguíneas de saquinavir. O alho pode interagir com os hipoglicemiantes, possivelmente causando hipoglicemia. (Ver também tabela Algumas interações possíveis entre suplementos alimentares e fármacos.)

Referências

  1. 1. Ried K: Garlic lowers blood pressure in hypertensive individuals, regulates serum cholesterol, and stimulates immunity: an updated meta-analysis and review. J Nutr 146(2):389S-396S, 2016. doi: 10.3945/jn.114.202192

  2. 2. Ried K: Garlic lowers blood pressure in hypertensive subjects, improves arterial stiffness and gut microbiota: a review and meta-analysis. Exp Ther Med 19(2):1472-1478, 2020. doi:10.3892/etm.2019.8374

  3. 3. Ried K, Toben C, Fakler P: Effect of garlic on serum lipids: an updated meta-analysis. Nutr Rev 71(5):282-299, 2013. doi: 10.1111/nure.12012

  4. 4. Hou LQ, Liu YH, Zhang YY: Garlic intake lowers fasting blood glucose: meta-analysis of randomized controlled trials. Asia Pac J Clin Nutr 24(4):575-582, 2015. doi: 10.6133/apjcn.2015.24.4.15

  5. 5. Soleimani D, Paknahad Z, Rouhani MH: Therapeutic effects of garlic on hepatic steatosis in nonalcoholic fatty liver disease patients: a randomized clinical trial. Diabetes Metab Syndr Obes 13:2389-2397, 2020. doi:10.2147/DMSO.S254555

  6. 6. Chiavarini M, Minelli L, Fabiani R: Garlic consumption and colorectal cancer risk in man: a systematic review and meta-analysis. Public Health Nutr 19(2):308-317, 2016. doi: 10.1017/S1368980015001263

  7. 7. Filocamo A, Nueno-Palop C, Bisignano C, et al: Effect of garlic powder on the growth of commensal bacteria from the gastrointestinal tract. Phytomedicine 19(8-9):707-711, 2012. doi: 10.1016/j.phymed.2012.02.018

  8. 8. Josling P: Preventing the common cold with a garlic supplement: a double-blind, placebo-controlled survey. Adv Ther 18(4):189-193, 2001. doi:10.1007/BF02850113

Informações adicionais

O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

  1. National Institutes of Health (NIH), National Center for Complementary and Integrative Health: General information on the use of garlic as a dietary supplement

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