A terapia de reidratação oral é eficaz, segura, conveniente e barata, comparada à terapia IV. A terapia de reidratação oral é recomendada pela American Academy of Pediatrics e OMS e deve ser utilizada em crianças com desidratação leve a moderada, capazes de ingerir, a menos que apresentem vômitos ou distúrbios de base (p. ex., cirurgia abdominal, obstrução intestinal) (1). Nessa situação, a terapia de reidratação oral tem uma taxa de falha de < 5% (2). Desde que a OMS adotou recomendações para a terapia de reidratação oral na década de 1970, globalmente > 1 milhão de mortes por ano podem ter sido evitadas (3).
(Ver também Desidratação em crianças.)
Referências gerais
1. American Academy of Pediatrics, Provisional Committee on Quality Improvement, Subcommittee on Acute Gastroenteritis. Practice parameter: the management of acute gastroenteritis in young children. Pediatrics. 1996;97(3):424-435.
2. Bellemare S, Hartling L, Wiebe N, et al. Oral rehydration versus intravenous therapy for treating dehydration due to gastroenteritis in children: a meta-analysis of randomised controlled trials. BMC Med. 2004;2:11. Published 2004 Apr 15. doi:10.1186/1741-7015-2-11
3. WHO/Unicef. Clinical management of acute diarrhoea: WHO/Unicef joint statement. 2004. Accessed December 17, 2024.
Soluções para terapia de reidratação oral
A solução de reidratação oral (SRO) deve conter uma combinação de glicose e sódio para aproveitar o cotransporte sódio-glicose no intestino e melhorar a absorção. As SRO estão amplamente disponíveis e vêm como soluções comerciais pré-misturadas ou como pós que são misturados com água da torneira. A SRO de osmolaridade reduzida recomendada pela OMS desde 2002 tem a seguinte composição (1):
Glicose 75 mEq/L (75 mmol/L) como soluções à base de glicose ou à base de polímeros (arroz, trigo ou milho)
Sódio 75 mEq/L (75 mmol/L)
Osmolaridade total 245 mEq/L (245 mmol/L)
Bebidas esportivas, refrigerantes, sucos e similares não atendem esses critérios e não devem ser utilizados. Elas geralmente contêm muito pouco sódio e muito mais carboidratos para tirar vantagem do co-transporte de sódio/glicose, e o efeito osmótico do excesso de carboidrato pode provocar perda adicional de líquidos. O co-transporte de sódio/glicose no intestino é otimizado com uma razão sódio:glicose de 1:1.
Soluções comerciais pré-misturadas para reidratação estão prontamente disponíveis em muitas farmácias e supermercados. Essas soluções são eficazes, apesar de terem uma razão sódio:glicose de cerca de 1:3.
Referência sobre soluções
1. Powers KS. Dehydration: Isonatremic, Hyponatremic, and Hypernatremic Recognition and Management [published correction appears in Pediatr Rev. 2015 Sep;36(9):422. doi: 10.1542/pir.36-9-422]. Pediatr Rev. 2015;36(7):274-285. doi:10.1542/pir.36-7-274
Administração da terapia de reidratação oral
Na desidratação leve, geralmente administram-se 50 mL/kg por 4 horas e na desidratação moderada, 100 mL/kg. Para cada evacuação diarreica, adicionam-se 10 mL/kg (até 240 mL). Após 4 horas, o paciente é reavaliado. Se os sinais de desidratação persistirem, repete-se o mesmo volume.
Em geral, vômitos não devem interromper a terapia de reidratação oral (a menos que haja obstrução intestinal ou outra contraindicação à ingestão oral de líquidos) porque os vômitos normalmente diminuem com o tempo. São utilizadas doses pequenas e frequentes, começando com 5 mL a cada 5 minutos e aumentado gradualmente se bem toleradas. O volume calculado necessário ao longo de um período de 4 horas pode ser dividido em 4 quotas separadas. Essas 4 quotas podem então ser divididas em 12 quotas menores e administradas a cada 5 minutos ao longo de uma hora com uma seringa se necessário.
Uma vez reposto o déficit, deve-se continuar com uma solução de reidratação oral e as crianças devem começar a ingerir uma dieta apropriada para a idade assim que pararem de vomitar. Os lactentes podem retomar a amamentação (aleitamento parental) ou a fórmula (1).
Referência sobre administração
1. Gregorio GV, Dans LF, Silvestre MA. Early versus Delayed Refeeding for Children with Acute Diarrhoea. Cochrane Database Syst Rev. 2011;2011(7):CD007296. Published 2011 Jul 6. doi:10.1002/14651858.CD007296.pub2